quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Falha























Vou começar com uma repetição.

Merecida.

Fernando Alonso é genial.

Já disse isso em outras ocasiões.

O elogio existe por um motivo.

O espanhol consegue sempre façanhas com suas máquinas.

Mesmo nos piores momentos.

Sua capacidade de adaptação se destaca.

Consegue perceber e modificar sua condução sempre que necessário.

E na maioria das vezes, mais rápido que seus adversários.

Um fenômeno.

Assim como Hamilton e Vettel também são.

O trio forma o que há de mais excelente na Fórmula 1.

Mas o asturiano possui um ponto fraco.

Não falo do seu jeito de ser.

Que para muitos parece arrogante.

Sua difícil história de vida o moldou assim.

Por isso Ferdi não gosta de bobagens.

E não se deslumbra com as luzes que um piloto da categoria máxima do
automobilismo atrai.

Isso por vezes é incompreendido.

Se existem gracejos de sua parte, eles aparecem carregados de ironia.

E, com certeza, pretendem expor um alvo ao ridículo.

A falha não está em nada disso.

O problema é técnico.

E dificulta muito seu trabalho.

Falo da falha em executar o seu melhor em uma volta lançada.

Da busca pela pole position.

Neste quesito, Alonso falha miseravelmente.

Com 22 largadas em primeiro (menos da metade de Vettel e Hamilton) no
currículo, o espanhol já está sendo ultrapassado por Rosberg (uma a menos).

Calma!

Ninguém aqui está querendo comparar a atual McLaren com Ferrari ou Mercedes.

Vem comigo.

A questão envolve o equilíbrio das forças.

Largar na frente faz muita diferença.

E nos últimos anos da Fórmula 1 tem feito toda a diferença.

Citando a dominante Mercedes, ser pole significa 90% de vitória.

Ainda mais depois que você aprende a não dar mole pro companheiro!

O pole escapa da confusão.

Quantas vezes vimos grandes expectativas ficarem na primeira curva?

Na embolação.

Nesta Fórmula 1 cada vez mais detalhista, começo a ver Vettel e Hamilton
se desgarrarem de Fernando.

Numa hipótese de condições mais equilibradas entre os três, a dupla sempre
terá vantagem sobre Alonso.

Até porque a turma que vem logo atrás (num grid tão reduzido) está mais
gabaritada do que nunca.

Ricciardo, Verstappen, Rosberg, Raikkonen, Massa, Bottas...

Quem não quer se livrar dessas figuras logo no início?

Entende a dificuldade?

Pense nos pontos perdidos ao longo de uma temporada por conta de tal
deficiência.

Considero o problema tão grande, que acho a única alternativa para que
Fernando volte a ser campeão é num carro dominante.

Bem superior aos outros.

Lutando contra uma dupla de pilotos possuindo tantas qualidades, só existiria
essa alternativa.

Na igualdade, quando o mais próximo da perfeição vence, a falta de destreza
de Alonso com o sábado tornará ainda mais clara a dificuldade de ser tornar
um candidato real para a conquista de um campeonato.

A tendência será sempre perder o título nos detalhes da largada.

Acidentes, toques ou uma escolha mal feita para direita ou esquerda.

Pronto

A corrida está comprometida.

A vitória se tornou inalcançável.

Pontos jogados fora.

E mais uma vez o ano terminará em frustração.

Estou sendo duro demais com um piloto dono de um talento tão grande?

Não.

Pois estamos numa Fórmula 1 de milímetros e milésimos.

Na qual tamanha desvantagem é imperdoável.

Não por mim, claro.

Falo dos outros.

Daqueles que não perdoam falhas.

Os quais nem precisamos mais mencionar os nomes.

















14 comentários:

Edson Framil disse...

Justo você fazendo uma análise superficial assim? Ele até pode não ter a velocidade fatal de Vettel ou Hamilton mas é bom lembrar que:

1 - quantos anos de Ferrari ele não teve carro suficientemente bom para competir pelas poles?

2 - olhando para os anos de Renault e Mclaren ele não foi tão mal assim ( pra dizer o mínimo)

Ituano Voador disse...

