sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Projeto Verão - Terceiro Dia


























Bom dia a todos.

É fácil falar do Ron Groo?

Mais ou menos.

O Blig (ou blog?) do Groo ( clique aqui ) é um lugar meio imprevisível.

No bom sentido.

Não dá pra imaginar o que virá na próxima postagem.

Só dá pra saber que será original e criativa.

Com personalidade.

Por isso o convite.

O inesperado está sempre presente.

Mesmo sendo o comentário de uma notícia.

A análise de uma corrida.

O post sempre fugirá do lugar comum.

E isso é muito bom!

Com a palavra: Ron Groo.






















A primeira corrida

por Ron Groo

“-Quando foi mesmo que inventaram as corridas de carro?”.
“-Ih faz tempo... Foi quando terminaram de construir o segundo carro.”.

Deve ter sido isto mesmo.
Assim que o segundo carro ficou pronto, que foi apertado seu último parafuso alguém
deve ter tido a brilhante idéia:

“-Vamos ver qual dos dois anda mais rápido?”.
E o cara que estava dando uma limpadela no primeiro carro construído pensou:

"-Ora! Porque não?”.

Alinharam as carroças sem cavalo, pediram para que alguém, muito provavelmente um
garoto que freqüentava a oficina, dar a largada. Avisar quando eles poderiam começar.

O moleque então pega um pano sujo de graxa, se posta entre os dois bólidos e avisa:

“-Quando o pano aqui cair no chão vocês saem, OK?”.

Os dois concordam. Arrumam-se nos bancos com os motores devidamente ligados.
Lembre-se que pra dar a partida nos primeiros carros era preciso girar uma manivela
que ficava embaixo do pára-choque.

O menino então solta o pano, que pesado de graxa cai rapidamente.

Dirão os maldosos que o pano caiu muito mais rápido do que os carros conseguiram
largar. Maldade sim, mas não exagero. Na verdade o guri ainda teve tempo de abaixar
e pegar de volta o paninho antes que os carros se movessem.

Mas se moveram, e ao alcançaram a velocidade máxima de exorbitantes 28 quilômetros
por hora.

Então o piloto do primeiro carro chega à frente para contornar a primeira curva, por questão
de segurança diminui o ritmo.

Por loucura ou por descuido o piloto do segundo carro não diminui.

Faz a curva com o carro de lado, nos mesmo vinte e oito quilômetros por hora. A poeira
sobe e encobre os dois. Quando desce a nuvem de pó já estão de novo em linha reta
e o segundo carro agora lidera. E vai aumentar a diferença de espaço a cada curva.

Eis o primeiro piloto, em contraste com o primeiro motorista.

Só que aquele garoto que deu a partida para a primeira corrida e assistiu tudo
prendendo a respiração a cada curva do primeiro piloto começou a pensar que
aquilo sim era diversão.

E que ele poderia fazer melhor.

Quando não estava trabalhando na limpeza das ferramentas ou da própria oficina sentava-se
no banco de um dos carros e fantasiava estar pilotando, mas não aos prosaicos vinte e oito
quilômetros.

Em sua fantasia ele ia a cem, duzentos, quem sabe trezentos quilômetros por hora...

“-Não... Trezentos não...”. - ele pensa.

“-Nunca uma máquina vai se mover a trezentos quilômetros por hora. Mas e se existir uma
máquina que chegue a isto?

Como domá-la?

Até onde pisar no pedal do acelerador?

Por quanto tempo segurar o pedal sem aliviar? Quando aliviar?

E o quanto aliviar?

Pisar no freio?”.

Mas ele tem de esperar por sua vez de comandar uma máquina daquelas.

Alguns anos depois a chance aparece.

Ele está mais velho e o carro agora é muito mais veloz.

Já alcança os cento e cinqüenta quilômetros por hora em curvas.

Na reta com um pouco de coragem chega aos duzentos.

Então ele se senta. Esperou muito por isto, não vai perder a chance.

Liga a máquina e sai.

Não são os trezentos quilômetros por hora de seus devaneios, mas que diabos, quem liga?

