quinta-feira, 11 de março de 2021

A Saga de Lawrence















Começamos nas vésperas do outono europeu.

O ano era 2014.

Caterham, Marussia, Sauber e Lotus estavam em maus lençóis financeiros.

Lawrence Stroll estava caçando uma escuderia na Fórmula 1 para chamar de sua.

Durante a demanda, Gerhard Berger era seu guia.

Lotus e Sauber foram eleitas.

Bernie Ecclestone se aproximou do empresário canadense e sugeriu que ele pedisse conselhos para um velho conhecido.

Flavio Briatore.

O italiano, empresário de Fernando Alonso (já voltamos no piloto), apontou a Lotus.

O que se revelou ser mais difícil.

Havia o cheiro do dinheiro de Pastor Maldonado derramado por todos os cantos da equipe.

Era um empecilho.

A Sauber, parceira da Ferrari (academia de Lance), se mostrou mais viável.

Já no final daquela temporada (2014), Stroll e Peter Sauber não se entenderam.

Nem com quase 80 milhões de euros sobre a mesa.

O tempo passou.

Chegamos até 2017.

Com Lance conduzindo a Williams, seu pai apontou cada vez mais seus canhões para o time de Frank.

Na Casa de Grove, ele falou para Claire sobre uma proposta ousada.

Trazer Fernando Alonso (eu disse que ele voltaria) para correr ao lado de seu filho e ainda aumentar seu aporte financeiro na tradicional equipe.

Lawrence bancaria o salário de Ferdi (25 milhões euros) e assinaria um cheque de 40 milhões de euros para a Williams.

Claire recusou.

Em 2018 Stroll estava encantado pela Haas.

Pelo modelo seco.

Assim ele tornou a falar nos ouvidos da filha de Frank.

Um cheque de 80 milhões de euros, uma parceria mais estreita com a Mercedes e um sensível corte nos gastos (demissão de 200 cabeças).

A Williams ainda acreditava no sonho de ser grande sozinha.

E novamente disse não.

O fim nós já sabemos.

Lawrence foi embora e montou seu acampamento na conturbada Force India.

Nascia a Racing Point.

A ideia de ter a dupla de pilotos formada por Alonso e Stroll seguia no horizonte.

Além das pistas, Stroll queria repetir o sucesso da Tommy Hilfiger na marca Kimoa do piloto espanhol.

O horizonte seria 2020 por causa de acordos firmados com Sergio Perez.

O acidente em Austin e as declarações de Alonso sobre Stroll (piloto amador) acabam com tudo.

Palavras são flechas lançadas.















Briatore deve ter coçado a cabeça.

As temporadas de 2019/2020 foram de investimentos no time.

Stroll queria brigar pelo terceiro posto já em 2020.

Conseguiu.

Com a chegada dos novos regulamentos, o objetivo era estar sempre no pódio.

Acordos firmes de patrocínio foram selados (BWT).

Toto Wolff se tornou o melhor amigo.

A intimidade era tanta que, em Gstaad na Suíça, até tramaram um plano B (uma nova categoria) com Ecclestone e Montezemolo, caso a Liberty não atendessem seus interesses.

Stroll já investiu mais de 150 milhões de euros com a Racing Point.

A cartada final veio com a Aston Martin.

Direito de usar por 10 anos deste nome tradicional do mundo do automobilismo na Fórmula 1.

Com 17% de controle da marca.

Selou a parceria com Wolff e a Daimler.

E ainda possui 120 cabeças para construção de sua própria unidade de força.

Com projeção para apresentar o primeiro protótipo ainda nesta temporada.

Stroll construiu sua escuderia. 

Com um nome inquestionável.

Boas parcerias.

E com Sebastian Vettel.

Um piloto experiente, agregador e que caiu do céu graças a uma doideira da Ferrari.

Sorte?

Pode ser.

Mas sabemos que sem preparo, nem a sorte ajuda.

9 comentários:

Tuta disse...

Ah, se os livros de escola fossem escritos assim.

Leandro Angelo disse...

A Williams perdeu muitas chances de ser grande de forma permanente. Quando BMW foi embora havia uma proposta de aquisição. Teve essa proposta do Stroll, a Renault chegou à flertar em ser sócia da equipe.

A teimosia da Familia acabou levando eles ao ponto de sair por baixo e vender para um grupo obscuro e temerário

LGD disse...

Saudades destes textos!

Paulo Moreira disse...

Belo texto e excelente resumo da aventura de Lawrence Stroll na F1, um nome cada vez mais falado na categoria.

Abraço

visitem: https://estrelasf1.blogspot.com/

Eduardo Sacramento disse...

Lance Stroll é um piloto fraco. O papai pode ficar revoltado e quer ajudar o filho a melhorar, mas o Alonso não mentiu. Contratou o Vettel, que está muito distante do ápice de sua pilotagem. Hoje, sequer acredito que o Vettel pilote nem num nível próximo do Bottas. Mas talvez isso que o papa Stroll deseja, tentando valorizar sua cria.

Eduardo Sacramento disse...

Posso estar enganado, mas a proposta da BMW foi apenas antes dela comprar parte da Sauber. A Williams teria vendido parte dela e depois a empresa alemã sairia da mesma forma.

Vico disse...

Impressionante o cara se aprochegar com o "todo poderoso" Toto Wolff (virando um cordeirinho desse), fazer lobby pra criar uma outra categoria (Formula Hamilton?) caso a Liberty não atendesse os interesses deles (atendeu e o resultado é a porcaria de categoria que vamos ter no mínimo até 2025), mexeu pauzinhos, tentou comprar equipe X ou Y... mas não entendeu que dinheiro não compra talento.

O Stroll pode até copiar o Leclerc e bater o Vettel, mas jamais será material pra campeão (a não ser que a COVID pegue Hamilton, Bottas, Perez e Verstappen, mesmo assim ainda corre o risco de perder pra Riccardo e Norris). Posso estar redondamente enganado e esse comentário virar print, até tinha certa simpatia pelo cara depois das porcarias que o Mazepin fez, mas depois desse texto, pfff.

Aliás tô muito inclinado a não acompanhar F1 a partir desse ano (essa superestimação do trabalho da Band, essa lenga-lenga toda do filminho da Netflix, nada disso tem a ver com automobilismo pra falar a verdade), vou ir atrás da IndyCar aonde for transmitida (espero que no SBT ou Cultura).

Patrick Vaz disse...

Cara!
Que saudade de ler seus escritos!
Continua, por favor.
Nesse mundo chato de cada vez mais vídeos, ler suas matérias é excelente.

Rodrigo Keke disse...

Ótimo texto! Ler textos bem escritos e além do protocolar na web está se tornando tarefa cada vez mais inglória.

Sobre a saga de Lawrence e seus planos de dominação mundial: inegavelmente o homem é um trator dos negócios. Fico até surpreso com o tanto que ele insistiu na problemática Williams dos últimos anos, embora eu possa entender o apelo que o lendário nome gera no mundo do automobilismo. No fim das contas se apossar da interessantíssima estrutura da Force India, transformando-a em Racing Point e agora Aston Martin parece ser um caminho mais saboroso do que o da combalida Williams. Contudo esse início de temporada está sendo um balde de água fria, eles estão muito atrás do que se imaginava. E Vettel, que merece o benefício do tempo de adaptação ao novo time, já está notoriamente incomodado com o 'gato por lebre' que está experimentando. Por outro lado, vamos ver por quanto tempo Lawrence terá paciência com este Vettel errático que saiu da Ferrari mas que deixou a cabeça lá em Hockeinheim-2018...