Bom, essa informação permite outra leitura: Vettel obteve 66,6% de suas vitórias largando da pole, e Hamilton, 62,7%. Já Alonso largou na pole em apenas 40,6% de suas vitórias, o que sinaliza uma maior capacidade de combate na disputa, ou seja, para Alonso, largar na pole não é algo tão determinante quanto é para Vettel e para Hamilton.
Abs

Jeferson Araujo Pereira disse...

Muito bom! Uma bela análise técnica.Eu nunca tinha reparado que o número de poles conquistadas pelo Alonso é tão inferior se comparado com os números de Hamilton e Vettel.Concordo 200% com o seu texto.

E é assustador constatar que Rosberg (um piloto mediano, um piloto do segundo escalão) irá ultrapassá-lo em breve no quesito número de poles.

Odeio a personalidade do Alonso (arrogante, egocêntrico, grosso etc) mas o seu talento na pista, com alguns momentos de genialidade, é incontestável.

Quem melhor definiu o Alonso, ao checar os números de ambos na telemetria, foi o Nelsinho Piquet: "Ele é foda"!

Reube Reis disse...

Nos tempos de Renault, Alonso nem precisava fazer a pole, com aquele sistema de largada pulava da segunda fila direto pra primeira posição...
A prova que Alonso não é tudo isso em classificação foi aquela vez que atrapalhou o Hamilton na Mclaren, para que o inglês não melhorasse o tempo.
Alonso só judiou mesmo do Piquet Jr, Massa e do Kimi neste quesito, apesar do Kimi andar 15 kgs mais pesado é isso mesmo?

Tiago disse...

Alosno tem um dedo podr pra decisoes.

Se tivesse ficado pra sempre na Renault / Lotus, já teria provavelmente ganhado mais um campeonato. Se Räikkonen barbarizou com o carrinho preto e depois foi flambado pelo asturiano, imagina se o companheiro do Groejan fosse ele? James Allison nao teria saído de lá, haveriam mais patrocinadores, e ele seria a estrela da volta da Renault como equipe oficial, isso sem nunca ter dado chance pra Massa e Raikkonnen (que nunca deixou a F1) competir com a RBR.

Anônimo disse...

Essa análise serve também para o Kimi na época da Lotus.
Se ele tivesse feito sábados melhores, teria ganhado umas 4 ou 5 corridas a mais, talvez lutasse pelo título até a última corrida em 2012 (provavelmente não ganharia a corrida, mas chegaria com chances)

Felipe Meneses

Rafael Vieira disse...

Como diz o ditado: "Peixe morre pela boca", por isso um piloto tão excepcional como é (deixo claro que não gosto dele pela falta de caráter, choradeiras e proteção exacerbada) só conseguiu 2 títulos em uma Renault que existia a forte suspeita de irregularidade técnica, mas quando a luz verde se ascende o rapaz faz a diferença.

Jorge disse...

Nem sempre uma pole é uma vitória Corradi!
Em 2013 a Mercedes fez 8 poles na qual 2 foram convertidas em vitórias.

Ron Groo disse...

há outro ponto fraco no Alonso, o dedo podre para escolher ocasiões de troca de casa.

Anônimo disse...

Concordando com quase tudo, apenas diria o seguinte:
O Hamilton também é muito propenso à chuvas e trovoadas, tem dias em que faz uma burrada atrás da outra, mormente quando não larga na frente, daí vem todo estabanado e estilo vaca louca.
Certo é que com a Mercedes a possibilidade de largar atrás tem sido remota, mas é fato que se ele tiver que escalar o pelotão, a chance de fazer uma burrada sobe exponencialmente.
Zé Maria

Eduardo Casola Filho disse...

Essa situação fica ainda mais escancarada se lembrarmos de uma corrida específica em 2012.

Foi em Suzuka. O espanhol carregava uma liderança confortável no mundial de pilotos, mesmo sem ter o melhor carro.

Mas na largada, teve um toque com a Lotus de Kimi Raikkonen e, com o pneu furado, rodou e ficou na brita após a primeira curva.

Vettel ganhou a prova tranquilamente, com Massa em segundo e Kobayashi em terceiro. O espanhol poderia, ainda que na pior das hipóteses, chegar em quarto ou quinto.

No fim do ano, Vettel foi campeão com quatro míseros pontos sobre Alonso. Ainda que o alemão tivesse um carro superior e um melhor aproveitamento de suas poles, essa corrida japonesa foi o ponto de mudança do campeonato.

