sexta-feira, 10 de janeiro de 2014
Projeto Verão 2 - Quinto Dia
O Rui precisa escrever um livro.
Seu repertório de histórias não acaba.
Boas histórias.
Seu Blog é um baú de tesouros pra quem ama o automobilismo brasileiro.
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Principalmente quando o assunto é Interlagos.
Sabe muito!
E escreve fácil.
Com prazer.
As corridas e seus contos nos tornaram amigos.
Não podia faltar no Projeto Verão 2014.
A palavra está com Rui Amaral Jr.
Medo e Superação
Por Rui Amaral Jr.
Pois bem...
O Corradi havia me pedido para que escrevesse sobre nossos templos Tarumã
e Jacarepaguá mas minha experiência nelas é tão pouca que caso algum dia ele
queira peço aos meus amigos Arturo Fernandes e Junior Lara que contem os
segredos delas, já que ambos lá venceram e nelas travaram grandes duelos,
dignos de dois grandes pilotos, e eles o foram!
Hoje assistindo o filme Rush me veio a vontade de falar sobre um assunto mais
delicado, o medo e superação.
Certa vez escrevi a palavra medo em um texto e logo veio alguém me dizendo que
achava impossível que alguém que sente em um carro de corridas o tenha, pois ele
existe e é real, tá certo que alguém que se proponha à correr de automóveis talvez
tenha um parafuso a menos, ao menos os que se propõe a buscar os limites e andar
de forma competitiva tenham mesmo!
Lembro como se fosse hoje das Mil Milhas Brasileiras de 1984, ia correr pela
SALECAR dos irmãos Levorin, de meus amigos Arno e Marcos e meu parceiro
seria o Fabio Levorin filho do Marcos, o VW D3 era meu e o havia entregado à
eles deixando de lado meu privilégio de dono e obedecendo suas decisões quanto
à tudo.
Nos treinos, e foram muitos, o Fabinho e eu entramos numa competição particular para
ver quem andava mais forte e sendo 10 anos mais velho que ele um dia chamei-o de lado
e disse que daquela forma não íamos nem largar já que uma panca feia se pronunciava!
Depois os dois queríamos largar, não discutimos mas a vontade de largar era grande,
quando veio a ordem da chefia que eu largaria.
Pois bem quase meia noite, hora da largada, chovia canivetes e vem o Fabinho, me
abraça e diz que eles tinham feito o certo e que realmente era melhor que eu largasse
mesmo, não era medo apenas...
Pois bem depois de procrastinar e divagar quero falar de uma grande decisão de um
grande piloto...
Não sobre o Campeonato Mundial de Formula Um de 1976 e sua decisão mas sim
da volta de Niki Lauda às pistas depois do acidente de Nurburgring, no GP da Itália
em Monza.
Em crise a Ferrari não corre em Zeltweg e em Zandvoort leva apenas o carro de Clay
Regazzoni que chega em segundo lugar e para correr em Monza, sua casa, a Ferrari
contrata Carlos Reutmann que desiludido com a Brabham BT45 resolve assinar com a
Casa de Maranelo, mas surpresa geral, Niki apenas 42 dias depois de seu acidente
chega para reivindicar seu lugar de direito ao comando da Ferrari #1, que apenas
carregava este numeral graças à toda sua capacidade.
Lembro como se fosse hoje todo o furor que causou sua aparição!
Nos treinos faz um belo 5º lugar no grid, e faz uma grande corrida, certo que com problemas
no inicio e aproveitando algumas quebras chega num belo quarto lugar entrando novamente
na luta pelo campeonato e superando a tragédia de forma brilhante.
O resto é história...
PS: Algum tempo após as MM de 1984 meu amigo Fabinho Levorin, deu uma séria panca
em Interlagos pilotando um Stock Car, saindo do Box desceu o Retão e bateu na Três sem
frear à cerca de 200 km/h, tal qual Niki se recuperou apesar de algumas seqüelas e com a
Graça de Deus continua firme e forte.
