domingo, 6 de janeiro de 2013

Ensaio



























Ronnie Peterson e Mario Andretti.

Formula 1.

Anos 70.

13 comentários:

Carlos Gil disse...

Ronnie Peterson e Mario Andretti fazem parte de uma impressionante (em número e qualidade) geração de pilotos de competição, que eu admiro e respeito pela sua coragem, dedicação e polivalência.

Mario Andretti é um exemplo do piloto profissional, que como muitos outros seus contemporâneos dependiam financeiramente das corridas, e competiam semana após semana, de país em país, de continente em continente, para estarem nas pistas, e corriam em quase tudo o que tivesse rodas e motor. Andretti era um desses muitos "pilotos operários" de então, mas era um dos poucos que conseguiu sucessos e títulos nos diferentes campeonatos em que participou.
O seu título de F1 de 1978 conquistado em Monza não foi a consagração que Andretti desejava, mas nem ele nem Peterson mereciam o que aconteceu. Felizmente o italo-americano pode continuar a competir e a vencer.

Peterson era outro desses pilotos, e para mim era “O” piloto, e foi o motivador de um caminho que me trás hoje aqui.
Comecei a seguir os Grandes Prémios em 1970; era ainda um miúdo de 9 anos, e desde então sou um admirador de Ronnie Peterson.
Após o seu primeiro ano na Formula 1, era considerado o sucessor natural de Jochen Rindt, e futuro campeão do mundo.
Confesso que no Portugal de então (pelo menos no ambiente em que estava inserido), ser um adepto de Peterson era quase uma aberração pois todos eram fãs do Emerson Fittipaldi; mas como também era adepto do Belenenses, e gostava de jogar rugby, eu era considerado um tipo esquisito.
Se eu era uma espécie de ET, quando em 1973 Peterson se junta a Fittipaldi na Lotus, fui promovido e passei a ser agente do inimigo, um legítimo espécimen da 5ª coluna.
Com o avançar do tempo e com a estagnação da equipa Lótus, e da carreira do Peterson, fui despromovido e regressei à condição de apenas um tipo esquisito.
Em 1978 Peterson conseguiu da Polar Caravans um patrocínio de USD 500.000, para comprar um lugar na Lotus, e então comecei a ver mais adeptos do sueco, pois desde o início desse campeonato ficou óbvio que a Lotus tinha um carro vencedor, e que o sueco era bem mais rápido que o seu colega de equipa, o italo-americano Mário Andretti, e à falta de alternativas vencedoras mais próximas dos ideais lusitanos, eu passei a não estar orgulhosamente só nas tertúlias.
Esta situação atingiu o seu ponto mais alto no GP de Inglaterra, em que Peterson conseguiu a pole-position contra a vontade de Anthony Colin Bruce Chapmam.
A partir de então passou a ser habitual ouvir opiniões de que Peterson deveria desligar-se do seu estatuto de 2º. Piloto, e que deveria partir para a conquista do título.
Com o anúncio de que iria sair da Lótus em 1979, Peterson passou a ser o favorito para o título, e Mário Andretti passou (injustamente) a ser o vilão.
Ronnie Peterson terá ganho mais adeptos ao longo de 1978, que nos anteriores oito anos de F1.
E chegou Monza, o circuito onde Peterson sempre brilhara, e onde conquistara três das suas dez vitórias em Grandes Prémios.
Nas tertúlias que eu frequentava, era opinião geral era de que Peterson iria começar a tratar do seu campeonato, contra a própria equipa se necessário.
O resto desse fim-de-semana é por demais conhecido, pelo que dispenso de o referir.
No dia 11 de Setembro de 1978, Ronnie Peterson conquistou a sua imortalidade junto dos adeptos da competição automóvel, e desde então faz parte do restrito grupo de campeões sem coroa.
Para mim Ronnie Peterson não foi o melhor, não foi o maior, não foi divinal, não foi demoníaco; é apenas a referencia pelo qual eu comparo todos os outros pilotos.

Saudades da competição desses tempos, trágicos, mas muito mais puros.
CG

Humberto Corradi disse...

Carlos Gil

Acho impressionante a biografia de Mario Andretti.

Sua história tanto nas pistas como fora delas.

No seu currículo aparecem vitórias em quase todos os tipos de pistas e nas mais variadas categorias.

Valeu

Carlos Gil disse...

Corradi,

Mario Andretti tem uma carreira extraordinária.
Ele pilotou quase tudo o que tinha quatro rodas e motor, e conseguiu ser vitorioso em quase todas essas categorias.
Para além disso ele sempre foi um homem honesto e leal.

Para quem o quiser conhecer na primeira pessoa:
http://www.youtube.com/watch?v=IWxUYnT1Dpo

CG

Secastro disse...

