sexta-feira, 20 de abril de 2012

As confissões de Schumi


























Aposentadoria.

Acontece mais ou menos do mesmo jeito.

Depois de anos de dedicação e excelente marcas.

A empresa vai e faz aquela festa.

Aparecem as homenagens dos colegas.

Abraços.

Lembranças.

Reconhecimento dos feitos em serviço.

As palavras nos dicursos são emocionadas.

Honras.

Aí chega o dia seguinte.

Pela primeira vez depois de muito tempo ele não precisa mais ir ao trabalho.

O que fazer?

Esquiar com a família!

Comprar uma moto!

Mas o sujeito vai ficando entediado.

Ele foi acostumado a lutar.

Conquistar.

Então de repente ele resolve visitar a firma em que trabalhou.

Onde sempre foi importante e querido.

Uma volta triunfal.

"Eles devem estar perdidos."

As pessoas o recebem com sorrisos.

É a senha para que ele se torne um "consultor".

E possa dar seus palpites.

"Esses novatos não sabem nada!"

"Ah, no meu tempo..."

Logo ele percebe o incômodo dos que estão em volta.

E fica sem lugar no seu próprio ambiente.

Para seu espanto ele descobre que não é mais importante.

Os tempos são outros.

E pior.

Que não é amado.

Nunca foi.

Mas na correria de um lado para o outro ele não notava.

Mesmo com números espetaculares sua foto não está no mural.

Estão lá duas gerações.

A anterior e a posterior.

Sentados.

Sorrindo.

Dói.

Vem a tristeza.

As pessoas não querem ser esquecidas.

Mas então brota uma esperança.

Um chamado.

Seu ex-chefe e amigo está numa nova empresa.

Seu currículo e experiência vão fazer toda a diferença.

O mercado cria expectativas com a sua volta.

"Eles vão ver."

Trabalhando ao seu lado está um garoto.

"Quem sabe esse menino aprenda alguma coisa comigo."

Porém para surpresa de muitos quem brilha é o mais novo.

Um representante da nova geração.

O menino tem formação e talento.

O ex-aposentado não entende.

E humilhado precisa sorrir amarelo para seus chefes.

Seu brilhante passado vai sendo esquecido.

Ele se torna um peso.

Seu ex-chefe e amigo começa a questionar.

Talvez tenha sido um erro a sua volta.

Mas a necessidade de mostrar que ainda é grande não o deixa desistir.

Ele é um lutador.

Nada veio de mão beijada na sua vida.

"Uma vitória.

Só uma!

E eles dirão novamente que sou o maior de todos."

É difícil.

Penso sempre que saber o momento de parar é uma arte.

Para poucos...

Uma pena que Michael Schumacher não seja um deles.

11 comentários:

Marques disse...

Não sei Corradi. Acho que a história não é tão triste assim. Nunca torci por ele, muito pelo contrário sempre torci para seus rivais (Hakkinnen, Raikonnen, Montoya e Alonso, esses dois últimos nem tanto) mas confesso que queria vê-lo ganhar ao menos uma corrida. Não o considero o maior de todos mas acho um absurdo quando dizem que suas vitórias só vieram através da vigarice. Era e é um excepcional piloto, os números não mentem, apenas possui o pecado de não ser carismático.

politicamente_incorreto disse...

O ego inflado do maior piloto meia boca de todos os tempos falou mais alto.
Ao contrário do Mika Hakkinen que saiu por cima e no auge preferiu voltar e cagar na própria biografia, sempre digo para todos a minha volta que viver em meio as mentiras é normal e viver de mentiras é até prática corriqueira para alguns levarem a vida, alerto apenas que o negócio só se torna realmente perigoso quando o sujeito passa a acreditar nas próprias mentiras....
Essse foi o caso do Schumacher, de tanto ver e rever a sua biografia e as analizando apenas pelos frios números o alemão passou a acreditar piamente que era um gênio fora-de-série e a acreditar em alguns fãs e jornalistas babacas- inclusive alguns brasileiros - de que ele era capaz de vencer a todos no grid até de Minardi...

Confrontado com a dura realidade, sem o melhor equipamento, sem uma equipe 500% dedicada a ele e com um grid mais robusto e cheio de bons pilotos o Schumacher descobriu amargamenter que em condições iguais não consegue ser melhor nem que o seu companheiro de equipe...