Por conta de um detalhe, uma posição desfavorável de largada em uma prova específica, Alonso deixou de ser tricampeão.

Se conseguisse, estaria em igualdade estatística com Vettel e Hamilton. Um detalhe que, por menor que seja, fez uma grande diferença na carreira deles.

Daniel Chagas disse...

Na minha visão Hamilton é o mais veloz dos três, tem a maior velocidade "pura" digamos assim, é o melhor em volta lançada.Já o Vettel é o mais constante, é o piloto mais regular, principalmente em corrida e finalmente o Alonso é o piloto que consegue extrair do carro o máximo possível, é o cara que consegue tirar leite de pedra. A questão de ele ter "apenas" 22 poles na minha opinião é mais por causa dos equipamentos que ele tinha em mãos e das circunstâncias envolvidas do que de sua capacidade. Na Ferrari por exemplo, ele passou 5 temporadas com carros medianos e consequentemente era difícil fazer poles, fora os dois anos de Renault(08,09) com carros também medianos para não dizer ruins. Soma-se tudo isso são 7 temporadas com carros mequetrefes em comparação a Mclaren (08), Brawn (09),Red Bull (10,11,12,13) e Mercedes (14,15), equipes que foram as dominantes dessas tesmporadas. Alonso é vítima dele mesmo, de suas escolhas erradas. Mas continua sendo na minha percepção o melhor piloto do grid, o que ele fez na Ferrari foi de se aplaudir pois nunca teve um carro realmente vencedor mas mesmo assim fez diversos milagres.

Júnior disse...

Interessante. Mas você só esqueceu de um detalhe. Enorme. Vettel fez milhões de poles ao pilotar por quatro anos seguidos um carro imbatível que tinha como principal característica? Imbatível em volta rápida. Veio 2014 e? Zero pole. Veio 2015 e? Uma pole. Hamilton, idem. Carro imbatível em 2014 e? Apenas 7 poles contra 11 de Rosberg! 2015? 11 poles e parou aí. E nos outros anos? Infelizmente, nessa F1 de hoje, é preciso carro superior pra pole. E, exceto 2005 e 2006, quando Fernandinho teve um melhor carro pra lutar por pole? Nenhum! 2007, tinha um carrão, assim como Hamilton e as duas Ferrari. A coisa ficou equilibrada. 2008? Carro terrível. 2009? Idem, e ainda assim, fez uma pole milagrosa. 2010 a 2014? A Ferrari jamais teve carro pra pole e ele? Beliscou umas aqui e ali. 2015? Melhor nem falar. Sim, volta rápida nunca foi o forte do espanhol, mas sem carro pra isso, fica difícil, né?

Abraços

politicamente_incorreto disse...

fueda era fazer trocentas poles na década de 70, depois do advento das Mac Laren e Wiliams que na metade da década de 80 inauguraram as temporadas de um "carro" só com poucas exceções esse fator pole pode ser relegado a segundo plano.
Explico: Se em alguma hipotese o Massa e o Bottas por exemplo tivessem por algum coelho na cartola dividido todas as poles de 2015 provavelmente não teriam ganho corrida alguma pois numa F-1 com trocentas paradas nos boxes , pneus de farinha e a diferença abissal de comportamento em corrida só leva vantagem o cara do melhor carro que larga na frente do seu companheiro.
E mesmo assim no caso da equipe permitir o embate entre eles, caso contrário nem isso vai acontecer porque o "segundo" piloto vai abrir caminho para o ungido da equipe,
Até porque a pior da pior colocação que um piloto com carro e potencial para fazer a pole será um quarto lugar no grid, salvo um acidente de percurso jamais via ficar no meio do grid e hoje para quem está com o melhor carro largar em primeiro ou em quarto é a mesma coisa......
Bem lembrado pelo Junior que o pessoal que fez bilhões de poles só o fez montados em foguetes de outro planeta, na decada de 70 era diferente porque o conjunto mecanico de 80% do grid eram Ford Cosworth DFV,

A titulo de curiosidade em 1975 por exemplo de cada 30 carros que se apresentavam para uma classificação eram duas ferraris, uma anemica BRM e 27 Ford Cosworth, em 1976 eram dois brabham alfa, duas ferraris, uma Ligier e pelo menos 25 Ford Cosworth