segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Projeto Verão - Sexto Dia
























Bom dia a todos.

Aqui em casa eu já acostumei.

Sempre perco de 2 x 1.

As mulheres estão sempre com a razão.

Minha esposa consegue ver detalhes impossíveis nas coisas.

É o olhar feminino...

A convidada de hoje comanda um dos Blogs mais legais que eu conheço.

O Athena Grand Prix é original e criativo. 

Uma das melhores coisas da internet. 

 
Bem diferente de tudo que se vê por aí.

 
Ingryd Lamas fala que "é uma piloto frustrada".

Possui uma visão própria e sagaz do que se passa no mundo.

Mistura moda, comportamento e design de forma inteligente ao automobilismo.


Com bom humor e personalidade! 

Não podia faltar.
 
Com a palavra Ingryd Lamas.









 















Cartas a um jovem aposentado

Por Ingryd Lamas


Foi feito no dia 18 de janeiro, o anúncio da equipe Williams de F1, sobre quem seria o piloto
a ocupar o seu segundo carro e, neste anúncio, não se encontrava o nome de Rubens Barrichello.
Era Bruno Senna quem tomava para si a última vaga decente do grid 2012.

Esqueçam Senna, esse não é o assunto de hoje. O assunto Bruno fica para depois, já que
honestamente não vejo muito a especular na escolha da equipe, que escolheu o que era melhor
pra si.
 
O assunto de hoje é o piloto responsável por muitos dos meus domingos madrugados, domingos
de emoções intensas, quer fossem de grande alegria, quer fossem – como na maioria das vezes –
de imensa frustração. Rubens Barrichello não é o melhor piloto que a categoria já viu - e
provavelmente está um pouco longe disso -, não quebrou nenhum recorde realmente importante,
não abocanhou nenhum campeonato, tampouco faturou tantas vitórias.

Já falei sobre isso, eu sei.

Já falei também que um piloto que fique tanto tempo na categoria deve ter lá seus méritos, não
pelo “feito de correr tantos mil GP’s” mas se ficou por 19 temporadas na F1 - algumas das
últimas com característica de puro milagre é bem verdade -  é porque alguém viu algo que valia
o contrato em todas elas. Ou por falta de opção mesmo, vai saber.


Sabem, ser fã de Barrichello é uma tarefa árdua e dolorosa. Defender o eterno Judas em
qualquer roda de papo é difícil pra burro. Primeiro porque sendo , sempre me acusam de
ser parcial, segundo, porque argumentar com pessoas que aprenderam o que sabem com o
“Casseta e Planeta” e não entendem que diálogo é constituído por duas pessoas expondo suas
idéias, é tarefa hercúlea e ineficiente.

Aí que eu aprendi a filtrar o que realmente vale a pena, e não me preocupar com quem tenha o conhecimento minimamente inferior ao meu. Não que eu seja superior por saber mais, isso não
existe.

É que a maioria das pessoas não conhecem as brilhantes temporadas do rookie Barrichello,
aquelas com a Jordan, muitos dos que “deixaram de assistir Fórmula 1 após a morte do
Ayrton Senna” (viúvas chatas) não acompanharam algumas das brilhantes apresentações de
Rubens.

Foram poucas e não tão constantes, eu admito, mas existiram em quantidade e qualidade suficiente
para me convencer de que o cara não esteve ali em vão. Brilhante é um adjetivo adequado para
explicar Silverstone 2008.

Com o tempo, fui aprendendo que não era necessário essa argumentação, que algumas pessoas
gostam mesmo é de frisar defeitos, apoiar-se em piadas e fazer da carreira honesta de Rubens uma
grande apresentação de circo, daqueles de beira de estrada.

Vejam bem, eu disse “carreira honesta”.

Não foi uma carreira fora de série, não foi uma carreira irretocável, muito menos uma carreira assustadoramente “redonda”, mas foi uma carreira honesta, vamos?