Postado por
Humberto Corradi
às
00:00
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12 comentários:
Obrigado pelas palavras Humberto, é uma honra estar ao seu lado e de tantos amigos.
Corri pois amo o esporte e escrevo, mal é verdade, pois a paixão nunca deixou de existir, e conto com muitos outros apaixonados que ao meu lado não deixam a história morrer.
Um abraço.
O Rui sabe das coisas.
Manda ver. Ruizão!!
Caranguejo
Que Texto!!
Penso que os pilotos não são desse planeta...
Cara, assisti ao Rush...
Gostei muito do filme porem a historia fica um pouco mal contada, como se Hunt fosse um piloto melhor que Lauda por ter "talento natural"...
Na minha modesta opiniao, Hunt nao foi tudo isso, era bom piloto, mas nao mais que isso, nao da pra comparar ele com so grandes daquela epoca, Emmo, Lauda, Stewart, Pettersson, Andretti, Scheckter... pra mim ele so venceu aquele titulo por quatro fatores...
1o. - Emmo preparou e desenvolveu aquele McLaren M23 ate o inicio de 1976, fato inegavel, ou seja, sentou na maquina ja pronta...
2o. - Deu uma "sorte" danada pelo Niki Lauda ter sofrido aquele acidente, permitindo a ele tirar a desvantagem no campeonato de 33 pontos, pois Lauda no GP da Alemanha acumulava 60 pontos, contra 27 pontos de Hunt...
3o. - Outra sorte foi o cancelamento da desclassificacao do GP da Espanha...
4o. - E por fim a desistencia de Niki Lauda de disputar o GP do Japao sob aquela chuva torrencial...
Sei que o se nao joga... mas a verdade que entre Lauda e Hunt, nao havia a possibilidade de existir a rivalidade demonstrada no filme, apesar de ser excelente o filme, mas Lauda era infinitamente superior a Hunt...
Nao se voces concordam comigo... mas Hunt... era coisa pra ingles ver... a realidade era outra... o buraco, bem mais embaixo...
Show, e qual o endereço do blog?
Abraço!
Mauro Santana
Curitiba-PR
O retorno de Lauda em Monza foi um dos maiores momentos da história da F1.
Não pelo resultado, mas por ter superado a dor e o medo tão rapidamente.
Parabéns ao Rui.
Emerson Fernando
Fórmula Retrô
Rui é um mestre.
Grande ALICATÃO-MESTRE, show de roda o texto!
Abraço
Obrigado à cada um de vcs, alguns são suspeitos em seus comentários pois são amigos de uma vida.
David, Emerson, Vander e Mauro a respeito do JP do Japão de 76 escrevi um texto "Atitude corajosa" segue parte dele...
"A largada é dada às 3 horas e Hunt dispara na ponta enquanto Lauda entra nos boxes e diz “É um crime correr desse jeito, e eu não vou fazer isso” e abandona dando o titulo de mão beijada a Hunt.
Vendo tudo que está acontecendo em nosso automobilismo penso quantos pilotos teriam a coragem de tomar essa atitude. Muitos dirão “ele era Campeão do Mundo”. Nada disso ele foi é corajoso, muitos de nós naquela situação inventariam uma quebra, uma saída de pista em um lugar qualquer, para depois se desculparem do erro. Ele não, desceu do carro e falou a verdade coisa que falta a muitos pilotos hoje em dia em várias situações.
Quanto aos dirigentes, “ora dirigente é dirigente” poucos deles já puseram suas preciosas bundas em um carro numa situação dessas para poderem avaliar com isenção como é difícil pilotar nessa situação."
Obrigado novamente do coração à cada um e ao Humberto, abraços.
Sou fã de Lauda, por sua coragem e obstinação.
Grande Rui, sempre com Grandes HIstórias!!!
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