sexta-feira, 29 de maio de 2020

James Hunt
























Festas.

Mulheres.

Álcool.

Cigarro.

Aquele que vomitava de tensão antes de cada Grande Prêmio.

São essas coisas que passam na cabeça das pessoas ao se falar sobre James Hunt.

Mas não foi isso?

Foi.

Mas houve a sorte também.

Sorte de escapar de diversos acidentes.

Até em um lago ele caiu durante uma prova da Fórmula Ford.

Saiu facilmente do carro.

O cinto de segurança não era sua prioridade.

Mais?

Sorte de encontrar um Mecenas das Pistas.

Lord Hesketh era exatamente isso.

Mesmo que os resultados demorassem a aparecer.

A aventura iniciada na tediosa F2 logo chegaria à Fórmula 1.

E o improvável aconteceu.

1975.

Em Zandvoort, Hunt terminou em primeiro com o carro branco.

Porém a fonte de dinheiro secou.

E Hunt parecia que estava sem futuro.

Mas a sorte cuidaria de tudo.

Não abandonaria assim o piloto inglês.

Para espanto de todos Emerson Fittipaldi deixou a McLaren para seguir sua
própria sorte.

Sorte?

Eu não disse que ela estava ao lado de Hunt?

O piloto festeiro passou então a ocupar o cockpit vago na equipe de Teddy Mayer.

1976.

O duelo entre Ferrari e McLaren prometia.

Mas Niki Lauda estava impossível.

Nas nove primeiras etapas foram 5 vitórias, 2 segundos lugares e 1 terceiro.

Hunt precisaria de muita sorte para ser campeão.

Isso.

Sorte.

Em Nurburgring, Lauda sofreu o terrível acidente.

Hunt venceu.

E repetiu a dose na Holanda, no Canadá e nos Estados Unidos.

Lauda retornou do mundo dos desenganados.

No Japão, palco da última etapa, apenas 3 pontos separavam os dois pilotos.

A sorte fez chover.

Muito.

Lauda abandonou.

Tudo ainda estava fresco.

Recente demais.

O acidente na Alemanha havia mudado sua vida.

Ninguém enxergava nada no circuito de Fuji.

Hunt estava mais nervoso do que nunca.

Ainda mais que a sorte decidiu mostrar que ela estava no comando.

Faltando dez voltas o pneu da McLaren furou.

Ao sair dos boxes o inglês estava na nona colocação.

Sem ver direito ele ultrapassou todas as manchas na pista.

A corrida terminou.

James Hunt se tornou o novo campeão mundial.

Ele não saudou a sorte.

Mesmo assim ela ainda insistiu.

E ainda lhe deu de presente três vitórias no ano seguinte.

Porém nessa mesma temporada Hunt decidiu abandonar tudo.

A sorte continuou na Fórmula 1.

Decidindo destinos.

Observando de longe James Hunt.

Um de seus escolhidos.

Em 14 de junho de 1993 ela resolveu visitar o ex-piloto em sua casa.

Uma última vez.

Apenas para dizer adeus.

14 comentários:

E.Martins disse...

Belo post como sempre!

walter disse...

O Hunt tem de ser o protagonista do Rush, porque trapava, bebia, beijava as pitbabes na boca.
Nada de mal: confessa até uma boa inveja.
Mas não era fera no volante. Campeão por sorte, muita sorte, saiu do carro, no Japão/1976, achando que havia perdido. Mas entrava para a história como herdeiro do título que Lauda não quis vencer.
Lauda é o cara. Hunt é um coadjuvante genial.

Secastro disse...

Corradi,

Meus parabéns, texto sensacional. Me fez lembrar Hunt com mais respeito - eu sempre achei ele devendo na McLaren - mas no fundo ele estava certo, a vida é para ser muito bem vivida, e não sofrida, como fizeram alguns pilotos.

politicamente_incorreto disse...

Dizem as más línguas que o mecenato do nobre Sir Alexander Hesketh ia laém do amor por carros e pista.a verdadeira paixão do lorde balofo era o James Schunt mesmo, se era verdade ou mentira não sei, mas para a porraloquice dele tanto fazia que fosse a miss universo ou o traveco da esquina.
Realmente - daí o apelido pouco elogioso dado pelos seus compatriotas- o maior destruidor de carros nas categorias de acesso a f-1 sempre viveu de superlativos, relativo mesmo só a sua morte, pois morreu relativamente jovem pela nossa contagem cronológica, mas se exsitisse um "Farrômetro" para mediar a sua idade provavelmente o equipamento mostraria uns 500 anos de idade.....

