segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

Avaliativa




















A temporada de 2021 foi de transição.

Parecida com 2013, o último ano antes da Era Híbrida.

Coincidência ou não, ambos vencidos por pilotos da Red Bull.

Circunstâncias diferentes.

Sebastian Vettel terminando seu domínio e Max Verstappen...

Hora de olhar para trás e ver o que de bom foi deixado pelo caminho.

E entender algumas possibilidades futuras.

Quem se destacou, surpresas e decepções.

Esperanças.

Vem comigo.

Haas

Se existe um time que fez questão de não prometer nada para 2021 é a escuderia do engenheiro italiano Günther Steiner.

A cabeça e o trabalho estavam ligados nas novas regras de 2022.

Com Simone Resta e seus asseclas consumindo todos os recursos dentro de Maranello para entregar um bólido bem nascido para a próxima temporada.

Assim, é difícil julgar Nikita Mazepin e Mick Schumacher.

Mazepin correu na maior parte do seu ano de estreia com um chassi remendado por soldas de 2020 que impediam a distribuição equilibrada de peso e, claro, qualquer ajuste de setup decente.

Para entender.

Hamilton possui uma máquina de primeira linha e não achou a configuração ideal em Mônaco (2021). Resultado: não conseguiu competir.

Agora, pensa na Haas...

Schumacher andou num carro um pouco melhor e ele tem apoio total da Ferrari, inclusive no uso do simulador. 

Faz diferença? 

Faz. 

Mick é o primeiro piloto da Haas. O filho da lenda ferrarista que está sendo preparado para dividir a Scuderia Italiana com Charles Leclerc. 

Olho nele em 2022.

Alfa Romeo

Está aí algo que eu não acredito. Não demonstra ter um projeto e ainda perde material humano para outras escuderias. Tem como dar certo?

Kimi Raikkonen mostrou a mesma qualidade de sempre e por isso ficou à frente do lutador Giovinazzi. 

Substituídos. 

Ninguém internamente enxergou futuro na dupla. 

Até porque era necessário quebrar o cordão umbilical com a Ferrari (que lá colocava seus pilotos - Antonio  - e técnicos estagiários).

Acho que Zhou, que deverá trazer 25 milhões de euros entre dinheiro e patrocinadores, e Bottas vão segurar uma batata quente. 

A ver.

Williams

A evolução da Casa criada por Frank neste ano foi testemunhada por todos. O Fundo Dorilton Capital colocou as finanças em dia lá em Grove. E em ordem, a máquina ganhou performance.

O talentoso George Russell alcançou as partes mais acima da montanha do grid. Pontuando em quatro etapas, inclusive com um inacreditável segundo lugar.

Prova também da melhora, Nicholas Latifi trouxe pontos preciosos e que ajudaram a consolidar a oitava posição no Mundial de Construtores. 

Esforçado, esse canadense de família abastada e amiga de Toto Wolff  (daí seu lugar na Williams...) pode, eu disse pode, tentar seguir os passos de seu compatriota Stroll.

Aston Martin

Deu certo, é só repetir.

Pândegos! 

Erraram feio no entendimento e brigaram com o carro o ano todo. Cheios de altos e baixos (dependendo da pista, temperatura, pressão, chuva) Sebastian Vettel e Lance Stroll tinham uma surpresa a cada final de semana. Quase beliscaram um segundo lugar em Hungaroring, mas o pescador não pescou.

Lição: até abotoar camisa, se começar errado...

Olhando para o futuro. 

Lawrence Stroll vai trazendo as peças (material humano) para montar uma realidade vencedora. Investe construindo uma fábrica e um túnel de vento. 

Tudo terá o dobro do tamanho da estrutura utilizada pela Aston Martin atualmente (que foi o quartel general da Jordan no passado). 

Os frutos desses investimentos só deverão ser colhidos daqui algumas temporadas.

 Alpha Tauri

O projeto de Jody Egginton é impressionante. Após substituir James Key (que foi para a McLaren), esse engenheiro, que passou pela Tyrrell, Midland, Spyker e Force India, tomou a prancheta de Faenza para si e vem construindo máquinas sólidas e que trazem bons frutos.

Pierre Gasly e Yuki Tsunoda não podem se queixar das oportunidades oferecidas.  E não podemos esconder que a boa dupla aproveitou bastante. 

Uma máquina (a equipe como um todo) nos trilhos.

Alpine

Os franceses são um time de fábrica. E devem ser cobrados como tal. Por isso há grandes expectativas para 2022. 

Fernando Alonso e Esteban Ocon formam uma dupla perigosa (para os outros). Uma velha raposa rodada e um astuto jovem piloto que não deixou escapar sua primeira vitória.

O salto é imprescindível para o sucesso maior, que é brigar de verdade com suas irmãs fabricantes: Ferrari, Red Bull e Mercedes. 

Feito planejado originalmente pelos cabeças de Viry-Châtillon para 2024.

McLaren

É uma boa equipe. Possui ótimo material humano na parte técnica e boa estrutura. Sua dupla de pilotos é inquestionável.

Mas falta uma detalhe: deixar de ser cliente! Sem isso é quase impossível sonhar.

