domingo, 29 de janeiro de 2012
Projeto Verão - Quinto Dia
Bom dia a todos.
O convidado de hoje já é bem conhecido aqui do Blog.
Já fiz até um post homenageando seu trabalho.
Pra ver é só clicar aqui .
Francis Henrique Trennepohl é um apaixonado pela velocidade.
E mostra isso levantando poeira.
Seu Blog o Poeira na Veia é uma trincheira do verdadeiro automobilismo.
Você não acredita nas fotos e histórias lá publicadas por esse catarinense que,
junto com uma turma do bem, vai registrando uma trilha vitoriosa.
Um símbolo do que há de melhor sobre rodas no Brasil.
A palavra está com o Francis.
Velocidade na Terra: A Essência do Automobilismo
Por Francis Henrique Trennepohl
Reza a lenda que as primeiras corridas realizadas com automóveis na história da
humanidade foram na terra. É lógico e natural, pois o asfalto só veio depois, porém
muita gente não conhece ou tem uma visão errada e distorcida do que é a velocidade
na terra.
Até bem pouco atrás muitos me perguntavam se as corridas aqui em Santa Catarina
eram em fazendas ou no meio do mato.
A minha primeira reação era ficar puto, depois ria.
Por longos e longos anos (talvez décadas) o pessoal chamava as corridas na terra
pejorativamente de “Fórmula Tatú”, e não era raro um piloto aqui do Sul
(especialmente de Santa Catarina ou do Paraná, onde há os estaduais mais fortes
da modalidade no Brasil) chegar para disputar um campeonato nacional e ser motivo
de piada, até ascender a luz verde.
Pra quem não sabe, acelerar na terra, numa pista compactada quase como um asfalto,
mas com ingredientes como poeira, costelas de vaca (saliências nas curvas que parecem
mesmo as costelas de uma vaca, ou de um boi), barrancos e visibilidade reduzida não é
uma tarefa das mais simples, e não foram poucos os pilotos que entraram na pista uma
única vez na vida e juraram que jamais voltariam, pois sentiram o que é o medo em sua
essência.
Não quero cair papo chato de “tem que ser macho, macho mesmo”, mas a verdade é
que para andar na terra é preciso muita coragem, ou como outros preferem, “tem que ser
desmiolado, louco, fora da casinha”.
Confesso que não gosto muito dessas classificações e rótulos, até porque todos tem o livre
arbítrio para fazer aquilo que julgarem interessante, prazeroso, desafiador ou qualquer coisa
do gênero.
A essa altura alguns que estão lendo este texto já devem estar pensando: “então quem corre
na terra é ‘fodão’ ”. Não. ‘Fodão’ são os pilotos de rali, pelo menos na minha opinião.
Confiar numa planilha e numa voz que está ao seu lado dizendo pra que lado é pra ‘dobrar’
o carro, acelerando na chuva, na poeira, na pedra, na neve, nos cascalho, etc., etc., isso sim
é ser ‘fodão’.
Mas voltando à velocidade na terra, o encanto de andar com um carro de corrida numa
pista ‘empoeirada’ é indescritível. Já tive o prazer de acelerar no asfalto carros potentes e
é sensacional, porém o “balé” que a terra proporciona faz a adrenalina ir nas alturas.
Por mais que a pista seja a mesma e você tenha decorado os pontos de frenagem, aceleração,
o traçado, pra qual lado as curvas são e tudo mais, a cada volta é como se a pista estivesse
diferente, e na realidade está, pois naquele ponto em que você mergulhou o carro na curva na
volta anterior, na próxima volta pode ter um buraco, aí o traçado já muda, e a briga com o volante
é sempre grande.
Numa pista de terra segurar o volante em linha reta é um luxo que dura poucos segundos.
Aproximar o carro da curva e lançar a traseira é demais, mas mais demais ainda é perder a
traseira no meio da curva e começar aquela luta com o carro que dura uma fração de segundo,
mas o prazer fica tatuado na memória eternamente.
