segunda-feira, 11 de julho de 2022

Pressão















Fiquei um pouco incomodado com a quantidade de toques entre os carros no Red Bull Ring na etapa de 2022 da Fórmula 1.

Muitas vezes a narração tende a corromper as imagens.

Quando um piloto preferido pode ser acusado, geralmente a turma do estúdio diz que foi um acidente de corrida.

Quando é um piloto já carregado de opiniões atravessadas, o comentário tendencioso aflora e aponta para palavras como: 

"Ele foi muito otimista naquela curva" ou "o carro de dentro sempre escorrega um pouco".

Despautérios.

E estamos vacinados.

O que me causou agastamento foi um certo padrão de comportamento.

Acho que o contatos não são gratuitos ou muito menos fortuitos!

Nada de acaso aqui.

Sim.

Digo que pode haver motivação.

Vamos puxar alguns históricos.

Dentro da própria equipe.

Para marcar território.

E ser o número um.

Ilustrando.

Ayrton Senna e Alain Prost na McLaren.

Sebastian Vettel e Mark Webber na Red Bull

Sebastian Vettel e Charles Leclerc na Ferrari.

Lewis Hamilton e Nico Rosberg na Mercedes.

Max Verstappen e Daniel Ricciardo na Red Bull.

Sergio Perez e Esteban Ocon na Force India.

Casos clássicos de brigas caseiras.

Mais recente vimos Yuki Tsunoda e Pierre Gasly na Alpha Tauri se estranhando.

Sempre há algo aí.

Alguém se espantaria de ver um enrosco de Charles Leclerc e Carlos Sainz Jr.?

Ou de Mick Schumacher (em ascensão e piloto Ferrari) e Kevin Magnussen?

Vamos passar para a disputa de título.

Aqui a coisa esquenta.

Ayrton Senna (McLaren) e Alain Prost (Ferrari).

A clássica Sebastian Vettel e Lewis Hamilton em Baku.

E Lewis Hamilton e Max Verstappen em Silverstone 2021.

A primeira decidiu um campeonato.

As outras duas revelam a ira de um piloto sem armas para lutar contra um adversário em clara vantagem material.

Antes do último modelo, preciso fazer um pausa aqui.

Apesar do exemplo com Ricciardo acima, Max Verstappen é um caso a parte.

Um piloto que sempre usou o contato em suas ultrapassagens e disputas.

Muitas vezes acobertado por ser uma marca da categoria máxima do automobilismo.

Fica separado por não se encaixar nas motivações comuns aqui descritas.

Verstappen é assim.

Voltemos.

O terceiro tipo envolve pilotos de equipes distintas.

Nada de disputa por títulos.

Mas envolve sobrevivência.

Daniil Kvyat e Sebastian Vettel.

Exagero.

Clássico.

O piloto russo já estava sendo pressionado na Red Bull.

No meio da temporada foi rebaixado para a Toro Rosso e trocado por Max Verstappen.

No final de semana do verão europeu de 2022, o Red Bull Ring viu Alexander Albon, Pierre Gasly e George Russell cometerem estultícias.

O que acontece?

Albon pode estar com seu lugar ameaçado na Williams e conduzindo de forma a prejudicar outros?

Pode ser.

Pierre Gasly está desconfortável e isso é claro.

O francês (26 anos) está no time infantil da Red Bull.

Ao final de seu contrato (2023) estará com mais de 120 corridas pela escuderia Toro Rosso / Alpha Tauri.

Um recorde.

Os outros ou evoluíram ou saíram.

Ricciardo, Vettel, Sainz Jr., Verstappen...

Preterido na promoção por um piloto de fora da academia, Sergio Perez.

E ainda enxergando uma concorrência feroz por cockpits de outras equipes que poderiam se encaixar em seus planos de vida.

Correr ao lado de uma criança como Tsunoda, incomoda.

E o temor de não saber o futuro, mais ainda.

Lembro de Valtteri Bottas reclamando como foi prejudicial para ele dentro da Mercedes trabalhar sempre com apenas um ano de contrato e com insegurança sobre o que viria a seguir.

George Russell depois de um começo impressionante na Mercedes, está vendo o verdadeiro Lewis Hamilton surgir.

Lewis é o primeiro piloto e a equipe pertence a ele.

Ele é o campeão e já começou a mostrar isso para seu companheiro.

Russell pode ter começado a sentir o peso.

Acompanharemos atentos.

É isso.

A pista reflete o que muitas vezes está acontecendo com o piloto nos bastidores.

A pressão é incomensurável na Fórmula 1.

E poucos conseguem lidar e suportar tal carga.

A verdadeira virtude está em manter a classe sob tal pressão.

De onde surgem diamantes.

Entretanto ao serem compelidos, os pilotos deixam escapar nos circuitos essa pressão.

Marcando muros e fazendo outros experimentarem caixas de britas.

Sinais.

3 comentários:

Tuta disse...

Sensacional, obrigado!

Paulo Moreira disse...

Bela analise. Excelente.

Abraço

visitem: https://estrelasf1.blogspot.com/

Carlos disse...

F1 é pressão máxima , sem espaço p/ juvenis.