Triste epitáfio que o alemão procurou para ele, desprezou o epitáfio magnânimo que o destino lhe concedeu na categoria e de uma forma estranha e trágica começa a dar forma real de quem foi o Shumacher de verdade, apenas um bom e esforçado piloto que por uma conjunção de atos, fatos, ocorrrências e circustâncias foi guindado a condição do maior de todos em numeros, entenda-se bem.

Por fim vemos que a sua volta é ó último apelo dos deuses da velocidade que não poderiam deixar barato essa injustiça, como já sabemos de longa data eles têm o poder de escrever certo por linha tortas,mas às vezes as linhas são tão tortas que deve ser providenciado uma intervenção divina par apor ordem nas coisas.

Essa é a única explicação para o retorno do Schumacher ao circo, o velho e renomado trapezista que se aposentou no auge volta para ser humilhado pelo palhaço do circo.....

Rubem Rodriguez Gonzalez

Rodrigo Keke disse...

Faço coro com o Marques, e acho curioso. Assim como o colega acima, nunca torci para o Schumacher, e agora me vejo torcendo - mesmo que de leve - por uma vitória dele. Seria solidarismo de minha parte?

fernando disse...

o texto do Corradi tá muito divertido. não sei se dá pra encaixar no gênero, mas parece uma crônica, e das boas, muito.

constatar que o multicampeão não soube a hora de parar explica a falta de sucesso, que com toda probabilidade não se reverterá.

dito isso, não me solidarizo com o cabra, a década em que dominou foi a mais monótona no meu ponto de vista de mero espectador da F1, e houve muita manobra de bastidores (sem contar as mui duvidosas de pista) para consolidar esse domínio - além de ter sido uma época em que estratégias de corrida ganahram importância fundamental, algo que realmente não me apetece e não consigo devotar atenção suficiente para compreender/acompanhar.
ainda a nível pessoal e como telespectador, nunca fui entusiasta da equipe italiana, nem com a presença do villeneuve pai.

a presença do alemão no grid hoje em dia não fede nem cheira pra mim.

Ricardo Soares disse...

Corradi, não sei se é/será assim...acho que ele está fazendo aquilo que gosta, ponto, e é isso!
Não morro de amores por ele, muito pelo contrário, mas acho que não fica muito preocupado não...(claro, egos são difíceis de administrar, mas será que ele, realmente, está preocupado com isso???) E, sinceramente, concordando com um ponto seu, tomara que ele vença uma, sem a equipe e/ou Rosberg deixarem (hahaha...já pensou???). Abraços e vida longa ao blog!!!!

Diecast Brasil disse...

Conversa pra boi dormir, o blog do Corradi e muito informativo, passo aqui todos os dias, historias fantasticas um resgate do automobilismo, mas infelizmente quando fala do Alemao, esquece ele vai, ja q ele nao representa nada, faca um favor, muda de assunto. Va a qualquer lugar da Italia, e pergunte sobre o Schumacher (obvio q Maranello nao conta, la ele e mais do q Deus).

Paulo Heidenreich Jr disse...

Não sou fã dele, mas duvido, que com 30 anos de idade ele não estaria disputando de igual pra igual.. A idade pesa. Os volantes hoje em dia tem mais botões do que controle de videogame, apesar de tudo isso ele não faz feio. O Schumacher foi o personagem que a f1 precisava depois de 94. Apesar de tudo, ele manteve os olhos voltados para a F1. Se não tivesse alguém como ele para servir de vilão ou herói (isso é uma escolha de cada um), a fórmula 1 ficaria com uma lacuna imensa a ser preenchida. Esse é o meu pensamento.

Luís Almeida, Portugal disse...

O Rosberg que muitas vezes andou atrás do Nakajima filho, especialmente, especialmente em treinos, quando ambos partilharam a Williams e que nas oportunidades decisivas que teve em várias das suas 110 anteriores corridas, sempre fez algum erro, terá tido na China a corrida perfeita. E até será capaz de ganhar mais, mas piloto a sério, não demora tanto a mostrar algo.
Quanto ao Schumacher, com a idade que tem e regressado depois de três anos de paragem e de um acidente complicado numa moto, é até embaraçoso para um Rosberg na flor da idade tê-lo tão perto de si, e às vezes até à sua frente.
Será que alguém ainda se vai lembrar do Rosberg quando ele tiver a idade que o Schumacher tem hoje? A minha aposta é que poucos o farão.