Ele a doma com a ponta dos dedos.

Pisa no acelerador até encostá-lo no assoalho do carro, segura o pé no fundo até se aproximar
o máximo e o mais rápido possível da curva e só então alivia.

Pouco.

Apenas toca no freio, o suficiente para que o carro contorne a curva no trajeto e com segurança.

E pensa nisto tudo enquanto o carro se movimenta. Tudo ao mesmo tempo.

Eis o primeiro fora de série.

Logo aparecem mais construtores de carro, mais pilotos. Só alguns são fora de série.

Muitos são apenas motoristas.

Todos querem correr. Todos querem ser os melhores.

Eis o primeiro campeonato.

E é assim até hoje.

Que venham as emoções desta temporada. Que apareçam mais moleques de oficina.

Estamos prontos.

16 comentários:

Anônimo disse...

Pro terceiro capítulo, nada melhor que a criatividade e versatilidade dos textos do Groo!!! Maravilha...

Mto bacana, moçada! Parabéns pelo projeto!

Opinião (dispensável... kk): realmente quem inventou as corridas não tinha idéia da dimensão q isso ia tomar, mas acho que as corridas de antes eram muito mais originais, sem essa frescura demasiada de pistas tilkianas previsíveis, chassis similares e copiados aos montes, regrinhas xaropes de pneus, motores sem graça (que ficarão mais sem graça ainda a partir de 2013)... enfim... nem coragem o piloto precisa ter hj em dia...

Lamentável, mas é bom q as corridas tem histórias para lembrarmos...

Valeu Corradi, valeu Groo!

Anônimo disse...

Ótimo texto, Groo!! Parabéns a você e ao Corradi!!

Carlos Henrique

zamborlini disse...

muito bom groo!!!

Tohmé disse...

O Groo, apesar de canalha, é escriba de mão cheia...he, he

E.Martins disse...

Que texto fodástico! Incrível!

ALEX disse...

Legal o texto, pensar q algo q foi criado para facilitar o nosso transporte e de repente tornar-se um esporte, um instrumento de competição.. e diga-se de passagem funciona muito melhor da segunda forma!

Ricardo Reno disse...

Ron,

Lindo texto, dizer mais o quê?

Lembrou de um texto do Saramago "A Junta do Motor".

http://caderno.josesaramago.org/59935.html

Corradi, mais uma vez parabéns pela iniciativa.

Anônimo disse...

Uau! Belo texto, Ron Groo.
Eis o escritor.

Bela descrição da arte da pilotagem.
Eis o jornalista.


um abraço,
Renato Breder

André Candreva disse...

Groo,

texto maravilhoso... parabéns...

e mais um vez, parabéns tmb ao Corradi, pela brilhante iniciativa...

bom d+

abs...

Rubem Gonzalez Filho disse...

impresionante essa historia,28 km/h,chega a ser ridiculo,pois usain bolt no seu recorde dos 100 m chegou a 40km/h,boa mesmo,e assim comecou essa doenca que afeta muitas pessoas como todos os visitantes de blog,hehe

Marcelonso disse...

Groo,

Essa é a essência do esporte que amamos...

Nossa trupe curte a F1 com ou sem brazucas na disputa. É obvio que se tiver um que possa fazer bonito é melhor...

Mas no fundo o que importa para nós, é uma bela corrida - recheada de disputas do inicio ao fim.

abs

Ron Groo disse...

A todos meu muito obrigado, mas principalmente ao Corradi, que postou meu texto com fotos tão lindas.

Marcos Antonio disse...

Já falei pro groo, q se eu fica rmilionário, eu banco um livro dele. e sei que não vou arrepender, porque textos maravilhosos como esse o groo tem um monte.

fico mto feliz de estar em um projeto com tanta gente boa!

Rafael Schelb disse...

Ótimo texto do Groo, pra variar.

Ingryd disse...

Se o homem não esperou nem os motores para correr e competir... Dizer que a crônica do Ron é maravilhosa é pura redundância, né?

Paulo Levi disse...

É sempre um prazer ler os textos do Ron Groo, mas nesse aí ele se superou. Parabéns!