O autódromo de Riverside, aquele que virou shopping center, possuía um título.
"A casa que Dan Gurney construiu."
Ele era um piloto local.
Ali mesmo, em 1957, ele foi convidado a participar de uma prova.
Para competir entregaram-lhe uma Ferrari.
Não era um presente.
Ninguém queria o troço.
E não havia bobos.
Entre os que recusaram a dádiva estava Carroll Shelby.
O motor estava em seus últimos dias de vida e dava sinais claros disso.
Porém Gurney mesmo assim foi bem na corrida.
E chamou atenção de Luigi Chinetti.
O ex-piloto italiano que era o braço comercial de Enzo Ferrari na América.
A carreira de Dan Gurney acelerou.
No ano seguinte esse americano defendeu a Scuderia Italiana em Le Mans.
E chegou à Fórmula 1.
Talento puro.
E reconhecido.
Tinha ganho a admiração de Jim Clark.
Não era pouca coisa.
Jack Brabham falou pra quem quisesse ouvir.
"Se Dan tivesse permanecido reinaria absoluto."
Gurney deixou a equipe em 1965.
Brabham e Hulme foram campeões nos dois anos seguintes.
Gurney era muito melhor que os dois.
Mas havia esse defeito.
Acabou tomando decisões erradas.
Fez o mesmo ao deixar a Ferrari em 1959 e a BRM em 1960.
Ambas conquistando o título após sua saída.
Mas a história desse piloto não se resume a isso.
É preciso contar as alegrias.
Foram quatros vitórias na Fórmula 1.
Uma em especial.
Em 1967 ele venceu em Spa-Francorchamps.
Um americano pilotando por um time americano.
A única vitória da Eagle, sua equipe, na categoria.
Uma semana antes ele venceu as 24 horas de Le Mans com o Ford GT 40.
E de forma inédita jogou champagne em todos.
Nascia assim uma tradição entre os vencedores...
Mas os prejuízos da Eagle acabaram bicando todo seu dinheiro.
Emerson repetiria a aventura alguns anos depois.
Mas isso não diminui o seu brilho.
Fora da Europa, Gurney sempre fazia bonito nas categorias americanas.
Nascar, Trans-Am, Can-Am e na Indy.
Em todas colecionou vitórias.
Suas escolhas e a busca do "Sonho Americano" na Fórmula 1 talvez o tenham
atrapalhado demais.
Vou repetir: era talento puro.
Mas isso, ao que parece, não é o bastante para se alcançar o título na categoria máxima
do automobilismo.
9 comentários:
o melhor elogio q gurney recebeu veio do pai de jim clark, no funeral do mesmo. - dan era o único adversário q clark temia.
excelente, Corradi.
conheço uma única foto de Gurney numa Ferrari Dino, ainda de motor central dianteiro, e nunca soube porque ele não permaneceu na equipe.
também nunca atinei para o fato de que teria tido grandes chances de ser campeão mundial se tivesse permanecido na Brabham.
em compensação saiu para construir um dos mais belos F1 de todos os tempos, o Eagle com que venceu em Spa-Francorchamps.
A casa que Dan Gurney construiu... Adorei.
Adorava os carros do Gurney na Indy, mesmo com a All American Racing não indo tão bem, era um lindo carro. Dan Gurney é muito bom mesmo, uma pena não ter sido campeão mundial...
Dan Gurney está entre os grandes nomes do automobilismo. No seu caso, em particular, é muito grande, ou alto, se preferir...
O carro que ele 'construiu' (projeto de Len Terry) para a F1 é um dos mais belos dos anos 60 - se não for o mais belo - e também inovador, com a introdução do chassis #104 (conhecido como Ti-Mag car) do Eagle Mk1, que usava Titânio e Magnésio como elementos de liga.
O Eagle foi projetado para receber o motorzão Weslake V12, projetado por Aubrey Woods - ex-engenheiro da BRM que trabalhara com Gurney em 1960 - e com participação intensa de Gurney no projeto (tanto é que o motor é batizado 'Gurney-Weslake').
* Bélgica 1967 - lá está o nome do motor:
http://f1-photo.com/Ressources/Gallery/1967/Belgium/Engine-Westlake_1967_Belgium_01_BC.jpg
A história de Gurney no automobilismo estadunidense é muito rica também...
* Olha só que carro "feio":
http://www.roadandtrack.com/var/ezflow_site/storage_RT_NEW/storage/images/racing/motorsports/salon-1967-all-american-racers-eagle-weslake2/2110282-1-eng-US/salon-1967-all-american-racers-eagle-weslake.jpg
um abraço,
Renato Breder
Um talento que a F1 não "fisgou"!!!
pode crer, Breder, feio demais...
e essa foto q vc indica mostra a fera prestes a engolir o q estiver à frente - essa vai pro desktop. valeu bro.
abraço
Não sou muito fan desses carros dos anos 60 (prefiro os anos 80 e inicio dos 90), mas tenho que admitir que esse Eagle é bonito demais. O Eagle da foto que o Breder indicou já substitui no desktop a Lotus amarela do Piquet.
Rodrigo
Humberto,
As histórias que você reproduz aqui servem para nos mostrar que existem muitos outros tipos de vitória, de conquista e de felicidade. Como mostra a espetacular entrevista do Verde com o Moreno e histórias ja postadas aqui de pilotos, pelo menos para mim, desconhecidos.
Muitas delas, como a de Dan Gurney,
acaba por colocá-los no mesmo Olimpo de outros campeões.
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