quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Maurice Trintignant
























As imagens acima mostram pedaços da história de Maurice Trintignant nas pistas.

Longa história.

Mais de 25 anos.

Nascido em 1917, esse francês conseguiu passar por diversas fases do automobilismo.

E sobreviveu a todas elas.

Em 1939 ele já havia vencido com seu Bugatti por duas vezes o Grand Prix des 
Frontières na Bélgica.

Sua carreira foi interrompida com a chegada da Segunda Guerra Mundial.

Escondeu seu precioso Bugatti num celeiro esperando o retorno dos tempos de paz.

Não deu outra.

Após o fim dos conflitos em 1945, ele retornou aos circuitos com o velho amigo.

O carro falhou.

As mangueiras estavam entupidas por fezes de rato.

Petoulet em francês.

Não demorou para que a lenda francesa do automobilismo Jean-Pierre Winmille
e Roland, o herdeiro de Ettore Buggati, lhe colocassem o apelido.

Petoulet sempre estava com seu gorro.

Tinha seus motivos para não se separar dele.

Ele escondia as cicatrizes do grave acidente de 1948 que sofreu em Berna.

Naquele tempo a morte não escolhia.

E caçava também os cautelosos.

Na Era da Fórmula 1 seu país buscava um herói para torcer nos autódromos.

Jean Behra e Trintignant disputavam o posto.

Behra lembrava Tazio Nuvolari.

Destemido.

Trintignant, que havia visto seu irmão morrer no asfalto, não tinha essa impetuosidade.

E viu o verdadeiro Nuvolari de perto.

Sabia que não valia a pena perseguir os intrépidos.

Nós sabemos que a Fórmula 1 sempre gostou de recompensar os que preferiram  
esperar.

Ascari, Fangio, Clark, Fittipaldi, Piquet, Prost, Button...

Behra morreu lutando em AVUS.

Sem conhecer vitórias.

Trintignant em 2005.

Com 87 anos.

Foi um piloto monótono.

Repetitivo.

Paciente.

Que aguardava os afoitos terminarem as provas abraçados com seus erros.

Quer um lugar melhor para assistir falhas do que as ruas do principado?

Assim Trintignant triunfou duas vezes em Mônaco.

E também nas 24 horas de Le Mans.

Um sobrevivente, como destaquei no início do texto.

Que viu Ascari, Fangio, Clark...

E os motores mudarem de lugar nos carros de corrida.

Que pilotou até os 48 anos.

E que no restante de sua vida pôde contar suas histórias.

E usar seu tempo para produzir vinhos.

Pacientemente.

Para não cometer erros.

8 comentários:

Rui Amaral Jr disse...

Pilotou até a bela tranqueira do Bugatti 251, acredito que em homenagem à família Bugatti. O carro projetado por Gioacchino Colombo simplesmente não andou! Acredito que foi no GP da França de 56.
Era tio do cineasta Jean Louis.

Anônimo disse...

Rui,

era cineasta ou ator o Jean Louis Trintignant? Ou ambos?

O clássico "Un homme et une femme" com o Jean Louis e a bela Anouk Aimée , de 1966, tem algumas cenas de corrida... inclusive nas curcas inclinadas de Montlhéry...

Até 2 anos depois de se retirar da F1, em 1966, Maurice Trintignant ainda era o piloto com mais largadas na categoria, 81 GPs disputados. Naquele ano foi ultrapassado por Jack Brabham (83 GPs) e Jo Bonnier (82 GPs), outros dois longevos pilotos da F1...

Na "FOTO 1" ele está ao lado de sua 'Cooper T51 Climax', do time de Rob Walker. Esse carro terminou o GP da Argentina de 1960 em 3o lugar. Mas, como Trintignant dividiu a pilotagem do carro som Stirling Moss, o que já não era mais permitido naquela época, não levou os pontos da classificação.

Na "FOTO 2", Trintignant está pilotando uma 'Ferrari 625', no que certamente é o GP mais confuso em termos de pilotagem compartilhada: Argentina 1955.
O #14 foi o carro em que Trintignant largou. Mas ele dividiu a pilotagem da Ferrari #10 com Giuseppe Farina (o dono do carro) e Umberto Maglioli. Pilotou por 22 voltas. Dividiu também a pilotagem na Ferrari #12 com Jose Froilan Gonzalez (o dono) e Giuseppe Farina. Conduziu por 16 voltas. E no seu próprio carro, o da foto, conduziu sozinho por 36 voltas, até abandonar.

E, na "FOTO 3", Trintignant está conduzindo seu 'Gordini T16' tranquilamente num dos retões de Reims, no GP da França de 1953. Acabou abandonando por problemas na trasmissão.


um abraço,
Renato Breder

Rui Amaral Jr disse...

É Renato, o ator e cineasta, tem um vídeo no YouTube em que ele ou alguém ligado à ele, não recordo, anda em uma Ferrari, Daytona acho eu, como um louco pelas ruas de Paris madrugada adentro, o maluco passa Arc de Triomphe a mais de 200 km/h!rs Depois procuro.


Abs

Ituano Voador disse...

Como escreveu o Luiz Fernando Ico Ramos, Trintignant era o homem que não sabia morrer: correu na época mais perigosa do automobilismo, e mesmo assim estendeu sua carreira até os 48 anos. Grande piloto!
Um detalhe é que o acidente em Bremgartem aconteceu na mesma corrida em que Achille Varzi morreu.
Outro detalhe é que ele ainda foi prefeito de Vergèze, cidade em que vivia.

Tuta Santos disse...

Manhê! Quando eu for grande, quer escrever que nem o Corradi.
Tá se puxando, hein? Muito bom. Texto, como eu chamo "em topicozinhos", moderno, cadenciado, curto.

Meus clapclaps pra você.

Alexandre senges disse...

Muito bom Corradi!
Corro de kart profissional e vc falou tudo! Ganhar é chegar o mais devagar possível na frente de todos!

Afrânio Costa PEREIRA disse...

Belo texto caro Corradi

Anônimo disse...

Dizem q quem pilotava era o Cevert