O californiano Richie Ginther aparece nas fotos deste post em três momentos
de sua carreira na Fórmula 1.
Seu físico era mirrado.
Jóquei.
Levinho.
Isso foi uma das coisas que influenciaram na hora em que Phil Hill precisou
escolher um parceiro.
Ginther também era mecânico.
Rodado.
Apesar de seus 23 anos.
Já havia mexido com graxa e engrenagens em oficinas dos Estados Unidos.
E também na Guerra da Coréia.
Quando criança deve ter sido aquele tipo de menino que olha embaixo do carrinho
para descobrir como funciona.
Os dois (Ginther e Hill) dividiram uma Ferrari na corrida Panamericana de 1953.
Depois disso Hill atravessou o Atlântico.
O real desafio estava na Europa.
Ginther ficou.
E viu sua fama crescer.
Se tornou o piloto.
As corridas da costa oeste americana passaram a ter dono.
Entrou na Fórmula 1 pela Scuderia Italiana.
Fez um bom papel.
Assim como na BRM.
Era piloto de equipe.
Que entendia de motores e sabia acertar os carros.
E isso era tudo que os japoneses da Honda queriam.
O sucesso veio no GP do México de 1965.
O time se preparou para vencer a corrida.
Em treinos privados eles adaptaram seu motor para que respondesse da melhor
forma possível ao encarar altitude e seus efeitos.
Foi um massacre.
Por pouco Ginther não terminou uma volta à frente de todos os outros pilotos.
Uma vitória histórica.
Única na vida do piloto na categoria máxima do automobilismo.
Logo a equipe não precisaria mais de seus serviços.
A entrada de Surtees no time encerrou a subida de Ginther na Fórmula 1.
Depois de um susto ele abandonaria as pistas de vez.
Foi em 1967 durante os preparativos das 500 milhas de Indianápolis.
Quando por acidente recebeu um banho de combustível, ele decidiu que era
hora de parar.
Seu retiro foi no Novo México.
Em 1989 ele morreu.
O coração já estava distante da velocidade.
Sem problema.
Ele sempre se divertiu mais preparando os carros.
Fazendo os ajustes.
Futucando.
Tentando descobrir os segredos.
Como na época de menino.
8 comentários:
As fotos e a bio do piloto são bem legais, mas eu não pude deixar de notar a coragem do repórter fotográfico.
parabéns Corradi! como sempre imagens e texto de ótimo gosto e em perfeita sintonia!
E tem algo mais belo que passar os dias tentando descobrir segredos, vendo com olhos de criança?
Os seus textos estão cada vez melhores, é um prazer partilhar este seu espaço.
CG
A terceira foto é emblemática na carreira de Richie Ginther na F1.
É, nada mais nada menos, que seu primeiro GP na categoria... e já a bordo de uma Ferrari... Aliás uma Ferrari especial... uma Ferrari de transição...
A Scuderia Ferrari relutou ao máximo em posicionar atrás do piloto o motor de seus carros.
Mas o sucesso dos carros da Cooper - títulos de pilotos e construtores , em 1959 - mexeu com os italianos.
O projeto de uma Ferrari com motor central (atrás do piloto) teve início.
Phil Hill já estava na Scuderia (desde 1958) e, na certa, influenciou na contratação do 'menino curioso', Richie Ginther.
Ginther e o piloto Martino Severi foram os responsáeis por conduzir os testes com o modelo 246P ('P' de posteriori?).
Já em seu primeiro GP (e com um carro 'experimental'), Ginther marcou 1 ponto ao terminar o GP de Mônaco na 6a colocação.
Esse carro apareceu de novo em Zandvoort, no GP da Holanda, nas mãos de Wolfgang Von Trips, que apenas treinou com o bólido.
A Ferrari revisou completamente o 246P (abandonando o motor 2,4 litros), montou um novo motor de 1,5 litros e o entregou nas mãos de Von Trips que venceu o GP de Solitude da F2, batendo assim os futuros rivais (os Porsche de 1,5 litros).
No GP de F1 da Itália de 1961, a Ferrari inscreveu Von Trips num modelo 156P/F2. Isso satisfazia o regulamento para 1961 e seria um bom segundo teste para o novo motor.
Nesse GP, Von Trips marcou pontos, pela segunda vez, no mundial da FIA com um carro Ferrari de motor central. De bônus, Von Trips ainda colocou praticamente um volta na concorrência, leia-se os Porsches de 1,5 litros..
Numa terceira chance da Ferrari testar o 'novo carro', em competição, a Porsche vingou as derrotas, no GP de Modena de F2. Jo Bonnier venceu, Ginther terminou em 2o numa Ferrari F2 de motor dianteiro e Von Trips abandonou, com o novo carro (de motor central), apresentando problemas nos freios.
A Ferrari começou bem sua história com motores centrais... 2 GPs de F1 e pontos em ambos... 2 GPs de F2 e uma vitória...
No no seguinte, campeão e vice de pilotos e campeã de construtores na Formula 1!
Ginther foi o 5o no campeonato...
Em 1963, Ginther terminou em 3o no campeonato, só atrás de Jim Clark e Graham Hill...
um abraço,
Renato Breder
Ferrari: http://8w.forix.com/246p.html
Breder assinalou a importância contida na foto 3, estréia em GP de piloto e carro - pela Ferrari, e em Mônaco! por certo a referida 'simpatia mecânica'de Ginther deve ter contado nessa escolha.
ano seguinte Ginther foi segundo colocado nas ruas de Monte Carlo, já com a vencedora 156, 3.6 segundos atrás de Moss. o norteamnericano tinha grande orgulho desse resultado, numa corrida que foi uma das obras primas do inglês.
também há a história de um teste em Monza, em que Ginther apontou havia algum problema crescente no motor e alguém lhe perguntou quantas voltas mais duraria, e ele disse "12 voltas", meio no chute - e o dito pifou exatamente em 12 voltas. segundo ele mesmo a partir daí era visto como um 'mago' nos testes.
Phil Hill e Richie Ghinter eram amigos desde o começo dos anos 50, quando trabalhavam como mecânicos. E ambos tinham o mesmo perfeccionismo e a mesma paixão em relação à preparação dos carros, talvez mais do que em relação às corridas.
Interessante notar que esta Ferrari é a precursora dos F1 modernos.
Belo texto. Bela história.
O Discovery Chanell está passando um documentario sobre a transição dos motores frontais para os centrais...Inclusive reverencia Collin Chapman que usou o motor como parte do chassi...é mais ou menos isso aí, pois assisti somente os ultimos 15 min...se puderem assistam...Abs
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