terça-feira, 9 de junho de 2020

Wolfgang Von Trips


























O piloto alemão Wolfgang Von Trips era um nobre.

De uma linhagem familiar dos tempos da inquisição.

Rico.

E culto.

Falava diversos idiomas.

Sabia administrar as terras e a fortuna da família.

Dentro de seu imenso e vazio castelo, tomava conta de tudo.

Vazio porque foi pilhado durante a Segunda Guerra Mundial.

Ele poderia ter se confundido com Alfonso de Portago ou
Mike Hawthorn.

Ser mais um daqueles que nasceram em berço de ouro.

Mas Von Trips pensava diferente.

Havia um elo de ligação com sua pátria.

Na sua mente estavam as histórias de Hermann Lang,
Bernd Rosemeyer e Rudolf Caracciola.

Ele queria as honras.

Em 1956 ele passou a fazer parte da Ferrari.

A briga interna por um lugar na Scuderia Italiana era insana.

Muitos pilotos.

Poucos cockpits.

Von Trips precisava se destacar.

Vencer a concorrência.

Logo estava andando fora de todos os limites.

E com isso os acidentes foram se acumulando.

Von Trips pensava no futuro.

Foi assim que na volta de uma viagem aos Estados Unidos
ele trouxe dois Karts na bagagem.

Aquilo não existia na Europa.

Ele conseguiu uma empresa que copiasse os modelos da coisa.

Contruiu uma pequena pista dentro de suas terras.

Ele queria dar oportunidades para que outros compatriotas
chegassem a Fórmula 1.

Nascia assim a Campeonato Europeu de Kart.

Na mesma pista que curiosamente, em 1973, seria palco da
estréia dos irmãos Schumacher no automobilismo.

A reviravolta na atribulada carreira de Von Trips se daria
em 1959.

Os olhos do Commendatore já haviam visto o piloto.

E Enzo Ferrari sempre gostou dos apaixonados.

Dos que se doavam.

Enzo passou a cuidar dele.

E com algumas punições foi colocando a cabeça do alemão
no lugar.

Tudo foi ajustado.

Continuou a ser um piloto rápido.

Porém mais seguro

Em 1961 Von Trips já comandava a Ferrari.

O título passou a ser questão de tempo.

Uma glória para a Alemanha.

Ele chegou a etapa italiana como favorito.

Uns dias antes assistiu Berlin ser dividida por um muro.

Von trips fez a pole.

Parecia que tudo iria dar certo.

Não deu.

Falhou na largada.

E o antigo piloto afobado, que estava adormecido, acordou.

Na parabólica sua Ferrari e a Lotus de Jim Clark se envolveram
num acidente.

O carro vermelho atingiu os espectadores.

Entre os que morreram estava Von Trips.

O menino sonhador que cresceu assistindo aos duelos da
Mercedes contra a Auto Union.

As façanhas de seu herói Rosemeyer.

E que acabou tendo o mesmo trágico destino ao querer buscar
suas glórias.

A morte no asfalto.

12 comentários:

Anônimo disse...

Trips era ídolo nacional na Alemanha. Tal qual Senna era no Brasil.
Um simples toque de pneus com Clark causou tantas mortes. 11 espectadores morreram no local. Por sorte o escocês escapou.
Eis o vídeo, com cenas fortes: http://www.youtube.com/watch?v=w0-9Mls-5E0

Abç,
Emerson Fernando

politicamente_incorreto disse...

Von Trips foi provavelmente um dos ultimos remanescentes dos nobres europeus ao volante. Herdeiros de justas e cruzadas medievais encontraram no início do século XX refúgio em aviões de combate que tinham motor de fusca e feitos de lona. Quando voar começou a ficar seguro a brincadeira perdeu a graça e partiram para os automóveis e suas loucas competições, afinal o DNA de cavaleiro mediaeval ainda estava no sangue....
A diferença brutal entre Von Trips e outros nobres é que o cara era bom prá cacete, teria sido campeão se esse acidente idiota não tivesse lhe ceifadoa vida.
Por muitos anos ficou a impressão que o culpado do seu acidente teria sido o Clark, mas na realidade nada ficou provado, era apenas uma disputa normal de corrida e aí veio o toque e a fatalidade....
O ultimo nobre que me recordo de pilotar na categoria e com qualidade foi o Jack Icxk, que segundo consta os meus alfarrábios seria conde ou coisa parecida, nunca entendi porra nenhuma de nobreza mesmo.....

Rubem Rodriguez Gonzalez

Anônimo disse...

