sexta-feira, 28 de maio de 2021

Motores, Campeões e Desejos

















Outro dia comecei a pesquisar alguns números da Fórmula 1.

Mais especificamente sobre os campeões e motores.

Dividi a coisa por períodos para poder realizar uma comparação.

Fiz assim.

Separei três blocos de 20 anos.

De 1961 até 1981.

De 1981 até 2001.

E de 2001 até 2021.

Vem comigo.

O Primeiro Bloco (1961-1981) é uma selvageria.

São 15 (quinze!) campeões diferentes.

Lá estão Jim Clark, Emerson Fittipaldi, Lauda, Hunt, Stewart, etc.

Até Nelson Piquet.

Foram 5 modelos de motores vencedores.

Ferrari, Repco, Climax, BRM e Ford

No Segundo Bloco (1981-2001) temos um número um pouco menor de pilotos que alcançaram o título.

São 11 os que chegaram ao topo.

Ali encontramos Prost, Senna, Mansell, Hill, Schumacher, Hakkinen, etc.

Interessante que aqui aparecem mais motores vencedores do que no primeiro período.

Foram sete diferentes os que empurraram os campeões.

BMW, Renault, Mercedes, Honda, Ferrari, TAG- Porsche e Ford.

No Terceiro Bloco (2001-2021) tudo fica mais restrito.

Tanto a variedade dos pilotos campeões como o dos motores.

Foram sete campeões nesta época.

Schumacher, Alonso, Raikkonen, Hamilton, Button, Vettel e Rosberg.

Com apenas três marcas de motores brilhando.

Ferrari, Renault e Mercedes.

Apontando uma tendência.

Está mais difícil ser campeão.

E quase impossível se o piloto não estiver ligado a uma Equipe de Fábrica.

Uma coisa que acontecia no passado e que hoje não temos mais é uma fabricante de motores que possui uma unidade de qualidade, vende o produto para várias equipes e não possui um time próprio.

O exemplo mais gritante é a Ford.

A marca americana foi campeã com sete (!) equipes diferentes.

Todas clientes.

Lotus, Matra, Tyrrell, McLaren, Williams, Brabham e Benetton.

De 1969 até 1994 a Ford trouxe pluralidade e oportunidade para as pistas.

Foram 13 títulos de pilotos e 10 de construtores.

Lógico.

Sei que sempre haverá desequilíbrio.

Equipes grandes e mais estruturadas contra outras que contam os centavos.

Mas era mais pândego o negócio.

Nostalgia?

Pode ser.

Mas eu queria ver a McLaren vencendo algumas.

A Williams sendo temida pelas pole-positions.

A Aston Martin dando calor na Mercedes.

Verstappen brigando lado a lado com Ricciardo.

Norris sendo perseguido por Hamilton.

E Giovinazzi vencendo ao ultrapassar Stroll na última volta.

Se não for pedir muito, claro.

11 comentários:

Tuta disse...

Foco no miolão! Ali estão acontecendo os perrengues!

Lucas disse...

Corradi, vendo essa divisão por motores campeões, algo que me impressiona é o seguinte: exceto Fangio, com 3 ou mais títulos, apenas 3 pilotos campeões com motores diferentes.

Piquet: Ford, BMW e Honda.
Prost: TAG-Porsche, Honda, Renault.
Schumacher: Ford, Renault, Ferrari. Este último demorando longos 5 temporadas pra aperfeiçoar e depois emendando mais 5 em sequência. 2006 foi nos detalhes, aquela corrida do Japão até hoje arrepia.

Senna: 3 com Honda.
Hakkinen: 2 com Mercedes.
Hamilton: 7 (8???) com Mercedes.
Vettel: 4 com Renault.

Uma análise que a meu ver é falha quando se leva em conta os melhores de todos os tempos, algo que acho ridículo, é este aspecto de campeões com motores diferentes. É outro estilo de pilotagem, de freada, de retomada, de tudo, exigindo mais adaptação e capacidade dos pilotos.