Humberto Corradi disse...

Luis Almeida

Uns números:

Jenson Button demorou 113 GPs para conquistar sua primeira vitória.

Já Mika Hakkinen demorou 96 provas para chegar ao lugar mais alto do pódio.

Nico é novo ainda...

Valeu

politicamente_incorreto disse...

Luis, o Corradi não comparaou o Schumacher com o Rosberg. O Corradi comparou o Schumacher com o Schumacher, aí o Schumacher perdeu de goleada.....
Os admiradores e fãs do alemão garganteavam que ele deveria correr de Minardi na época para dar "equilibrio" na categoria, quando na realidade ele era apenas o condutor do projeto Ferrari de mandar na F-1 com um carro infinitamente superior aos outros e na equipe só ele podia ganhar.
Só não sabe disso quem chegou de Marte agora ou nunca acompanhou a F-1.

A parte mais cômoica e fantasiosa da biografia do Schumacher é o capítulo que versa sobre a equipe que ele "montou" e o seu trabalho abnegado até conseguir o seu intento que era dominar a categoria.....
Essa é de rolar de rir, quem fala uma asneira dessa não têm a minima noção de como funciona uma corporação. Quem criou o projeto Ferrari foi o Luca di MOntezemolo e o Schumacher era apenas o piloto com melhor biografia naquele momento no grid e o Luca queria o melhor em cada área, aí o Schumacher entrou como o joquei do puro sangue que a Ferrari criava em maranello e ainda semeava verdinhas para fechar os olhos da FIA, aí entra o hábil e competente criminoso que atende pelo nome de Briatore.
É claro que a dupla de boba não têm nada e cercado de todas as garantias contratuais que seria a estrela da companhia nas pistas - aí nada de errado, Piquet, senna, Prost e outros faziam a mesma coisa. a diferença é que os outros nunca tiveram a maquina homogênica da categoria por quase uma década, qualquer um deles teria feito melhor com um F ZERO disputando corridas com F1 - e o resto é história....
Finalizando, não precisou ele pilotar Minardis para equilibrar o grid, bastou um carro mediano na mão do Alonso - outra cria do Briatore, daí a suspeita de vários resultados do espanhol - e foi o suficiente para o sapateiro pegar o caminho da roça. O resto já expliquei no primeiro comentário quando o cara acaba acreditando na própria mentira que o cerca. O fato de tomar pau do Rosberg é detalhe, e quanto mais fraco você tentar provar que o Rosberg é mais fraco será o Schumacher. depois você explica para a gente o que é "um acidente complicado de moto", parece primo de uma afirmativa recente dizendo que alemão fora "destaque do mundial de marcas" , ambas parecem aquelas notícias profundas que assistimos - eu não !!- em programas do quilate do Raul Gil ou Sonia Abrãao.... parecem notícias que não dizem nada, não dizem nada.....e no final não dizem nada mesmo.......


P.S. O Schumacher acaba de ficar fora dos treinos no Q1, foi cuspido para fora pelo Kovalainen de Caterham - é assim que se escreve essa merda? - no popular: foi escarrado para fora do grid por kovalento em sua catarreira.
Rubem Rodriguez Gonzalez

Anônimo disse...

Explêndido texto. Me fez lembrar de uma pessoa que eu conheço muito, que trabalhou sempre na mesma empresa, e aos 30 anos, após a conclusão do curso de Direito resolveu mudar de ares e de profissão. Visitava semanalmente a antiga empresa, onde laborou por 12 anos, até que a sua presença parecia que incomodova, e, aos poucos foi se afastando, as visitas semanais foram se tornando mensais, até que nos dias de hoje, nem visita, nem conversa virtual com os ex colegas existem mais, o que restou foram as expressões: "agora que é advogado nem olha mais pros velhos amigos" " ficou esnobe". É a vida. fazer o quê? Desabafo...