quinta-feira, 27 de outubro de 2011

A água...


































Houve um tempo em que a Fórmula 1 pertenceu ao Brasil. Uma época que começou muito
tempo atrás com Emerson Fittipaldi. O piloto que todas as equipes queriam para defender
suas cores. Depois veio a dinastia de Nelson Piquet. Um batalhador. Um carregador de piano.
Rápido. Um amante dos circuitos velozes. Por fim a era de Ayrton Senna. O que dividiu a
Fórmula 1 em antes e depois. Aquele que ninguém ousava atrapalhar em suas voltas voadoras
nos últimos minutos dos treinos. Verdadeiras lendas do automobilismo.

Havia respeito.

E lá se vão 17 anos. 20 do último título.

No início esperávamos conquistar mais um campeonato. Um título. Havia a especulação:
"Quem seria o próximo brasileiro a sentar no trono dos magníficos?"

Porém nada aconteceu. E cansados, começamos a contar vitórias. Qualquer uma. Mesmo
aquelas que deveriam ter acontecido.

Mas avisaram pelo rádio. Uma voz veio lá do box dizendo que não podíamos ganhar mais.
Esse direito havia sido retirado. Tínhamos que ceder o lugar. Dar passagem. Uma afronta.

Então perdidos, passamos a admirar o desempenho. Se houve ou não uma boa performance.
Se largou bem. Uma volta rápida aqui e alí. Desde que não atrapalhemos. Precisamos sempre
olhar no retrovisor e ter cuidado. A preferência não é mais nossa. Nem mesmo na entrada dos
boxes. Se precisar seremos lembrados com truculência. Motivo de piadas e chacota.

Não sei onde isso vai parar.

Sei que muitos durante esses 17 anos colecionaram títulos e números impressionantes.
Levando as pessoas a fazerem comparações. Desmerecendo até mesmo a história dos
nossos incomparáveis na Fórmula 1. Mas os que testemunharam, aqueles que viveram
o melhor do nosso automobilismo, sabem que isso não é nada perto do que Fittipaldi,
Piquet e Senna fizeram no asfalto.

Os que verdadeiramente assombraram o mundo.

16 comentários:

Anônimo disse...

ÓTIMO TEXTO.
PARABENS!
BACKES.

Luis H. Lins disse...

Peguei o fim da era Piquet, vi toda a fascinante era Senna e às vezes fico triste por não ter visto Fittipald correr. Na verdade vi os títulos do Emerson na Indy, mas nunca gostei muito de corridas em ovais.

Mas uma coisa é certa, com o tempo nosso automobilismo foi perdendo o respeito e isso começou aqui dentro do Brasil, com autódromos sem condições, sem incentivo, sem programas de formação de jovens pilotos. Uma vergonha.

Parabéns pelo texto e vamos torcer para que num futuro não muito distantante possamos acompanhar dos nossos televisores sentados em nossos sofás com nossos filhos num domingo de manhã possamos ver novamente um brasileiro sentando no topo do mundo!

marcio jose disse...

Na parte "Então perdidos," cai a ficha.

Com a peneira do ufanismo ,só restaram os verdadeiros admiradores do automobilismo.Esses sim não estão perdidos.

Alexandre Bastieri disse...

Excelente texto.... realmente me pergunto, onde fomos parar??? No fundo do posso? Acho que ainda não, mas continuamos escorregando rumo a ele e caminhando a passos largos para nos tornar uma Argentina na F1, só lembranças do passado já um pouco distante.

Marques disse...

Marcelo José, a questão não é ufanismo. É querer que um brasileiro volte a disputar um título. A Alemanha não sente orgulho de Vettel e Schumacher? Por isso são ufanistas?? Todos que visitam o blog gostam de corridas independentemente de um brasileiro ganhar ou não. O que o autor do post quis dizer é que sente falta de um automobilismo brasileiro forte e respeitado. Em nenhum momento foi dito que a falta de brasileiros vencedores diminui a paixão pelas corridas. Se a maioria do povo parou de assistir corridas após a morte do Senna, azar deles.

bruno disse...

Engraçado que o Brasil cansa de exportar pilotos mundo afora, mas quase nenhum tem talento, vontade e o comprometimento que as 3 lendas brasileiras tinham.

Jean Corauci disse...

Tomrá que o Brasil não vire outra frança que tinha vários pilotos bons e depois de Prost não chegou ater outro piloto de destaque e hoje não tem mais nem o Grande Prémio da França.

politicamente_incorreto disse...