Com o tempo, fui aprendendo a me ater aos fatos, e os fatos dão conta que Rubens vestiu como
ninguém a carcaça de segundo piloto; que assumiu uma responsabilidade irreal e inalcansável com
a morte de Ayrton; que tem a língua maior que a boca e parece ter se especializado em falar
abobrinha; que o brasileirinho contra o mundão é doutor em assumir papel de vítima; que o
desgramado sofre de um azar horripilante; que faltou brio em alguns momentos; que ser “agressivo”
além da conta, não é lá uma qualidade muito louvável; que dar desculpas e prometer improváveis
pareceu ser o hobby preferido do aposentado.

Certa vez eu sonhei com um mundo perfeito, onde sorvete não engordava e Rubens Barrichello
era mudo, mudinho.

Mas recordo também, que é fato que Rubens teve uma satisfatória temporada de estréia; que
somou 19 pontos, uma pole position e um pódio em sua segunda temporada na categoria
(isso a bordo de um carro não tão bom, é válido dizer); foi imensamente aplaudido em sua
primeira e magnífica vitória, por todo o paddock que o assistia; foi bestial em Silverstone em
2008; foi irretocável em Valência 2009; tirou leite de pedra – para ser bem vulgar – com o carro
que obteve da Williams.

Em suas listas de defeitos e qualidades eu me atenho as duas, porque não? Não é por ser fã que
ignorarei o fato de que Barrica não é perfeito, nenhum piloto o foi.

Mentira, Nelson Piquet, o grande mestre das artes joviais, foi sim.

Não ter Rubens na próxima temporada, me é tão, ou mais estranho que não ter Senna em 1995.
Hoje com meus 23 anos, não conheci Fórmula 1 sem a sigla BAR no rodapé da tela. Eu não
conheço Fórmula 1 sem Rubens.

Nunca acompanhei um campeonato sem Rubinho e, tudo isso, me causa certa aflição ao pensar
em 2012.

E nem é porque uma galera não soube ler o calendário Maia. Não ter Rubens no grid 2012 é
como acompanhar o desfile das escolas de samba sem batuque do tamborim.

Estranho pra dedéu.

Rubens Barrichello é então, um piloto que se aposenta sem a “despedida” que merece. Quero
dizer, não é que seja necessário uma festa, faixas ou especiais de fim de ano na programação
global para um piloto que não consiga emprego na categoria, mas é que com a forma que se deu,
assim, meio pela porta dos fundos, todo o acontecido acaba deixando um vazio ainda maior.

Bendito seja Rubens por tamanha vontade.

Digam o que quiser todos os “trolls e haters” (adoro esses termos do novo português internético),
bem ou mal, pé-de-chinelo figurará eternamente no imaginário dos fãs de automobolismo, como um
dos medianos que mereciam ser campeões, mas por alguma pegadinha do destino, não o foram
(Maldito Damon Hill).

21 comentários:

Paulo Heidenreich Jr disse...

Eu fui dos que acreditavam sempre no Barrica, dos que viram o feito de 2000, na manhã daquele Domingo de chuva na Alemanha. Mas o que sempre me incomodou no Rubens foi justamente o ponto que tu tocou, a língua solta.. Se ele tivesse pensado um pouco mais no que disse ao longo da carreira, ele não teria gerado tantas expectativas e consequentemente tantas frustrações, hoje não estaria reclamando de como a imprensa é..

Anônimo disse...

É, com 23 aninhos, a escriba tem muito a evoluir e amadurecer. Não o texto, que é correto e cativante, mas o conteúdo, reflexo de uma escolha feita "na chepa" de pilotos brasileiros na Fórmula 1.


Carlos Henrique

zamborlini disse...

lamas
muito bom!!!

Verde disse...

Whoa, excelente!

Anônimo disse...

Corrigindo: Xepa.

Carlos Henrique

Eduardo Miler disse...

Obrigado por este antídoto...tbm sofro muito por esse mal...Da-lhe Rubinho...Parabens Ingrid...Abs

Marcos Antonio disse...

já tive discussões épicas com a ingryd sobre o Rubens, mas tudo com respeito, até pq apesar de um dos caras que mais sacaneiam o Rubens, respeito sua trajetória na F1. Mas respeitar é diferente de gostar, o que muita gente acha o contrário. Mas enfim, ótima escolha, realmente, to mó feliz de estar no meio de tanta "fera" da blogosfera automobilistica!