Rubem Rodriguez Gonzalez

Anônimo disse...

Segundo já li (não me lembro onde!), James Hunt não era um dos bons pilotos nas categorias de base. Longe disso! Talvez arrojado, veloz... mas não dos melhores...

Teria sido Uma 'tese' de Lord Hesketh - imagino que mais ou menos compartilhada por Frank Williams - que elevou Hunt ao Olimpo da F1.

A idéia era que um carro bom, não necessariamente o melhor, com uma boa equipe de mecânicos e engenheiros como suporte e um orçamento decente, mesmo em uma equipe particular, poderia ser entregue nas mãos de um piloto mediano que ainda assim os resultados poderiam ser bons.

Em outras palavras, o piloto seria um detalhe menor no esquema todo... Por alguma razão o pilto escolhido foi James Hunt - parceiro de 'baladas' de Lord Hesketh?

Se não me engano, era algo assim... mas posso estar enganado...

O histórico de James Hunt nas pistas, antes da F1, é bem fraco...
No entanto, ele surpreendeu na F1 andando melhor que na base.


Curiosa é a "Corrida pelo Título", em 1976.

Durante a primeira metade daquela temporada, só deu Lauda.
Sua diferença de pontos para Hunt era muito grande. Em média, um pouco mais que o dobro de pontos, chegando a ter, em determinado momento, o quádruplo de pontos...

O mais intrigante é que durante quase todo o campeonato, Hunt estava na segunda colocação geral! E Lauda só não esteve na primeira colocação geral ao final do campeonato...

Abaixo uma tabela com a comparação da evolução dos 2, na temporada de 1976...

piloto | N.Lauda | J..Hunt |

Etapas | Cl / Pt | Cl / Pt | prop
---------------------------------
Brasil | 1o / 09 | -- / -- |
Af.Sul | 1o / 18 | 2o / 06 | =3:1
LBeach | 1o / 24 | 5o / 06 | =4:1
Espanh | 1o / 30 | 2o / 15 | =2:1
Belgic | 1o / 39 | 2o / 15 | >5:2
Monaco | 1o / 48 | 2o / 15 | >3:1
Suecia | 1o / 52 | 4o / 17 | >3:1
França | 1o / 52 | 2o / 26 | =2:1
Grã-Br | 1o / 61 | 3o / 26 | <5:2
Aleman | 1o / 61 | 3o / 35 | *
Austri | 1o / 61 | 2o / 38 | *
Holand | 1o / 61 | 2o / 47 | *
Itália | 1o / 64 | 2o / 47 | <3:2
Canadá | 1o / 64 | 2o / 56 | >1:1
W.Glen | 1o / 68 | 2o / 65 | =1:1
Japão- | 2o / 68 | 1o / 60 | =1:1
---------------------------------

onde:
cl = classificação no campeonato.
pt = pontuação acumulada.
prop = proporção aproximada


Põe sorte nisso!!!!

um abraço,
Renato Breder

Anônimo disse...

Xiiii!!

a tabela ficou "borrada"....

abraço,
Renato Breder

Eugenio Borsatti disse...

Bravo, belíssimo texto.

Anônimo disse...

O Corradi se supera a cada texto!!

Como se isso ainda fosse possível!!

E o é, a prova está bem aqui!!

Zé Maria

PS: E o Hunt nasceu "virado prá lua", estava sem equipe para 76 e então o Rato se bandeou para a Copersucar e deixou o M23 tinindo para o inglês!

Jaime Boueri disse...

Li na época mas não comentei. O faço agora: belíssimo post, Corradi!

Fabrizio Salina disse...

Esse texto eu gostaria de ter escrito.

Anônimo disse...

Que legal que esse blog voltou à ativa!

O título de 76 nunca me desceu. Emerson era disparado um dos melhores piloto do grid, talvez até melhor que o Lauda.

A história da Copersucar é linda, mas ver esse inglês mediano vencer no carro que o Emerson desenvolveu, dói pra carai.

Paulo Moreira disse...

O típico piloto que só ganha o campeonato uma vez.

visitem: https://estrelasf1.blogspot.com/

Patrick Vaz disse...

É preciso que o raio caia duas vezes no mesmo lugar, diz um bom escritor das corridas.

Ituano Voador disse...

Hunt é sempre descrito como um campeão fraco, um piloto mediano e um playboy sortudo. A impressão é essa mesmo, mas me chama a atenção o imenso respeito que Niki Lauda sempre teve por ele, inclusive como adversário nas pistas. De repente o talento dele era bem maior do que o seu estilo de vida fazia parecer.