segunda-feira, 11 de março de 2013

8 & 80























E vamos para mais uma temporada da Fórmula 1.

Neste final de semana tudo será Austrália.

Olhos na TV com um espírito aguçado para críticas.

Sim.

Estaremos atentos a qualquer deslize por parte de Galvão Bueno e sua equipe.

Já existe uma predisposição.

Os entendidos não deixam nada escapar.

Qualquer erro e as pedras serão jogadas.

Confesso que tenho me tornado mais tolerante em relação a certas coisas.

Erros podem acontecer.

Mais ainda numa transmissão ao vivo.

Tento relevar.

Entendo que a Rede Globo consegue atingir um público muito grande.

E heterogêneo.

Nós temos a tendência de achar que todos que estão assistindo uma prova de
Fórmula 1 são experts no assunto.

Não são.

E isso traz desafios para quem transmite.

Na maioria das vezes um GP passa nas manhãs de domingo para nós aqui no Brasil.

Um  horário cruel.

Onde estarão os aficionados e os que ligaram a TV pensando que iriam ver o resto

do Globo Rural.

O narrador fica com a difícil missão de achar o equilíbrio entre as duas partes.

Precisa  informar corretamente usando termos técnicos e explicar tudo de uma forma
que um possível novo fã possa entender e se interessar pelo que está assistindo.

Quando surgem recursos como um "Doutor Fórmula 1" ou um "Zé Globinho",
explicando as coisas, é justamente para isso.
 
Parecem estar tratando o público como idiota, mas nessas ações se esconde uma
tentativa de despertar interesse nas pessoas.

É mais fácil acompanhar um esporte entendendo as regras.

Básico.

Tem gente que não sabe a diferença entre treino e corrida!

De verdade.

Interessante que outro dia estava lendo um artigo em que se falava que a maioria
dos sites noticia uma prova com o princípio de que o leitor assistiu a corrida.

Como se ele já soubesse as partes mais importantes.

O foco fica na apresentação de um detalhe diferente do concorrente.

Quando às vezes o cara que está lendo não sabe nada do que aconteceu.

Assim alguns reclamam da falta de público na Fórmula 1, mas ao mesmo tempo
não trabalham para que novas pessoas se interessem.

É muito grande a dificuldade de atrair um público novo para a categoria aqui no
Brasil.

Acostumamos com ídolos.

Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet e Ayrton Senna fizeram o país ser sinônimo de
talento e vitórias na categoria.

Anos dourados.

O menino crescia admirando as potências da pátria nas pistas do mundo.

Isso acabou.

Alguns poderão retrucar.

"Mas aí você quer um público que não é apaixonado pelo esporte."

Bobagem.

A referência é importante para gerar interesse inicial.

Não temos mais esse gatilho.

E a Globo, que por anos sobreviveu com esse recurso, tenta se reiventar.

Porque depois de 1994 sobraram apenas os leões aficionados e muitas vezes
intolerantes.

Que não hesitam em apedrejar.

Que acham que a categoria é apenas para eles.

Aqueles que sabem discorrer sobre o efeito coandă nos carros.

Um clube fechado.

Que não admite qualquer tentativa da televisão de buscar novos sócios.

Mais audiência.

Para que compense financeiramente transmitir.

Sendo um produto de valor para os anunciantes.

Os que querem que a Fórmula 1 continue sendo para poucos apaixonados
não pensam nisso.

Querem uma utopia.

Ou que fique escondida numa grade de programação de TV a cabo.

Não.

Sejamos mais tolerantes em 2013.

Começando pelo GP da Austrália.

A Fórmula 1 pode ser para todos.

Pra os que estão sempre em Interlagos e os que moram em Roraima.

8 e 80, não ou.

Na linguagem de todos.

Até mesmo para os que são simples de espírito.


15 comentários:

Anônimo disse...

Vamos lá... que venham, Galvão 'no tan' Bueno, Reginaldo Leme e Luciano Burti...

O que eu nunca gostei no Galvão Bueno é a sua "falação desenfreada" - característica pessoal dele - que acredito não seja muito boa numa transmissão esportiva na TV.