Speeder76 disse...

Excelente, Ingryd. Muito bem dito, afirmou tudo o que tinha a dizer sobre o Rubens e os pesudo-admiradores de Formula 1, que não são mais do que tipos que querem ver brasileiro ganhando. E sim, vai ser estranho não ver Barrichello na Formula 1. Mas a vida é assim, e quem sabe, ainda o teremos de volta. Se o Pedro de la Rosa volta, porque não o Rubens?

Ingryd disse...

Humberto, querido! Obrigada pelo convite e pela "apresentação". Muito gostoso saber que o Athena é tão agradável para as pessoas que o acompanham, quanto é para mim, que o comando. Não pude ler comentar todos os outros textos de também amigos do especial de férias, já que ainda estou naquele terrível período pós mudança, mas prometo dedicar um tempinho a isso ainda hoje.

Parabéns pelo seu espaço também, nem preciso dizer que abrir o seu link, é sempre uma gratissima surpresa.
Ah! Pode voltar a mandar as suas colaborações, viu? Tô precisada. hehe

Beijos,
Ingryd

Marques disse...

Barrichello não figurará no meu imaginário como um mediano que mereceu ser campeão, pois não mereceu, nunca nem perto chegou. E vendo pelas últimas entrevistas dele, continua chorão, reclamando de tudo e mendingando um lugar na F1. Foi um bom piloto que não soube a hora de parar.

De novo essa história de viúvas? Gostar do Ayrton Senna aparentemente virou crime. As pessoas simplesmente não podem aceitar que Senna era às vezes chato e Piquet às vezes mau educado e desonesto (santo no caso da Renault é que ele não foi). Os dois foram excelentes pilotos e ícones do esporte brasileiro, esses termos pejorativos usados entre os fãs de um e de outro beira a infantilidade. Admirem os dois e sejam felizes oras.

Um abraço

Ron Groo disse...

A Ingryd sabe que não comungamos da mesma opinião sobre Rubens, mas eu nunca me furtaria em elogiar um texto dela.
Para mim, junto com as pioneiras F1 Girls, e das melhores vozes femininas no trato da F1, e não só isto... Ela faz qualquer texto com uma finesse e uma classe que dificilmente alguém vai conseguir igualar.

Ingryd disse...

Peço licença Humberto, para replicar um comentário, não por nada, apenas por direito de resposta mesmo.

Hey Marques, respeito sua opinião sobre Rubens, de verdade! Tem gente que não gosta mesmo do cara, vide Marcão (né Marcão?), o que não nos impede se manter uma amizade muito da bacana. E eu entendo os motivos, jurinho. In fact, eu o odeio em grandessíssima parte do ano.

O termo viúva, foi mais para pontuar. As pessoas que acompanham meu blog, talvez saibam um pouco mais sobre eu não ser uma das maiores fãs do Ayrton. Nada contra seus admiradores, nada é pessoal. É que eu sempre fui mais de Piquet mesmo. De falar sem me preocupar, de pensar geralmente com a minoria, de fazer piada e chifrinho. Mas não, eu não saio dizendo ser crime gostar de um ou outro, e acredito que não tenha dito isso em meu texto. Ainda sobre viúvas, não usei o termo com intuito pejorativo, e nomeei assim, no texto, aqueles que não gostam de F1, que apenas gostavam de ver as vitórias de Ayrton, e muito bem dito e "aspado", deixaram de acompanhar a categoria quando o mesmo morreu. Admiro sim, Ayrton Senna. Seria no mínimo tapada se não o fizesse, mas não tive tempo de torcer ao extremo por ele. E das histórias que ouvi, tomei por ídolo eterno Nelson Piquet. Rubens é um piloto a quem EU preso muito. Mesmo. Não é meu ídolo no esporte atual, posto que fica com Robert Kubica e Lewis Hamilton. Tem espaço pro Kimi Raikkonen também. Na verdade, eu acho que nem precisava ter respondido de forma tão exemplificada, bastava dizer que a característica principal deste e de boa parte dos textos que escrevo é a ironia. O Sarcasmo. A "filhadaputagem" mesmo. Cutucar fãs de qualquer que seja o piloto é sempre uma delícia. Tudo muito respeitosamente, é claro. =) Deixo claro que ao contrário do artigo, essa réplica está livre total e completamente de qualquer ironia. Foi apenas um "direito de resposta", de verdade, como dito no início desse comentário.