Quem ainda não conhece o que é uma prova de velocidade na terra, faço aqui o convite para
que vá conhecer. Tenho certeza que ficará impressionado e encantado, e se puder, não perca a
chance de dar uma acelerada na poeira um dia, mas vá devagar!
É uma emoção única na vida e que todo ser humano deveria sentir um dia, pelo menos um dia
na sua vida. É a sensação de estar perto do céu, de poder controlar o incontrolável, dominar
uma ‘cavalaria’ respeitável (ou pelo menos tentar).
É sentir o coração bater dentro da boca a cada curva, a cada troca de marcha ou ‘grito’ dos
pneus.
É ter certeza absoluta de que existem “duas pistas”: a que nós queremos e imaginamos fazer e
aquela que o carro faz por conta, sem obedecer nossos comandos, ‘bailando livre, leve e solto’
pela pista, como se estivesse sozinho.
Não há nada que dê para comparar a sensação de ‘encher a quarta’ e entrar ‘pendurado’ numa
curva. É algo sublime e que “pessoas normais” nunca conseguirão entender, só nós, “loucos”,
“doentes” e “tarados” pela velocidade...
Francis Henrique Trennepohl é publicitário, jornalista, comentarista, colunista, piloto e
fundador da TCC (Turismo Clássico Catarinense) e um dos maiores apaixonados por
Automobilismo que já pisou na face da terra, além de ser o titular do blog POEIRA NA VEIA
Postado por
Humberto Corradi
às
09:03
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Marcadores:
Projeto Verão,
Rally
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20 comentários:
Olhos marejados e peito estufado em ver meu texto aqui, meu amigo.
Obrigado pelo convite e por ajudar a divulgar nossa paixão pela poeira.
Se Deus quiser este ano ajudaremos a levantar mais poeira ainda com o "Pinico/Dumbo Atômico".
Abraços empoeirados
Grande Francis! Grande amigo! Grande coluna! Espaço mais do que merecido. Abraços.
Conheci melhor o automobilismo na terra, praticado no Sul, com meu amigo Francis Alicatão.
Seu texto é ótimo, pilotar é isso mesmo, vc e o carro, o carro e vc!
Deixo aqui meu abração a ele, ao Humberto pela bela oportunidade de mostrar "a terra" aos amantes do automobilismo, e também aos amigos que ganhei de lá, Fabiani, Ike e Marcelo
Francis, parabéns!
Muito bom, como sempre. Parabéns Francis.
E se chover?
Troca-se a poeira pela lama?
Uau! Pelo texto do 'Poeira na Veia' Trennepohl, deve bem legal - ou como se diz por aqui "massa demais!" - uma corrida em terra... um pouco de cada "mundo": rali e automobilismo de asfalto...
Até o pessoal da Red Bull confirma isso (hehehehe):
* http://www.carsuk.net/wp-content/gallery/red-bull-racing-demo-austin-texas/red-bull-f1-austin-1.jpg
* http://www.ridelust.com/wp-content/uploads/2011/09/Picture-17-600x330.jpg
* http://monstersports.com.br/blog/wp-content/uploads/2011/10/f1-terra-red-bull-texas-2.jpg
* http://www.redbullusa.com/cs/RedBull/RBImages/000/000/176/860/photo610x343/videograb_F1Austin.jpg
* http://img3.auto-motor-und-sport.de/David-Coulthard-Showrun-Austin-2011-fotoshowImage-b48062aa-526361.jpg
um abraço,
Renato Breder
Falou e disse meu caro Francis. Eu sou um velho novo piloto de corrida, e escolhi a terra como minha casa por uma série de razões. Uma delas reside no fato de ter sido inoculado pelo vírus da velocidade, em uma pista de terra (Joaçaba/SC-início dos anos 60) De lá para cá foram muitas emoções que automobilismo me proporcionou, mas nada como acelar na terra. Não pensem que nossas pistas são os, erroneamente denominados, barródromos. Abs
Eu gosto muito do trabalho do Francis Henrique Trennepohl, leio o Poeira pra aprender.