Aliás, praticamente TODAS as narrações esportivas (de todos os esportes) na televisão são exatamente como se fossem no rádio!!!!! No rádio não há imagens (óbvio!) e por isso o narrador tem que falar mais, descrever a cena para o ouvinte... Na TV não! Pode-se falar bem menos, deixar um pouco mais do som das 'pistas' invadir as casas dos telespectadores...

Sei que a RGT é um canal aberto (e popular), mas não creio que seja necessário ficar falando de futebol, BBB, dupla sertaneja, novela, MMA, Fátima Bernardes, etc, durante a transmissão do GP... tenha dó!! Paciência!!

No ano passado até deram uma melhorada. Com a transmissão começando um pouquinho antes, e o Luciano Burti tentanto "imitar" o "Martin Brundle´s walk" (acho que é esse mesmo o nome)...

Sempre faltou informação e análise da corrida feitas de forma mais calma, sem a costumeira correria para iniciar o próximo programa da emissora...

Tomara que a RGT nos brinde com outra real melhoria na transmissão, ou que, pelo menos, fique no patamar da que foi no ano passado..

Quanto a mim, sempre que eu conseguir o sinal da 'Sky Sports F1' (ou de outra emissora britânica que estiver transmitindo a F1), eu desligarei a RGT...


um abraço,
Renato Breder

Anônimo disse...

Foto abaixo: Tá doido!!!

Anônimo disse...

Muito boa explicação mas a foto ao final deveria estar no quadro "Tá doido!"

Jorge Dias Lage disse...

Caro Corradi,

A ideia de despertar interesse, formar e informar um público novo é, em essência, louvável (além de comercialmente atrativa, como mencionado no post).
Mas é preciso lembrar que se está tratando com educação em uma área tecnicamente sofisticada e que a simplificação, o nivelamento por baixo, pode incorrer em tentativas de revogar leis da física, o que não é aceitável, pois quem é leigo aprende errado e, pior, dissemina errado porque acredita que sua fonte é confiável. Simplificar o conhecimento não significa ensinar errado.
E é possível transmitir um conhecimento tão tecnicamente complexo de forma simples? Sim, desde que as emissoras de TV (os erros não são privilégio da RGT) utilizassem educadores de ciência para orientar seus locutores e comentaristas (inclusive os ex-pilotos) sobre como transmitir esses conceitos.

Como comentário final, gostaria ainda de assinalar que no caso do futebol, preferência nacional em esporte, e que também tem suas complexidades do ponto de vista das estratégias de jogo e regras, parte-se da premissa que todos os espectadores são experts e não necessitam de explicações simples (e ai daquele locutor ou comentarista que cometer um deslize). Mas há muitos que não entendem de futebol o suficiente para acompanhar as transmissões e comentários (há ainda pessoas que não sabem em qual meta o seu time tem que fazer gol). Mas como o futebol é o esporte da maioria, o problema do qual trata o post não se mostra relevante. Tratamentos diferentes para questões semelhantes...

Abs.

Marco Memoria disse...


Pra mim o problema é um só chama-se Galvão Bueno, esse sim um mala sem alça, costumo chamar a figura de Candinha, pois está mais pra fofoqueiro do que um narrador de corridas, ele confunde pilotos equipes e ainda acha que está certo o outro lá que as vezes narra tambem da os seus vacilos, mas pelo menos não tem o rei na barriga!!
Já não tenho muito saco pra assistir a F1 artificial que é o quadro do momento e o Galvão só me faz perder mais o entusiasmo, mas ao contrario do Breder quando assisto é na RGT, mas desligo o som.
Sou a favor do movimento FORA GALVÃO !!!! pela possibilidade de assistir uma corrida sem interferências.

Rafael disse...

Sinceramente, prefiro muito que a transmissão da F1 fosse mais técnica, do que didática (como é toda a linha de jornalismo da Rede Globo). Eu particularmente gostei muito da transmissão do GP de Austin, que só foi transmitido pela Sportv. Lito Cavalcanti dá aula em Galvão Bueno e companhia. Isso já percebemos nas transmissões dos treinos livres, mas em corrida, essa foi a primeira que vi com eles (eu não assisto as reprises que passam na Sportv)
E sinceramente, se vai trazer mais público, que traga um público que se interesse em entender do assunto, e não aqueles que simplesmente dizem aquela velha asneira "Depois que o Senna morreu a F1 perdeu a graça" Se for pra ser assim, que fique como está.