Abraços

Humberto Corradi disse...

Ingrid

A expressão foi clara e de fácil entendimento. Mais até, foi perfeita a colocação.

Acho que o tema "viúvas" é tão batido e datado que algumas pessoas se ofendem ao lerem em qualquer contexto.

Uma pena não interpretarem como uma crítica aos que apenas admiravam as vitórias de Senna, esquecendo toda a beleza e história da Fórmula 1, a categoria máxima do automobilismo.

Valeu

Anônimo disse...

A pior viúva é aquela que não admite ser. Acaba ficando chata.

O termo foi muito bem colocado no contexto. Adorei o texto.

Parabéns.

Abç,
Emerson Fernando

Paulo Heidenreich Jr disse...

Essa dualidade que ronda as discussões de F1 na internet as vezes me incomoda mais do que a língua solta do Rubinho. Sabe aquela velha discussão pra ver quem é foi o melhor jogador ? É quase a mesma coisa, não terá fim nunca. Sabe o que me deixa feliz ? Independente de quem seja o melhor, eles são da "casa".

Corradi, obrigado pelo projeto, tenho conhecido blogs que até então não tinha conhecimento, alguns sim, outros como o da belíssima convidada ainda não. Mas o importante é ler as várias opiniões, de diferentes tipos sobre F1. É aquela coisa, nem sempre concordando e discordando, mas sempre discutindo com o respeito necessário.

Carlos disse...

um excelente texto mas a unica mancha negra estragou a historia do Barrichello e ser segundo piloto da Ferrari.

Alan Ferrazza -Diretor de Arte disse...

Muito bom seu texto! Partilho quase 100% da tua visão e da admiração que tens por Rubens. Só quem já o viu pilotar pessoalmente entende o quanto ele é talentoso e o quanto ele gosta do que faz. Por isso a maior caracteristica dele é não ser ingrato. Ele ama a própria vida e o que faz. Isso é o que mais eu tomo como exemplo.
Um abraço,

Alan Ferrazza

Francis Henrique Trennepohl disse...

EXCELENTE o texto! Sou muito fã do Rubinho como piloto. Como pessoa já não tenho a mesma simpatia, pois por 3 edições seguidas do "Desafio das Estrelas" pude vivenciar um pouco dos bastidores, mas isso é outra história.
A sensibilidade feminina para os detalhes é um milhão de vezes melhor do que nossa.
Parabén, Ingryd!

Anônimo disse...

Francis,

Como seria bom conhecer essas histórias de bastidores... Conte aí! rs

Carlos Henrique

Milton Rubinho disse...

Bom, pelo que me disse um certo Fabio Greco(sobrenome de pedigree, reconhecam), RB eh REALMENTE bota.

E acho que, depois dos testes em Sebring, isso ficou muito claro. Ao ver a onboard dele andando, ve-se que ele esta guiando forte, sem evitar nada, nem poupar nada.

E espero veemente ve-lo acelerando algum DW12, preferencialmente com usina Chevy!

Henrico Machado disse...

Infelizmente um texto com esta qualidade sobre um esporte de domínio público, fatalmente gera as mais desconexas interpretações.
Algumas pessoas nasceram programadas para discordar de tudo sem ao menos ler metade do texto. Daí, as argumentações entram sem freio pela alameda do ridículo.
Um texto como este, lúcido, escrito por uma pessoa muito bem informada e com opiniões nada polêmicas, merece comentários mais inteligentes do que apenas REPLICAR críticas que estes mesmos "alguns" desinformados e fãs de programas humorísticos fazem nas rodas de buteco, rodeados de pessoas tão desinformadas quanto.

Ingryd, mandou muitíssimo bem. Quanto ao Piquet, partilho da mesma torcida e opinião.

Abraço !!

Henrique.