Belas fotos, épocas em que os carros de F1 saltavam e andavam de lado. Hoje, às vezes ainda andam um pouco de lado.

Na foto do Peterson, interessante a fita adesiva preta para vedar as brechas na carroceria no suporte do aerofólio dianteiro; mas alguém pode me dizer o que é esta peça vermelha inclinada atrás do retrovisor direito do March?

Anônimo disse...

Uau, belo relato Carlos Gil...

As fotos:

** FOTO 1 **

1971, GP da Alemanha, em Nürburgring - Ronnie Peterson (March 711 Ford Cosworth DFV 3,0 V8).
A foto deve ser mesmo da corrida... tenho aqui uma foto tirada dos treinos, no mesmo local, mesmo ângulo, mas do "início do vôo"... o pneu dianteiro direito está alguns centímetros atrás da posição da foto do post, o carro ainda no ar...
E a March não está com essa tomada de ar em formato de 'snorkel'... alías, está sem nenhuma...


** FOTO 2 **

1979, GP do Canadá, em Montreal - Mario Andretti (Lotus 79 Ford Cosworth DFV 3,0 V8).
O GP terminou antes para Andretti. A 6 voltas para o fim, ele parou por falta de combustível... ainda classificou-se em 10o lugar...
Acho muito bonita essa pintura da Lotus... tanto o tom de verde quanto as listras da Martini...


um abraço,
Renato Breder

Ituano Voador disse...

Esses destalhes sobre hierarquia e ordens de equipe são muito complicadas. Andretti sempre fez questão de destacar o caráter de Peterson no cumprimento integral do contrato celebrado com a Lotus, que determinava ao sueco o papel de segundo piloto. Por isso, ainda que se tenha tornado um 'lugar comum' dizer que Peterson era mais rápido do que Andretti em 1978, é bem provável que Andretti não guiasse tão rápido quanto poderia, enquanto escoltado por Ronnie, já que não havia necessidade para tanto.
O fato é que a hierarquia imposta pela Lotus em 78 impediu que se pudesse avaliar o verdadeiro talento dos dois pilotos ao volante daquele supercarro.
Abs.

TW disse...

Belíssimos carros!

Anônimo disse...

Belíssimas fotos. . .dos comentários da turma nem preciso falar. . .
Ao Secastro: a fita no suporte do aerofolio dianteiro da March 711, conhecido como " bandeira de chá" ( tea tray) entre os gringos, era na verdade um reforço na fixação do mesmo, meio na gambiarra mas era. . .
E a peça a que você se refere próxima ao retrovisor direito é na verdade a carenagem do radiador direito solta.
É isso aí. . .
Abraço e boa semana a todos.
Zé Maria

fernando disse...

muito legal o relato do Carlos Gil - a frase final expressa como poucas o que se percebia e causava admiração nas corridas daquela época.

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Secastro, é a tomada de ar do radiador lateral direito do March, com os suportes inferiores já soltos pelas 'decolagens e aterrisagens' - Peterson no Nürburgring…

Marco Memoria disse...


Com todo respeito a Andretti, mas o sueco era infinitamente mais rapido !!

Anônimo disse...

Ao Marco Memória:
Concordando integralmente com vc, mesmo assim Peterson, mesmo que a contragosto, respeitou o acordo de comboiar Andretti rumo ao título de 78. . .
Para quem viveu a época, acompanhar o sueco contornando o velho Sol em Interlagos, totalmente de lado em power slide, seja de March 712M, Lotus 72D ou Tyrrell P34 era das visões mais belas para quem gosta de automobilismo e admira uma tocada agressiva porém sem jamais perder o domInio da máquina!
Abraço do Zé Maria

Anônimo disse...

Impressionante notar também que a Lotus79, dominadora absoluta do campeonato de 78, apenas uma temporada depois estava totalmente sem competitividade frente à concorrência. . .
Primeiro houve o domínio inicial das Ligier JS11, depois das Ferrari312T4 e depois das Williams FW07. . .
Zé Maria

fernando disse...

quanto å questão da 'hierarquia' de pilotos na JPS/Lotus em 78, há que se ter em conta que Andretti já estava lá há duas temporadas (completas, acho) e teve participação importante no desenvolvimento dos modelos, culminando no 79.
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bem nota o Zé Maria, impressionante como a grande vantagem da Lotus em 78 se evaporou em 1979 e 80, com a assimilação do conceito, em técnica mais aprimorada, por outras equipes (com exceção da Ferrari que ainda resisitiu e venceu em 79 com um chassi 'anti-solo' , ainda motorzão boxer mas muito potente e eficiente.)