Enalteço o Vettel por se arriscar emular o Schumacher na Ferrari e agora remando com a Aston Martin. Por outro lado, olho de soslaio pro Hamilton ter se acomodado com a Mercedes. Acho que deveria ter se posto à prova na Ferrari em algum momento.
Abraço.

Unknown disse...

Parabéns Corradi, pelo texto ! imagino o trabalho que dá, pensar em um tema, pesquisar, organizar e escrever.
Uma das maiores decepções que tenho da F-1 atual é ver uma fabricante de latinha, enveredar na construção de motor próprio, ao invés da McLaren e Williams (ou ex-Williams).
Tendo também, a ser saudosista, vendo o circo deste ângulo. Ver a Ford, fora das pistas, McLaren hipotecando a fábrica.
Porém, com a revolução que estamos vivendo, a inteligência nos dá rumo ao futuro. É preciso muito
mais cérebro, para enfrentar as adversidades. Material humano com essa capacidade está caro. Talvez, esteja aí a resposta para nosso desejo de ver equipes medianas avançando para patamares mais altos.
Ficaremos atentos, a novos contornos !

Grande abraço à todos.
Bruno

Humberto Corradi disse...

Hamilton sempre foi um piloto Mercedes. Mesmo na McLaren.
Não acho que havia chance dele mudar, ainda mais com um carro quase sempre 1 seg. mais rápido.

Valeu

Humberto Corradi disse...

Pior para mim é colocar título no post!

Valeu

Lucas Orly disse...

Uma coisa que faz falta na F1 é ter a falta de confiabilidade decidindo corridas. Você ter um foguete que pode chegar até o fim, ou não

Os cortes de custos aumentaram o abismo nesse quesito, muito difícil um líder cair por problemas mecânicos, salvo situações bizarras

Anônimo disse...

puxa Corradi.. voce mostrando esses seus 3 bloquinhos me fez sentir velhinho ... vi pouco mais de 2/3 dessa linha de tempo ... kkkkk

LAGERBEER

Paulo Moreira disse...

É urgente a FIA ou a Liberty fazerem alguma coisa para cativar mais construtores a entrar na F1.
Hoje temos apenas 10 equipas e 4! marcas de motores. É pouquíssimo para a disciplina máxima do desporto automóvel.

Abraço

visitem: https://estrelasf1.blogspot.com/

Anônimo disse...

Uma "ajudinha" nos números... Zerésimo Bloco (1950-1960)

5 campeões: Farina, Fangio, Ascari, Hawthorn, Brabham
6 Motores: Alfa Romeo, Ferrari*, Maserati, Mercedes, Lancia*, Climax

Em termos de variedade, fica entre o Segundo e Terceiro blocos...


* Os Mundiais de 1952 e 1953 foram disputados com o regulamento da Formula 2! Assim, a rigor, Ascari foi bicampeão do Mundial da FIA a bordo de uma Ferrari F2... Em 1955 a Ferrari "herdou" todo o projeto D50 da Lancia. Já no final daquele ano, pilotos Ferrari usaram o Lancia D50 no GP da Itália... nos treinos livres e não largaram por problemas com os pneus Englebert da Scuderia Ferrari (o Lancia D50 foi projetado para os pneus Pirelli). Em 1956 a Ferrari disputou o Mundial com um Lancia-Ferrari... alguma "guaribada" foi dada e o carro era o bom D50 modificado, mas o motor era EXATAMENTE o DS50 da Lancia!


um abraço,
Renato Breder

Humberto Corradi disse...

O Breder faz as partes perigosas e difíceis dos posts.
E sempre acrescenta conhecimento.

Valeu

Anônimo disse...

Belo texto, comentários de quem entende e gosta.
Curioso com a foto de abertura, não pelo mecânico da Surtees estar pitando, normal.
Mas por notar que os 2 carros, provavelmente TS10 da temporada de 72, onde Hailwood foi campeão europeu, estarem equipados com aerofólios diferentes, esse à frente de lâmina única, inscrição Argentine Meat, quem seria o portenho, talvez Ruesch, o do fundo com lâmina dupla.
Zé Maria