domingo, 15 de março de 2015

Decifrando Van der Garde






























O caso Giedo Van der Garde parece que será resolvido fora dos tribunais.

Nas próximas semanas, a Sauber e o piloto discutirão uma solução ganha/ganha
para ambas as partes.

Mas o que isso significa?

Um acordo financeiro?

Penso que a coisa vai além dos valores materiais.

A situação é muito séria e favorece ao motorista.

Provada pelos deslocamentos de Peter Sauber e dos advogados do Banco do Brasil,
atual patrocinador do time suíço, para a Austrália para acompanhar as decisões do
tribunal local.

Que fique claro, Van der Garde ainda possui o direito de titularidade na escuderia.

O que houve foi uma trégua para a corrida.

E assim iniciar as tratativas de um acordo para resolver a questão de uma vez.

Não há dinheiro envolvido.

Esse não é o objetivo do piloto holandês.

Nem da equipe de Monisha, que também poderia ter oferecido esse caminho para
solucionar o imbróglio.

A Sauber mal tem recursos para abrigar seus mecânicos num hotel.

Então surge a pergunta.

O que quer Van der Garde?


























Para respondermos é preciso dar uma olhada na carreira do piloto até aqui.

Van der Garde possui apenas um título em sua trajetória.

Ele foi campeão da Fórmula Renault 3.5 em 2008.

Batendo adversários como o brasileiro Fabio Carbone, Pippa Mann e Charles Pic.

Dois anos antes ele havia ensaiado sua entrada na Fórmula 1.

Começou participando do programa de jovens pilotos da McLaren.

Mais tarde se viu no meio de uma confusão de contratos entre a Spyker e Super Aguri
em 2007.

Uma briga pela grana.

O que retardou sua estreia na categoria máxima do automobilismo, pois a Spyker
não conseguiu apresentar sua superlicença a tempo para que o holandês participasse
do GP da Austrália daquele ano.

Depois de muitas idas e vindas, Giedo finalmente conseguiria pilotar na F1 em 2013
pela falecida Caterham.

Tocamos num ponto importante ao lembrarmos da história do holandês.

A superlicença para a Fórmula 1.

A mudança de regras para obter a carteirinha que permite o sonho de estar no circo
da F1 pode ser o real motivo de toda essa disputa com a Sauber.

A partir do ano que vem a obtenção da autorização vai ficar cada vez mais difícil.

As lamentações já apareceram.

Susie Wolff abriu o verbo.

Apesar de ter mais de mil quilômetros rodados com a Williams em testes, ela não está
inserida em nenhuma das categorias que oferecem a pontuação de acesso pela nova
regulamentação da FIA.

Assim estaria impossibilitada de obter um cockpit na Fómula 1.

Quais são as categorias?

Fórmula 2 (ainda a ser criada), GP2, GP3, Indy, Endurance (somente LMP1) e
F3 Europeia.

Para ficarmos na principais e que oferecem pontuação mais alta.

(Reparou que a DTM não faz parte?)

Dei uma olhada rápida e pude vislumbrar o futuro ao encontrar os nomes de Pietro
Fittipaldi, Stoffel Vandoorne, Pierre Gasly, Sergey Sirotkin, Raffaele Marciello e
Alex Lynn encaixados no processo e nos tais campeonatos.

Fora os nomes conhecidos como Lucas di Grassi, Sebastien Buemi e Max Chilton.

O novo critério exalta a performance e a regularidade.

Valoriza o talento.

É mister obter resultados significativos para alcançar a pontuação necessária.

Claro que o dinheiro ainda é importante.

Sem ele ninguém se move no mundo do automobilismo.

Se não tiver ao menos um milhão e meio de euros no bolso, esqueça qualquer
possibilidade de participar da GP2 ou da World Series by Renault.

Percebeu a situação de Van der Garde?

Prestes a completar 30 anos, mesmo com dinheiro o holandês estará em breve
com as portas fechadas na Fórmula 1.

Por isso existe a busca de uma solução com a Sauber.

Garantir um cockpit, pelo menos em algumas provas da atual temporada e da
seguinte, resolveria o drama do piloto.

A trégua anunciada indica que a Sauber já entendeu as necessidades e deverá
apontar um caminho.

Criativo.

Pois encaixar três onde só cabem dois não é fácil.


6 comentários:

Gustavo Duque Estrada disse...

Corradi, é por isso que sigo teu blog! Mesmo que nada disso se confirme, é uma hipótese muito plausível e sobre a qual não vemos outras pessoas comentando.

Grande abraço!

Danilo Candido disse...

Ou seja, Van Der Garde deverá ter um cockpit em outra escuderia (Manor ?) ???

William disse...

Talvez Giedo esteja de olho na Haas, por isso a pressão...

O que faz justiça com essas ideias.

Tuta disse...

Só aqui no Corradi que esse assunto não é chato pra burro.

Anônimo disse...

Já disseram tudo, desculpe ser repetitivo, mas não tem como deixar passar em branco:
Impressionante a leitura que você (HC) faz dos acontecimentos, não li em nenhum lugar nada nem de longe próximo ao seu raciocínio!
Sorte a nossa poder acompanhar por aqui e "decifrar" o imbróglio VdG.
Parabéns pela qualidade do seu trabalho!
Zé Maria

Tuta disse...

Ainda bem que não estou falando sozinho.