Outra coisa é o plano paralelo de Zak Brown de colocar em 3 anos a marca do time de forma firme na Fórmula 1, Indy, 24h de Le Mans, Fórmula E e Extreme E. 

Não é muita coisa?

Falando dos pilotos, Daniel Ricciardo penou um pouco para se adaptar. Lando Norris é novo, entretanto ele já sabe como o jogo funciona. 

Highlander! 

Só pode haver um.

Ferrari

Por tudo que vi e li em 2021, a Scuderia Italiana deverá entrar na briga do campeonato novamente. A maior barreira que poderia impedir isso de acontecer é a própria Ferrari e suas más escolhas.

Binotto insiste em dar a mão apenas para Charles Leclerc (o escolhido). 

Deixando Carlos Sainz Jr. ao vento. Mas o espanhol é um piloto de primeiríssima linha. Confesso que o subestimei. Sainz chegou chutando as portas de Maranello, bateu na mesa e alcançou melhor performance do que o herdeiro.

Não é pouco.

Quero ver Harry Porter administrar isso.

Mercedes

Momento importante de parar e reavaliar os processos. Melhorar. A régua subiu e houve muita dificuldade em lidar com a pressão. Erros na pista são reflexo dos bastidores atribulados. Lewis Hamilton gosta de calma e controle. Afobado e espremido, acaba diminuindo a performance.

Toto Wolff precisa lidar também com a chegada de George Russell. 

Aquele um segundo de diferença para os outros e que trazia serenidade, desapareceu. 

Em situação de igualdade, a poderosa Fortaleza de Brackley sentiu e foi massacrada.

Red Bull

Eles foram com tudo quando sentiram o cheiro de sangue. Não esmoreceram nem por um instante. E tinham a arma (carro) e o guerreiro (Verstappen) para cumprir a dura tarefa de buscar novamente a vitória final.

Poderia ter sido mais suave (Baku, Silverstone, Hungria), mas faz parte do jogo.

Por pouco (dias) não trouxeram Valtteri Bottas para compor suas fileiras em 2022.

Prevendo a ameaça, Toto Wolff acelerou o processo de assinatura com a Alfa Romeo adicionando um incentivo: a Mercedes pagará metade dos salários de Bottas em 2022 e 2023, viabilizando desta forma toda a operação.

OK. 

Sergio Perez se mostrou valoroso e acabou 2021 recebendo olhares de aceitação na família dos energéticos.

Agora vem o maior e mais difícil desafio. 

Continuar no topo!

12 comentários:

juniorcaixote disse...

É, Corradi, vamos ver o que acontecerá...

Tomara que tenhamos uma temporada melhor ainda do que a deste ano, com a Ferrari chegando junto, pra valer.

jeferson de araújo pereira disse...

Mazepin correu na maior parte do seu ano de estreia com um chassi remendado por soldas de 2020.

Essa eu não sabia.Essa notícia é, no mínimo, chocante, preocupante.

Cláudio Guerra disse...

Excelente análise!

Humberto Corradi disse...

Agradeço o incentivo.

Bruno disse...

Esse ano deu dó das outras equipes.

Aston Martin, que é fabricante de carros de rua equipados com motores Mercedes, não é fabricante. Alfa Romeo, que também usa motores Ferrari em carros de rua, não é fabricante. O mais engraçado é Alpine que é divisão da Renault, mas solicitou a Lotus para desenvolver os carros de rua e BorgWarner para desenvolver transmissão, é fabricante. AMG que é subdivisão da Mercedes, é fabricante. Quero ver como farão Audi, VW e Porsche.

Fico pensando no fabricante, que tem equipe de engenharia que fica noites em claro, pensando em como fabricar um parafuso mais leve e resistente para conseguir um pit-stop mais rápido, ou ir para a prancheta desenhar um aparato aerodinâmico qualquer e transformar isso em produto. Coitado. Não pode falar que é fabricante.

Transformar folhas de carbono em flaps, não é processo de fabricação !
Quando mudarem esse nome de fabricantes para empresas produtoras de carros de corrida, e divida as votações em cotas de pontuação do campeonato, talvez faça mais sentido.

No fim das contas, existe o mundo real, onde VW que usa cambio Toyota é fabricante. E o mundo das fadas administrativas da F-1, que é bem diferente daquele que estudamos.

Afrânio Costa PEREIRA disse...

Sempre bom nos textos e análises!
Discordo da Octacampeã ter sido massacrada e o desafio da Red Bull de manter no topo...
Abs!

jeferson de araújo pereira disse...

Apenas achismo, apenas uma suposição. Observando o cabelo e as mãos, acho que o piloto que ilustra esse post deve ser o Carlos Reutemann. Pensei também no Gilles Villeneuve, mas, claro, posso estar duplamente enganado.

Marco disse...

Corradi, seus textos são sempre, sempre muito bons!

Unknown disse...

Gunther Steiner é alemão, não?

maxwellman disse...

Corradi, andei ouvindo que a Mercedes não desenvolveu o carro do ano passado, apenas o atualizou para poder focar em 2022. Existe alguma verdade nisso ou seria apenas uma "desculpa" para a perda do campeonato?

Humberto Corradi disse...

Com certeza houve um upgrade depois de Silverstone.

Valeu

Anônimo disse...

Será que a Ferrari subestima tanto assim o Sainz?