segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Prioridades






















Impossível deixar de falar de Dan Wheldon. Poderia citar suas conquistas ou sua rivalidade,
no início da carreira, com Jenson Button. Porém acho que sua perda tem muito mais significado.
É consequência da cultura automobilística americana.

Gosto da Indy. Gosto muito. O equilíbrio entre as equipes, os circuitos ovais que remetem ao
passado e a bonita história dos pilotos brasileiros na categoria. Tudo isso me faz ter simpatia
pela categoria norte americana.

No entanto as prioridades estão erradas. Os americanos dão importância demais ao espetáculo
e colocam a segurança muitas vezes em segundo lugar. É impressionante que não aconteçam
acidentes mais graves em todas as provas. A Indy chega a lembrar a Fórmula 1 dos anos 60
e 70. Acidentes espetaculares em circuitos sem o mínimo de segurança. Aquela loucura.
Também lembra as primeiras décadas da história do automobilismo. As provas em Montlhery, Brooklands, Avus e os autódromos de madeira da década de 20.

Isso é o que vem a minha mente ao assistir as corridas da Indy.

Existem muitas críticas aos circuitos mais novos da Fórmula 1 que foram  projetados por  
Hermman Tilke. São insípidos e sem emoção. Porém não há como negar que, tirando um
erro aqui e alí, são bem mais seguros. De que adianta uma pista "emocionante" se ela arriscar
as vidas de Sebastian Vettel, Lewis Hamilton ou Fernando Alonso?

Há uma comoção com a morte de Wheldon hoje. Mas tenho a impressão que pouco ou nada
mudará na Terra dos Ianques. Os acidentes fazem parte do show das provas americanas. E o
show não pode parar.

3 comentários:

politicamente_incorreto disse...

Honestamente acho ovais uma imbecilidade, parece autorama. O risco alí é eminente e os acidentes fatais até que são em numero reduzido nessa irracionalidade que se chamam ovais.
Mas fazer o quê? americano adoooora essa bosta e os acidentes hão de existir sempre e com um grau de severidade grave, pois o limite de proteção que se pode dar a um piloto dentro dessa casca de ovo que é um monoposto já está no seu limite. é uma questão de física e as leis da física não foram feitas por políticos para serem negociadas ou barganhadas.

Mas a irracionalidade americana de transformar um ótimo evento numa bosta porque ao invés de colocar os carros em um circuito de verdade os coloca em um oval aonde o cara só acelera, acelera e vai a 5G nas curvas , todas para o mesmo lado e aquela sensação de tédio horrível que só uma corrida em oval pode proporcionar e que não vai terminar nunca. esse rollerball automotivo faz parte da cultura(?) americana, que tal qual o Narciso não conhece nada que não seja espelho, traduzindo: só o que ocorre em solo americano é o que interessa e o resto do mundo é isso mesmo: o resto.
Só discordo do Corradi no que tange a "segurança" proporcionada por um dos algozes da F-1 de verdade que é esse pulha do Hermann Tilke, assassino de autódromos e ideólogo e projetista de verdadeiras bostas de asfalto.

Para finalizar, sinto muito a morte do Wheldon. A morte de qualquer jovem deve ser lastimada e no seu caso ainda deixou dois filhos que jamais vão lembrar dele pois são ainda bebês. Mas tenho uma relação meio fria com mortes em acidentes automobilisticos, fazem parte do risco assumido e é parte inerente da profissão que abraçaram. e o melhor é que abraçaram essa profissão não por necessidade ou falta de opção, diferentemente de nós simples mortais que muitas vezes nos expomos a riscos e não raro a morte em funções ou profissões exercidas em locais extremamente perigosas por falta de opção, é aquilo ou o desemprego na luta pela subsistência. bem diferente de pilotos, alpinistas, iatistas e outros . Não sou sádico, só me consolo que ao menos morreu fazendo aquilo que gostava, se não traz ninguém de volta fica pelo menos o alento e um certo conforto para os que ficaram, vá com deus Dan Wheldon.

Rubem Rodriguez Gonzalez

TW disse...

Humberto,

os americanos adoram isso. Não tem como mudar, infelizmente. As centenas de voltas num circuito oval com inúmeros carros parece ser justamente com esse intuito.

Corridas que não ameacem a vida dos pilotos e não tragam acidentes não são interessantes para o público estadunidense. Por isso, a F1 não tem grande visibilidade por lá. Creio que nem com a pista em Austin, será diferente.

abs

Lucas Radaelli disse...

Eu já vejo o risco de morte como algo essencial ao automobilismo. É o que separa homens de meninos, e a sua falta é talvez o que torna a F1 atual tão chata. Os pilotos ganham muito dinheiro para estarem ali e certamente estão cientes dos riscos a que se submetem. De qualquer forma, meus pesares por Wheldon.