Rubem,

você se esqueceu de John Colum Crichton-Stuart, Earl of Dumfries?

Ou, simplesmente, como o conhecemos, Johnny Dumfries, que foi companheiro de equipe de Ayrton Senna na Lotus, em 1986...

Talvez você tenha tentado dizer "...o último BOM PILOTO nobre...", certo?

um abraço,
Renato Breder

politicamente_incorreto disse...

Realmente Breder, tinha esquecido desse ultimo roda presa. Aí fica a marca do ultimo grande nobre que correu de verdade.

Na mesma linha poderiamos citar que provavelmente o ultimo grande playboy que pilotou na categoria se não me engano foi o patético Ricky Von Opel - grande playboy, e não grande piloto que fique entendido - , mas o último grande playboy que vi correr com qualidade foi o Peter Revson Que tal e qual o Von Opel morreu jovem , belo e milionário. A dramaticidade fica melhor nos bem nascidos.

Versões mais contemporâneas do James Dean, que inclusive corria quase que profissionalmente.Vou parar por aqui pois essa história está virando roteiro daquele programa "CONEXÕES" que passava na NATGEO - ou será na Discovery? ou History Channel? às vezes dá uma inveja danada de ser o Breder.....sei que num desses aí passava...

PS.

na realidade Peter Revson era Peter Revlon, mas por birra com a familia mudou a grafia e corria pelas cores da...Yardley, a grande concorrente da família. A heresia era tanta que seria a mesma coisa que um legítimo Ford disputasse a Nascar com um Chevrolet.

Acho honestamente que o bem nascido Thor - ou será Olin ou Odin? um desses dois aí tenho certeza que é seu irmão na
nobre semideusica familia do Eike Batista - faria mais bem a humanidade gastando os fartos caraminguás da sua nórdica familia pilotando algum bólido a 300 por hora como faziam os playboys de outrora, mais heróico, mais mítico e na pior das hipóteses não precisavam matar pobres serventes nos acostamentos de rodovias, era de boa estirpe morrer sozinho. Se bem que deuses não morrem, são eternos.



Rubem Rodriguez Gonzalez

Anônimo disse...

Boa tio Rubem!
Eu apóio!

Thor Batista para o lugar de Felipe Massa na Ferrari!!!!

politicamente_incorreto disse...

Opsss falha minha, quando digo que o Revson/Revlon morreu jovem , comparo a sua morte a do Von Trips e não a do Von Opel, esse era tão ruim que nem para morrer servia...têm como primazia o fato de ser o primeiro e único piloto de F-1 nascido em Liechtenstein. isso não é nada ,não é nada e.... não e nada mesmo!!!!!!

Rubem Rodriguez Gonzalez

Paulo Abreu disse...

Detalhe (macabro) neste dia, é que o avião que o levaria de volta para Alemanha caiu minutos depois.
Ou seja, se não tivesse acontecido o acidente em Monza, não escapria da morte mais tarde nesta viagem de avião.

Abraços!

fernando disse...

Corradi, aproveitando o gancho da história do nome do Revson contado pelo Rubem, uma adição interessante:
é um trocadilho em inglês, Rev + son, filho dos revs (rpm). eu acho bacana no úrtimo.

bacana também a história do Von Trips ser o introdutor do kartismo na europa, não sabia disso.
valeu

politicamente_incorreto disse...

Paulo, dessa eu não sabia.mas me recordo vagamente de uma história dessas, não me recordo os personagens ou não prestei atenção, agora sei quem foram os personagens. Isso é destino selado.
A única chance para ele era sofrer o acidente e ir parar no hospital, vamos pequisar se não ocorreu algum incêndio no hospital da cidade....

Rubem Rodriguez Gonzalez

TW disse...

Ótimo post Humberto!
Que história a do alemão!

Paulo Moreira disse...

Wolfgang von Trips tinha tudo para ter sido campeão. Assim o título foi cair no colo de Phil Hill, que teve a sorte de ser seu companheiro de equipa.
Do acidente do piloto alemão acabou por sair em sorte o facto de Jim clark ter ficado incólume.

Abraço

visitem: https://estrelasf1.blogspot.com/

Ronald Cobello disse...

A pista dos Schumacher foi feita nas terras do Von Trips, salvo engano, e a história do acidente do avião me parece ser verídica também, onde ele tinha passagem para depois da corrida, ou seja, a morte do nobre tinha que ser naquele dia, algo importante para ele existia em outro plano.

Ronald Cobello