segunda-feira, 12 de julho de 2021

Receita















Começo com uma pergunta.

O que faz uma escuderia da Fórmula 1 ser campeã?

Alguns podem apontar que um bom piloto é fundamental.

Outros citariam que ter um motor superior é a chave.

Talvez a sorte.

Ou um projetista com capacidade acima dos demais.

Então.

Existe uma receita?

Arrisco a ousadia de dizer que sim.

Acho que há uma receita principalmente se olharmos os últimos 20 anos da categoria máxima do automobilismo.

Vou falar.

Anotem.

Dinheiro, Continuidade e Tempo.

Simples, não?

Não.

Vem comigo.

Primeiro vamos falar do Dinheiro.

E da sua importância.

Sentado?

Para alcançar seu primeiro título em 2014, desde 2010 a Mercedes colocou algo bem próximo de 5 bilhões de reais na sua equipe.

Do início de sua aventura na Fórmula 1 até o primeiro campeonato de Sebastian Vettel, a Red Bull derramou 6 bilhões de reais.

Um bilhão por temporada!

Ah, sim

A Mercedes não parou.

Para continuar dominante, o time de Toto Wolff continuou com investimentos altíssimos até 2020. 

De início (2015-20) a ideia era de alocar mais 6 bilhões de reais.

Mas os avanços da Ferrari em 2017/18 aumentaram um pouco essa conta com alguns enxertos emergenciais da Daimler.

Você pode questionar.

"Mas a Brawn chegou e ganhou em 2009, não?"

Sim.

Porém a conquista veio após a Honda inserir 5 bilhões de reais desde 2006.

Deixando equipamentos e uma estrutura que até hoje são usados e impressionam os engenheiros e técnicos da Mercedes.

Falando em Honda, precisamos lembrar que Max Verstappen não lidera o campeonato de 2021 à toa.

Já que desde 2015 os japoneses desenvolveram a máquina que empurra o jovem piloto holandês ao custo de 9 bilhões de reais.

O Dinheiro não traz felicidade.

Mas, na Fórmula 1, sem ele não existem alegrias.

Continuidade e Tempo estão misturados.

Entretanto não são a mesma coisa.

A Continuidade está sempre associada ao sucesso.

O trabalho incansável e constante faz diferença.

Usemos a Brawn.

Nascida de um projeto no final dos anos 90 (BAR e depois Honda) chegou ao topo com Jenson Button uma década depois.

Outro exemplo seria a Benetton.

Cavando descobriremos em seus alicerces a Toleman.

Mais?

Mesmo em seu hiato fora da Fórmula 1, a Renault manteve em Viry-Chatillon sua equipe ativa e atualizando seus motores.

Continuidade.

Sem isso, Fernando Alonso não teria sido duas vezes campeão com os franceses.

Está avaliando as mudanças abruptas de pessoas na Ferrari?

Também lembrando de pilotos pulando de uma equipe para outra enquanto a carreira vai passando?

Ou ainda da Williams com suas mudanças de motores: BMW, Cosworth, Toyota, Renault e Mercedes?

A Continuidade faz diferença.

Muita.

O Tempo fica embolado com a Continuidade.

Falamos.

Deu para notar que é preciso existir uma maturação de um projeto.

E, claro, paciência.

Pois muitas vezes demora 10 anos para vermos o fruto.

O tal do Tempo é complicado.

Exemplo?

Já pensou que era para a McLaren Honda (com Alonso) estar brigando pelo título com a Mercedes?

Havia Dinheiro.

Por não suportar a espera por resultados, a equipe inglesa abriu mão de um projeto que a levaria a brigar novamente por vitórias.

A pressa causou a perda do Tempo.

Enfim.

Precisa do Tempo para haver Continuidade.

E Dinheiro para bancar a festa.

Contratar os melhores talentos.

E o melhor equipamento. 

Para atingir a perfeição através da Continuidade.

E dessa maneira compensar o Tempo.

E o Dinheiro.

Repete.

5 comentários:

Leandro Angelo disse...

Uma das mais notórias exceções que confirmam a regra foi a Toyota, onde houve estabilidade e dinheiro mas os equívocos foram os pilotos no meio para o fim da empreitada e ter apostado num técnico de segunda escalão que foi o Mike Goscoyne. Durante os quase 10 anos que a Toyota ficou insistiu nesse engenheiro e os resultados foram no teto que a capacidade dele poderia entregar

A filosofia japonesa tem a sua coerência mas flerta fortemente no terreno da teimosia com a burrice. O estrago disso foi tão grande que hoje a montadora tem tecnologia e know-how para estar na F1 (nem que fosse como fornecedora de motores) mas prefere o WEC e o WRC.

A Ford poderia estar nessa lista de erros mas foram poucos anos que ela ficou de forma oficial repassando à RedBull o legado que os Stewart e ela construíram

Unknown disse...

Parabéns Corradi, pelo excelente post !

Seguindo essa linha e tentando prever o futuro, a Aston Martin tem grande chance de dominar a F-1. Arrisco a dizer, que eles são a Red Bull da nova geração. Com um mega empresário no comando e pessoas certas em seus lugares.

Grande abraço.

LGD disse...

Sempre muito bom

Anônimo disse...

Dois pitacos!

Pensando no volume bilionário de dinheiro investido em cada uma das equipes citadas, imagine só o tamanho do retorno! Porque investir seguidamente tal quantidade de dinheiro, só se o retorno for igual ou maior...

As equipes com retorno menor que o investimento, faliram, ficaram no meio do caminho, não tiveram o tal 'tempo'...

Quanto à Aston Martin (citada pelo 'Unknown' acima), creio que o tempo dela coincidirá com o tempo que Lance Stroll, o piloto, aguentará ficar na F1. A motivação me parece apenas... hummmm... 'paternal', por assim dizer... Há a possibilidade, mas...


um abraço,
Renato Breder

Paulo Moreira disse...

Excelente analise.

Abraço

visitem: https://estrelasf1.blogspot.com/