terça-feira, 6 de setembro de 2011

Insensibilidade
















O dicionário Houaiss, cita definições de insensibilidade como: a indiferença a certos valores
e realidades, ou ainda, a incapacidade de se emocionar.

Olhando hoje a sequência dos fatos do final de semana de 1994 em Ímola, quando o austríaco  
Roland Ratzenberger perdeu sua vida, fico impressionado com a falta de sensibilidade das
pessoas. Imagine que você trabalhe numa empresa e um companheiro seu venha a falecer
durante o expediente. Haveria uma comoção, as pessoas sairiam de suas rotinas para tentar
esclarecer o que ocorreu e também dariam apoio a família do amigo morto. Sem diferença de
classe social. O procedimento é o mesmo. Pode ser um peão de obra que caiu de uma
construção ou um médico que sofreu um ataque cardíaco num hospital. A morte repentina
sempre choca as pessoas.

Nem sempre.

A indiferença dos envolvidos ao prosseguir com a programação em Ímola mostra a
incapacidade do ser humano de se importar com outro. Morreu? E daí? Segue o barco.

Ratzenberger, apesar de ter a mesma idade de Senna, dizia ter nascido dois anos antes.
Competiu na F3 Britânica, Fórmula Ford, Fórmula 3000 e em cinco edições das 24 horas
de Le Mans. Numa delas tendo o brasileiro Maurizio Sandro Sala como companheiro.
Uma história antes de chegar à Fórmula 1. Não era um personagem de contos de fadas,
era uma pessoa real. Com defeitos, qualidades, amigos, família e a vontade de ser um bom
piloto. Tanto que prometeu a sua equipe, a Simtek, no início da temporada, que cuidaria do
carro e tentaria evitar acidentes. Pensava na difícil situação financeira do time.

Ninguém se importou, e da pior forma possível as pessoas descobriram que a insensibilidade,
a indiferença e a incapacidade de se emocionar cobram um preço muito alto.

6 comentários:

Anônimo disse...

O cara mais sensibilizado e chocado com o fato sem dúvida alguma foi o Airton Senna, mal sabia ele que sua vida duraria apenas mais algumas horas. Inclusive foi achada uma bandeira da Áustria no seu cockipt , o Dr Sid Waltkins é testemunha ocular e desse fato, quem viu o documentário recém lançado escutou e viu os depoimentos do médico e amigo.
Então por ironia do destino o que mais sentiu foi exatamente o que teoricamente deveria se importar mesmo pois era a estrela da caravana, esqueçem os idiotas da objetividade que o Schumacher na época era apenas uma promessa que tinha ganho duas corridas em seguida - que depois se descobriu de que forma - e o Airton era o único multicampeão na pista e estrela máxima. Então os deuses da velocidade estavam memso revoltados e sedentos de sangue, pois no mesmo final de semana levaram junto o único que parece ter se sensibilizado com o ocorrido, cogitando até em largar tudo. Impensável para quem era considerado uma pedra de gelo e focado apenas em resultados.

Rubem Rodriguez GOnzalez

Anônimo disse...

Pra mim, a 'pérola' da insensibilidade naquele episódio veio da própria equipe Simtek...

David Brabham, o outro piloto do time, alinhou seu carro para a corrida no dia seguinte... e acabou abandonando o GP após um acidente causado por uma falha no sistema de direção... O que é que a Equipe Simtek fazia lá naquele domingo????

Quanto aos demais, até que ponto o termo COLEGA era (e é) aplicável? Acredito que os termos RIVAL, ADVERSÁRIO e até INIMIGO sejam mais aplicáveis...

lamentável...
Renato Breder

Ricardo Reno disse...

A verdade é que não sabemos quase nada do que acontece na turma do fundão. Hoje creio que nem tanto mas antigamente o que devia ter de carro remendado. Se a própria Willians, como foi divulgado na época, soldou a barra de direção do Senna. Imagine o que não fazia o resto.

Imagino que o Senna deva ter se sentido extremamente só naquele final de semana. Talvez se houvessem outros pilotos de peso no grid, a história pudesse ser diferente, a pressão fosse diferente. Enfim conjecturas somente.

De resto como como diz o piloto francês da Ferrari no filme Grand Prix:"Para se andar a 300 km/h é preciso ter altas doses de falta de imaginação, pois se nos pusermos a imaginar...".

Anônimo disse...

Boa análise Ricardo Reno, o grid naquele momento éra um exército de um homem só, O Senna sozinho pois os outros seus contemporâneos já tinham se afastado das pistas e ele se viu cara a cara com algo inédito, ficou sem chão. Para mim foi o melhor e mais completo piloto junto com o Clark que já pisou uma pista, mas tal e qual o escocês a política não era o seu forte, faltou naquele momento a atitude de um Stewart e de um Fittipaldi , pilotos que além de serem foras de série eram líderes inatos de seus pares no grid, principalmente no que tange a segurança, inclusive o Senna viveu uma década sem acidentes fatais - excesssão do Elio de Angelis em um treino obscuro e longe das cameras - graças em parte ao empenho desses dois pilotos.
Por incrível que pareça nãop foi a acidente fatal do Ratzemberger que para mim foi o que há de pior naquela corrida, foi exatamente a continuação da mesma com safety car depois do aacidente na largada, deveriam recolher os carros e analizar a possibilidade de uma outra largada, isso mudaria tudo.

Rubem Rodriguez Gonzalez

PS. Sempre digo e repito: a única coisa que melhorou significativamente na categoria foi exatamente a segurança, o que não é pouco. mas no resto virou uma bosta.

Francis Henrique Trennepohl disse...

Assino aonde?!?!

Ike Nodari disse...

Talvez se o Senna tivesse chamado para si a responsabilidade e, num ato de liderança, levantasse a possibilidade de não correr, outros pilotos o seguiriam. Mas, agora, são só suposições. Uma coisa parece ser unânime:faltou sensibilidade a todos os envolvidos no evento. Abraços