quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Farol























Não gosto da palavra ídolo.

Acho exagerada.

Dá um falso tom de coisa sagrada.

Prefiro dizer referência.

Exemplo?

Usain Bolt é uma referência no atletismo.

Isso é muito importante para o esporte.

A referência ajuda a entender como as coisas funcionam.

Atrai atenção.

Não assisto mais lutas de Boxe.

Você provavelmente também não.

Sabe desde quando?

Meu desinteresse veio quando a carreira de Mike Tyson acabou.

Chegava a ficar de madrugada acordado esperando as lutas.

O mesmo aconteceu com o Basquete da NBA com o fim da "Era Michael Jordan".

Tyson e Jordan eram referências mundiais.

Faziam o Boxe e Basquete entrar nas casas e na vida das pessoas.

Vamos para o Brasil.

"Ah, se não tiver um brasileiro ganhando nem assisto..."

A frase vale para qualquer país do mundo.

Não somos diferentes de ninguém.

Veja o caso espanhol.

Estão alucinados com a Fórmula 1.

O motivo: Fernando Alonso.

O post nasceu por uma impressão.

Grande parte da imprensa brasileira não entende a necessidade da referência.

As pessoas querem torcer.

E isso é muito mal visto.

Você gosta de futebol?

Gosta mesmo?

De verdade: se o Brasil não participasse da Copa do Mundo você assistiria?

Fico olhando alguns jornalistas chamarem as pessoas de "pacheco", "ufanista"
e por aí vai.

Pense na dureza que é assistir a Fórmula Indy.

Imagine então se Tony Kanaan, Helio Castroneves e Rubens Barrichello não
estivessem lá.

A audiência no Brasil daria um número negativo.

Concorda?

Chegamos a Fórmula 1.

Vamos para quase 20 anos do morte de Ayrton Senna.

Não há como ter audiência.

Interesse do grande público.

A maioria não liga.

Seja para Fórmula 1, futebol, judô, ginástica ou natação.

As pessoas só se interessam se um brazuca tiver chance de vitória.

Lembra da Superleague de uns anos atrás?

Dos carros correndo com escudos de times de futebol?

Ou da A1 GP com pilotos defendendo as cores de seus países?

O que era aquilo?

Nada mais do que a tentativa de criar um referência.

Uma ligação.

Fidelidade.

Algo maior.

Que prende.

Que faz soltar um palavrão no erro do juiz ou quando o carro do piloto quebra.

A irracionalidade.

A paixão.

Que um dia pode amadurecer.

E aí sim se tornar amor.

Verdadeiro amor pelo esporte.

10 comentários:

Por Dentro dos Boxes disse...

Corradi,

mais um texto primoroso...

e não temos, de fato, uma referência na F1 a muitos anos...

abs...

Jopa_47 disse...

Que belo texto Corradi! Meus parabéns! Concordo contigo.. Percorri esse fio mágico da torcida ao amor! Mas não deixo de torcer.. Na verdade, eu tinha virado apenas espectador! Mas aquela classificação de SPA do ano passado fez voltar a tona o torcedor adormecido. Quero ver uma vitória do Bruno. Vai ser uma bonita história que eu quero ter o prazer de contar p/ os meus filhos e netos! Quem sabe, vendo alguma corrida em uma madrugada num futuro não tão distante! "A história de um garoto que amava a velocidade..." Sempre venho aqui mas comento muito pouco! Parabéns pelo blog!

Ituano Voador disse...

Bom, Corradi, a questão é o que se pretende alcançar. Nós acompanhávamos Tysone Jordan não porque éramos fãs de boxe e de basquete, mas porque gostávamos dos caras que eram foras de série.
O público do automobilismo na época do Senna, em geral, aqui no Brasil, era fã do cara, e não do esporte. E esse é um problema, na minha opinião, pois a referência serve para atrair interesse (ou seja, audiência), sem que essa massa se transforme em amantes do esporte.
Daí, teríamos que depender sempre de referências para manter a audiência cativa. O esporte passaria a depender de referências. E como criar essas referências?
Realmente, não creio que as referências sejam positivas para o esporte em si (para sua repercussão em mídia, sim, mas essa é outra questão). Mas talvez eu pense assim somente porque eu realmente curto automobilismo, e não as vitórias brasileiras no automobilismo.
Abs

Ituano Voador disse...

PS - veja que nem Tyson e nem Jordan, referências que eram no boxe e no basquete, conseguiram criar essa ligação/fidelidade que você menciona.
Eta tema profundo que você abordou, hein, Corradi? rsrs

Secastro disse...

Corradi,

Primeiramente, bela foto, esta Toleman é realmente muito bonita.

Quanto ao texto, eu realmente gosto é de automobilismo - pilotos são apenas uma parte do negócio. De verdade, para mim não faz a mínima diferença se tem um brasileiro ou não disputando uma corrida.

Mas sei que sou minoria, e o grande público é necessário para os patrocínios, encher autódromos, bancar equipes. Tomara que o automobilismo nacional sobreviva bem a 2013, quando provavelmente não vamos ter nenhum brasileiro em posição de destaque no exterior.

Mas não sou pessimista. Lembremos que Senna nunca foi um produto do automobilismo nacional, aqui só correu de kart - sua primeira corrida de carro no Brasil foi pilotando um F1. Em compensação Zonta, Bernoldi, Junqueira e outros foram genuínos produtos do automobilismo nacional, mas que depois tiveram resultados bem mais modestos. Em outras palavras, ter um automobilismo forte no país não é garantia de produzir campeões, e o contrário também vale. Além de Senna, Kubica é um exemplo recente.

Marques disse...

Concordo com o Secastro. Não preciso de brasileiro para ser fanático por corrida.

P.s: essa Toleman parece um caminhão, não é a toa que o Clive James ficou tirando sarro do peso dela nos "Fia Review" da década de 80.

Paulo Heidenreich Jr disse...

Bela foto corradi.
Eu larguei de mão. Foi-se o tempo em que eu me preocupava com a opinião de rotuladores. Que mania feia é essa. Sei que alguns jornalistas querem ver o mundo pegar fogo, mas as opiniões desrespeitosas de alguns leitores me fazem passar longe de conversas do tipo.
Também não gosto da idolatria, principalmente quando se trata de algo como automobilismo. Acho muito injusto fazermos comparações de quem é o melhor, tendo variações tão grandes de técnologia a cada ano que passa.
O importante mesmo é que somos livres para gostar de qualquer coisa. Danem-se aqueles que me chamam de pacheco por torcer por brasileiros, os que me chamam de viúvas por gostar de Senna, os que vivem chamando os outros de nomes por sentirem vergonha de admitir que gostam de alguma coisa. Rotuladores, seus hipócritas.

Um abraço !!!

Fabio disse...

Quem gosta de esporte não se prende aos ídolos ou às referências. Se prende ao esporte.

Anônimo disse...

Concordo e discordo. Entendo que faz falta um piloto brasileiro com chances de vitória. Talvez, lá no fundo, o brasileiro goste de F-1 e queira um piloto andando lá na frente. E por 20 anos tem se submetido a assistir temporadas e temporadas, naquela esperança. As críticas ao Barrichelo e Massa são prova disso.
Mas o brasileiro exagerara no seu comodismo.

Anônimo disse...


Para aquele que diz gostar simplesmente de esporte, se esquece que em qualquer deles simplesmente deixaria de existir se não houvessem a dependência de um atleta, seja como referência ou como herói. Não existe esporte sem atleta ou atleta sem esporte. Esse conjunto, essa cumplicidade é que dão vida um ao outro. E o mais lindo e apaixonante de se ver quando ambos se completam.