O Brasil não fez mais nenhum campeão nos últimos 20 anos e eu pergunto: e daí? o automobilismo nacional não é parâmetro para o aparecimento ou não de pilotos de destaque, o Senna por exemplo nunca correu no Brasil a não ser de Kart e deu no que deu...
Desculpe Corradi, mas temos mania de persiguição e sempre queremos achar culpados para os fracassos que tem muito mais a ver com um momento conjuntural do que propriamente de um processo depuratório.
A Alemanha jamais possuiu um campeão até o Schumacher, em que pese o fortíssimo e organizado automobilismo interno. Idem para França, Itália que vivem de passado mais longuinquo que o Brasileiro, isso produzindo maquinas e propulsores dos sonhos, A itália possui a mítica Ferrari e o seu curriculum no que tange a pilotos se restringe a Alberto Ascari que remonta aos primordios da categoria, A França com seus Renault ficou trocentos anos na fila, fez o Prost e depois disso nada mais. O que podem dizer os críticos desses países?
Não temos mais pilotos campeões porque gênios são poucos realmente estmaos em uma entressafra, o Massa vinha mandando muito bem até ter a sua carreira encerrada por uma molada e um com de alguns dias. Antes disso fez o que 99,9% dos pilotos tenta a vida toda e não consegue que é disputar um título milimetro a milimetro e perde-lo na ultima curva da ultima prova, pode ser pouco para os "exigentes" brasileiros mas imagina como seria laureado um piloto japonês que conseguisse tal façanha, um dos automobilismos mais organizados do mundo que é procurado por muitos para fazerem carreiras jamais produziu um campeão ou um vice....e nem uma vitória ou uma mísera pole..... pensem nisso antes de enterrar em cova rasa e de forma indigente os pilotos brasileiros, vamos parar de fazer coro com um certo jornalista blogueiro que por estar d emal com a vida e por não ter sido ainda aclamado o maior e mais fodástico piloto vivo ou morto de todos os tempos ocupa o seu espaço e desperdiça seu inegável talento em destilar ódio de tudo e de todos, pela sua ótica a grama do vizinho está sempre mais verde e tudo que vem de fora é melhor do que o nosso, ainda apregoa que ser nacionalista e ter amor pelo que é nosso é prova de idiotice e "pachequismo". então eu sou pacheco com muita honra!!!!!!

fernando disse...

a propósito, acaba de sair a lista dos 30 finalistas concorrentes a um lugar no Young Driver Excellence Academy promovido e organizado pelo FIA Institute.
Há 3 latinoamericanos, nenhum deles brasileiro.

interessante notar que , quais sejam os motivos para essa decadência de qualidade, também estão refletindo na própria capacidade de atuação política do Brasil junto à Federation International d'Automobile.

TW disse...

Essa é nossa triste realidade, de quem se acostumou a estar no topo constantemente.

Fico a me perguntar se não foi casualidade termos três dos melhores pilotos de todos os tempos da categoria. E cada vez, tenho mais certeza que a resposta é 'sim'.

uma pena.

Anônimo disse...

Parabéns Corradi, se permitir, faço meu seu ótimo pensamento...com os devidos créditos, claro. Compartilhei no Face, ok? Obrigado e abraços...

Anônimo disse...

Que coincidencia! A safra piorou depois que mutilaram Interlagos.

Antonio disse...

Ops, esqueci de assinar o ultimo post

André A. S. disse...

Além de ÉPICAS fotos, o texto está cada vez melhor.. Show.

Rafael Schelb disse...

Enquanto o automobilismo aqui dentro do Brasil for tratado do jeito que é, com uma confederação que só quer saber de encher os cofres e não faz nada em prol do esporte, enquanto não se voltar a investir na base e não se der condições aos jovens pilotos de desenvolverem seu talento, a coisa só tende a ir daí pra baixo, e daqui a pouco, os brasileiros não vão ser nem mesmo motivo de chacota, porque nem lembrados vão ser mais.

Infelizmente as cabeças que comandam o nosso automobilismo não souberam, ou não quiseram aproveitar o belíssimo legado deixado pelo Emerson, pelo Piquet e pelo Senna...

Anônimo disse...

Isso aí Corradi!

Olha o Barrichello aqui!

http://grandepremio.ig.com.br/formula1/2011/10/28/barrichello+cobra+definicao+da+williams+sobre+2012+nao+sou+menino+10526503.html

Sem comentários!!!

Mauro Santana

Curitiba-PR