Eita ferro! Por pouco não conheci o Francis nas 12h de Tarumã. Ia dizer pessoalmente que ele é o cara.
"segurar o volante em linha reta é um luxo que dura poucos segundos..."
De fusca na terra, entao...
Gostei demais da postagem
ESSE e' o Francis!
Tive o prazer de conhecer esse "meninao" com sua familia e estar com todos sempre no ambiente que mais gostamos:autodromos.
Ainda vou atender ao convite e estarei com voces numa pista de terra.
Parabens pelo texto,e um grande abraco.
O texto do Francis está ótimo, pra variar. Parabéns a ele e também ao Humberto Corradi por ajudar a tornar mais conhecida essa modalidade do automobilismo "de raíz". Como já disse ao Francis, vou fazer de tudo para assistir à primeira prova do campeonato em março próximo, em São Bento do Sul.
Grande FRANCIS, parabéns.
Gostei. Francamente, estou a descobrir algo fabuloso como o "Poeira na Veia", e ainda bem, porque precisamos de descobrir algo para nos sentirmos vivos. E o teu, Francis, é um deles.
E quanto a aquilo que dizes, concordo em tudo o que dizes. E dizes-lo com paixão. Excelente, ganhaste mais um fã.
Grande Francis! Linda descrição do que é velocidade na terra! É pura adrenalina apoiada em 4 ou 3 ou 2 ou as vezes até 1 roda apenas no solo, explorando e ultrapassando os limites da sanidade mental! "Coisa pra desmiolado" como falam por ai! Grande abraço a todos!
Fausto De Lucca #51 - Campeão Catarinense de Velocidade na Terra
Assim vocês me fazem chorar!!! Muito obrigado pelas palavras e pelo carinho de todos.
É extremamente gratificamente saber que meu modesto blog está abrindo as portas de um mundo até então "desconhecido" para muitos.
Espero poder recebê-los aqui em SC em breve.
E Belair, aquele convite está mais em pé do que nunca!!!
Abraços empoeirados
Desde meus 4 anos de idade frequento o Autódromo Afonso Pena em São José dos Pinhais.
Não existe dia melhor que ficar à beira da pista, ao lado da churrasqueira, vendo os fuscas, gaiolas, golzinhos e opalões fazendo as curvas de lado.
PArabéns a estes abnegados.
Abç,
Emerson Fernando
Sempre digo que pra entender a alegria de andar em um chão acidentado, não adianta, tem que tentar. Perder a traseira do carro nas curvas, fazer o carro "sambar" no chão molhado, aquela tremedeira relaxante ao passar pelas costeletas, saber que freiar, nesse caso, demanda muito mais sapiência do que simplesmente meter o pé no pedal do breque... Estar fora do asfalto é uma das coisas mais gostosas dessa vida. É divertido e inteligente. Sempre digo também que guiar na terra requer muito mais inteligencia que dirigir no asfalto. Muitas vezes é preciso virar o volante para o lado oposto de onde se pretende ir, há que se ter um certo nível de mediunidade, já que é de extrema importância saber o que vem depois daquela curva em barranco. Acompanhar as cercas enfarpadas e aquele horizonte verde, e em algumas épocas do ano dourado, é sim, uma das coisas que mais me "desligam". A verdade é que eu gosto de estrada, mas estrada de chão...
Valeu, obrigado ao Fausto, ao Emerson e a Ingryd.
Abraços
Grande Francis,assim como disse o Grande Rui,foi através do POEIRA que toda esta gente acabou por conhecer o que é andar numa pista de terra e o mais importante,fazer novas amizades e trilhar novos caminhos,eu concordo com o que tu disse,depois que eu coloco o capacete e me amarro o banco eu vivo em outro mundo,vou parar tõ emocionado e mais uma vez obrigado Grande irmão Grande!!!
Parabéns pelo texto Francis! E pelo seu blog também. É muito legal ter pessoas do seu gabarito promovendo a Velocidade na Terra! Abraço
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