Ituano Voador disse...

Simplificar a informação para atender a um público mais amplo e heterogêneo é algo louvável, digno mesmo de um meio de comunicação que cumpre o seu objetivo.
Agora, o que a Globo faz é distorcer a informação, e isso é má-fé. Então o Massa é mais rápido que o Alonso, mas é prejudicado deliberadamente pela Ferrari, o Bruno Senna é um grande piloto, mas sofreu um golpe na Williams, e por aí vai. Mentir não é simplificar.

Al Unser Jr. disse...

A Globo esta colhendo o que plantou!

Concordo com os pontos do Breder.

Para mim, chega ser vergonhoso o desespero deles em terminar a trasmissão da F1 para começar o EE, com alguma reportagem besta (e são várias assim) ou um super campeonato de futebol de praia e/ou mundialito qualquer para que o Brasil vença (torço contra ou troco o canal e continuo torcendo contra).

Os "assistidores" de padaria tem que dançar mesmo, sou contra essa teimosia de se ensinar-lhes o be-a-ba, cada corrida. Automobilismo não é futebol, exige um pouco mais de raciocínio.

Em tempo, gostei mais da F1 no SporTV em Austin do que via Globulus... acredito mesmo que é melhor que ela vá para a tv a cabo.

Não ou totalmente contra a Globulos, mesmo porque a transmissão já foi melhor... a long time a go!

Slds.

Vinicius Franco disse...

O problema é que entre SIMPLIFICAR e DESINFORMAR há uma linha tênue, sobre a qual o Galvão e sua turma sempre escorregam, empurrados às vezes pela PACHEQUICE, às vezes pela necessidade de chamar a atenção do público (mesmo que sem razão).

Por isso a Sportv dá de MIL A ZERO na Globo.

Alan Ferrazza -Diretor de Arte disse...

Fala muito e as vezes menospreza quem sabe mais que ele. Essa falta de humildade que não se encaixa na minha manhã de domingo. Mas, se formos ver outras possibilidades para que houvesse uma substituição, pelo menos na globo, não teríamos muita esperança...

Obs1: Agora faço parte de um seleto grupo. Lí um artigo na wikipédia sobre efeito coandă.

Obs2: Certa vez num GP do japão lá pelas tantas da madrugada, começou a chover. E lá vai o galvão explicar aquaplanagem, quando para o meu espanto, ele interrompe o raciocínio e diz: Bem amigo, se você está a essa hora da madrugada nos assistindo, com certeza sabe o que é aquaplanagem...

Nem tudo está perdido.

Abraço

Paulo Heidenreich Jr disse...

Pra mim, eles podem falar o que quizer, eu nem presto a atenção no que é dito por eles, presto a atenção na imagem da Tv..

Danilo Candido disse...

A conclusão do Al Unser é perfeita, assino embaixo.

Um abraço,
Danilo Candido.

Emerson Fernando disse...

O problema é essa predisposição em criticar o Galvão.

Na narração do GP de Austin houve muitos erros também. Para quem fala mal do Galvão, a melhor pergunta é:
- Quem substituirá ele:

A narração do Luis Roberto parece que é feita para retardados. Me lembro dele no Gp de Canadá, se referindo à Sauber como "aquele carrinho branco".

Acho que se é ruim com Galvão, pior sem ele.

Obs: O melhor narrador de automobilismo atualmente é o Téo José, que não está na Globo.

WAR disse...

Impressiona a empáfia dos "torcedores" de "automobilizmo".

Tolices do tipo: fórmula 1 não é futebol, exige um pouco mais de raciocínio - são de doer, e remetem a uma ignorância básica, a de justificar a incompetência através da pachorra, do desdém.

Tem gente que diz que se é para ensinar be-a-bá, melhor que a f1 vá para algum gueto - onde o indigitado presume ter acento - para diminuir, diminuir, diminuir até extinguir-se de vez.

Os aficcionados de f1 são tão embotados como os aficcionados de qualquer esporte...e isso ficou constatado aqui.

TW disse...

Belíssimo texto!! Parabéns e esse é o espírito!!

Sejamos mais tolerantes!!