quinta-feira, 16 de abril de 2020

Fordlândia































O ciclo da borracha na Amazônia trouxe riquezas para a região.

Na virada do Século XIX para o Século XX cidades como Belém e Manaus figuravam
entre as mais prósperas do mundo.

A matéria-prima da borracha, o látex, era monopolizado pelo Brasil.

Tudo isso acabou quando um cidadão inglês surrupiou mudas de seringueira.

Com isso os Britânicos passaram a cultivar a planta em suas colônias asiáticas.

Biopirataria.

O mercado passou a ser controlado pela Inglaterra.

Os preços dispararam.

Causando estragos.

Um dos atingidos foi o americano Henry Ford.

Ford precisava resolver o problema que aumentava os custos de fabricação dos pneus de
seus carros.

Assim ele teve uma ideia.

Fundar um núcleo produtor de borracha em plena Floresta Amazônica.

Aparadas as arestas com o governo brasileiro, Ford inicia sua aventura.

Numa região inóspita o industrial americano precisava criar condições para que seu plano
desse certo.

Daí surge a Fordlândia.

Em 1927 Ford manda dois navios para o Brasil com peças para a montagem de uma cidade
pré-fabricada.

Uma cidade mesmo.

Com uma usina de força, fábricas, casas, hospitais e escolas.

Portos, estações de rádio, centros de pesquisa e estações de tratamento de água.

Tudo.

Cada pedaço vindo direto de Detroit.

Contruída às margens do Rio Tapajós.

As fotos estão aí em cima.

Uma coisa inacreditável.

Foram plantadas inicialmente 1.900.000 seringueiras.

Porém tudo deu errado.

As plantações sofreram com o ataque de pragas.

O modo de produção entrou em conflito com a mão-de-obra local.

Os caboclos não estavam acostumados com crachás, sapatos e comida enlatada.

Tentando salvar o investimento, Ford tentou utilizar terras mais ao norte em Belterra.

Construiu toda a estrutura lá também.

Tinha até cinema.

Esperando condições melhores plantou 3.200.000 mudas na cidade paraense.

Veio gente do Brasil todo trabalhar na nova fronteira.

Durante dois anos, entre 1938 e 1940, Belterra virou capital mundial da borracha.

E foi só.

Até surgimento da tecnologia de produção da borracha sintética a partir do petróleo.

Era o fim do sonho de Ford.

Cheio de prejuízos, o projeto foi encerrado com um acordo.

O governo brasileiro quitou todas as obrigações trabalhistas.

E ficou com todas as benfeitorias.

Indenizando a empresa.

Quanto?

250 mil dólares.

Está tudo lá abandonado pra quem quiser ver.

As fotos abaixo mostram isso.

Uma história bem doida.

Fordlândia se transformou numa cidade fantasma.


11 comentários:

Italo Drago disse...

Corradi, trabalho com meus alunos de 6a série sobre o Ciclo da Borracha e confesso que não tinha visto essas fotos de como era a Fordilândia na época de sua instalação. Gostei muito e vou me "adonar" das fotos para apresenta-las a eles quando eu for trabalhar o assunto este ano hehehehe
Abraço

Fabiani C Gargioni #27 disse...

Êita Brasil véio sempre complicado, e para variar tem uma tal de Inglaterra no meio!!!

TW disse...

Corradi,

ótimo post. Apesar de ser no meu estado, nunca visitei o local citado (se situa no lado oposto do estado), mas representa um importante marco da história brasileira e regional, como você bem destacou e pelo que lembro das aulas de história.

Ah, o ciclo da borracha! Deixou belas marcas em Belém e creio que em Manaus também, afinal não conheço esta cidade.

abs

Rodrigo Keke disse...

Humberto, já conhecia essa história e inclusive já tinha visto algumas das fotos que tu postou aqui, pois tenho uma edição da extinta revista Terra (muito boa por sinal) de 1994 - esqueci o mês, que traz uma reportagem muito legal sobre a Fordlândia. Sabia que ainda existem funcionários lá? Seguranças, enfermeiros... pagos pelo governo do Pará. Bom, existiam em 1994, mas como naquela época aquilo já era uma cidade fantasma não me surpreenderia se ainda tivesse gente trabalhando hoje. Já que todo aquele espólio pertente ao estado, creio que tá tudo do mesmo jeito.

Secastro disse...

Agora tem Eike Batista tentando fazer algo parecido no superporto do Açu, no Rio. O projeto inclui comprar terras para construir uma cidade, e diversas fábricas e usinas de energia para o local. Vamos ver no que dá.

Anônimo disse...

Se tivesse radiação, era uma outra Chernobyl: abandonada e fastasmagórica.

Carlos Henrique

Anônimo disse...

Curioso...

Fordlândia, Belterra e um bom tempo depois... Detroit... tá bom, em muito menor escala, mas está se "afantasmagorificando" (neologismo meu!!) também...

Interessante... com a cana-de-açúcar, não aconteceu algo semelhante, mas em sentido contrário: as mudas foram trazidas de outro local para o Brasil?

Automobilismo...
História...
História de Automobilismo..

Como diriam os gaúchos, TRI-bom!!!

um abraço,
Renato Breder

Rubem Rodriguez Gonzalez Filho disse...

Bem interresante mesmo e no final Ford se ferrou ficou com dividas e so voltou ao brasil com kubitschek quando henry ford ja estava morto,enfim uma grande historias,grandes imagens e uma grande historia,um abraço

politicamente_incorreto disse...

Corradi, no ciclo da borracha não perdemos a hegemonia apenas para os ladrões de mudas. Afinal isso era esperado, não existe reserva eterna de mercado algum. ainda mais de um produto proveniente do extrativismo.
O que ferrou a industria seringueira nacional foi o mal que atinge até hoje a elite empresarial brasileira: Opulência desmedida e ganãncia desenfreada dos produtores, zero de investimento em tecnologia, controle de pragas e uma visão de apenas retirar o máximo da natureza até que ela se esgote.

Claro que não eram páreo para a aplicação britânica e capacidade laborativa do povo asiático, sem desmerecer ninguém, mas não dá para comparar a capacidade de trabalho de um malaio para um caboclo que jamais recebeu educação formal ou quiçá estrutura social e que sabia apenas tirar da natureza o seu sustento.

Acho honestamente que o que enterrou de vez o projeto de Ford foi a borracha sintética, pois grandes conglomerados chefiados por cabeçudos como Henry Ford não iria se render a alguns contratempos mesmo que tenham sido de grande monta. Tesoura sempre vence papel....

Rubem Rodriguez Gonzalez

Fernando disse...

Belo Post.... Mostra como o americano acha que pode dominar as coisas com seu "jeitinho" ehehehehh Abraçosss

André Candreva disse...

Corradi,

mais um excelente post... essa história da Fordlandia eu já conhecia mas essas fotos não... sensacionais...

um grande abraço...