terça-feira, 2 de junho de 2020

Ivan Capelli
























Interessante.

Tentando desvendar a história de um piloto descobrimos muito sobre toda uma categoria.

O piloto é Ivan Capelli.

A categoria é a Fórmula 1.

Ainda criança ele teve uma experiência marcante.

Seu pai produzia comerciais para a Parmalat.

Certa vez levou o filho até Fiorano.

O garoto, bem comportado, chamou a atenção de Ermano Cuoghi.

O mecânico-chefe do carro de Niki Lauda.

Num instante o menino estava dentro da Ferrari.

Capelli tinha 11 anos.

Esse italiano passou por todas as etapas de formação.

Kart, Fórmula 3, Fórmula 3000...

Em 1985 fez sua estréia na categoria máxima do automobilismo.

Nada heróico.

A pista de Brands Hatch ele nem conhecia.

Ken Tyrrell foi seco.

"Se você quiser é assim: sentar e dirigir!"

No ano seguinte pilotou algumas vezes pela AGS.

Um time que possuía 7 funcionários.

Já na March teve sua melhor época.

Foi quando guiou um desenho de Adrian Newey.

Em 1992, 17 anos depois, ele voltou a sentar numa Ferrari.

Mas nada deu certo.

Capelli estava acostumado ao ambiente das pequenas equipes.

Familiar.

Onde todos falam com todos.

O excesso de burocracia da Scuderia Italiana arrasou com sua motivação.

Sua sinceridade é reveladora.

"Não tinha concentração.

Depois de 4 horas de trabalho meus pensamentos estavam em outro lugar."

Outro fator foi a pressão de uma equipe grande por resultados.

O desconforto foi imenso.

Os jornais italianos chegaram a dizer que ele não tinha glóbulos vermelhos suficientes para estar na equipe.

Foi uma decepção.

Aqueles que trabalharam com ele na March tinham a certeza que ele no futuro seria um campeão.

Estavam enganados.

Ainda houve uma tentativa pela Jordan.

Em vão.

Sua carreira havia terminado.

Com o passar dos anos a tristeza o deixou.

Nada melhor que o tempo para curar feridas.

Se tornou um bom comentarista na TV italiana.

Hoje ele se empolga quando perguntado quem foi o melhor.

"Senna".

Sem hesitar.

"Eu o conhecia desde o Kart.

Era impressionante.

Ele sempre fez coisas diferentes na pista...

Só ele conseguia fazer aquilo!"

E quando vai descrever as manobras, com seu jeito alegre, quase cai da cadeira.

Talento, oportunidade...

Ivan Capelli não pode reclamar.

Sua biografia mostra um pouco de que são feitos os campeões na Fórmula 1.

Talento e oportunidades não bastam.

É preciso muito trabalho duro.

Dedicação.

Suportar a pressão.

E até mesmo um pouquinho de sorte.

Não falo da ventura comum.

Mas aquela que acompanha os que se esforçam e lutam mais do que os outros.

12 comentários:

zamborlini disse...

belo post.
pra variar.
e mais uns detalhes.
se observarmos a primeira foto
e pintar de branco, azul e amarelo
teremos a willams fw15.
a foto com a ferrari foi em monaco
entrada da la rascasse 1992
o carro fica virado em 90º
estranho
como foi todo o ano de 92 para ele.

Anônimo disse...

... e M.C., escreve: Corradi. Quando voce for falar do Clark ou do Fangio, será um treco tão grande que ultrapassará em tamanho os busões do senhor Groo, "O Irredutível" ! Se com Ivan " O Terrível " Capelli foi isso... e o cara tem 0 vitórias na F1 em 93 largadas ! Nem uma chuvinha ajudou o cara ! Umas batidinhas... foi 2º na França, em 1990. 3º na Bélgica e 2° em Portugal, em 1988, e 7º neste mundial... carambola... Não fale do Niki Lauda pois precisará escrever um livro ! Só o GP da Alemanha em 1976...

Anônimo disse...

Não gostava do Capelli. Torcia contra nos tempos da March azul-piscina. Isso porque torcia para Gugelmin sair-se melhor que seu companheiro, mas era difícil a concorrência.
Depois peguei simpatia pelo italiano, mas aí a Ferrari não ajudou.

Abraço,
Emerson Fernando

Marcelonso disse...

Corradi,

Capelli teve sua chance. Escreveu uma bela história...


abs

Anônimo disse...

Capelli na Ferrari, em Mônaco. Aqui uma foto de outro ângulo:

http://farm7.staticflickr.com/6123/5986049170_2b40a7f66e_z.jpg


E aqui o vídeo do incidente:

http://www.youtube.com/watch?v=FTAK2m6YXGA&feature=player_detailpage


um abraço,
Renato Breder

Rodrigo Keke disse...

Graças a postagens como essa eu passei a visitar o blog diariamente. Passei também a ficar desanimado pra criar um blog sobre automobilismo - a concorrência é pesada. Felizmente, pra nós que gostamos desse esporte tão idiossincrático.

Parabéns e "que droga!" Corradi!! rs.

Speeder76 disse...

Ivan Capelli - o piloto e não o blogueiro - foi de facto um excelente piloto. E é como dizes: era muito bom numa equipa pequena, e foi à volta dele que a March voltou à Formula 1. E também tinha um "segundo pai" na figura do Cesare Garibaldi, que o conheceu nos tempos da Scuderia Genoa, em 1984. Infelizmente, ele morre no inverno de 1989, e o Capelli sente-se um pouco perdido nos dois anos seguintes. Isso também ajudou na sua decadência.

Rafael Schelb disse...

A lembrança mais viva que eu tenho do Capelli na F1 é do GP de Mônaco de 1992, quando ele ficou pendurado no guard rail (me parece que é essa a cena da 3ª foto). Eu tinha 8 anos de idade, mas nunca mais me esqueci disso!

Jeferson Araújo Pereira disse...

A revelação mais impressionante do texto é que a AGS tinha apenas sete funcionários!

Paulo Moreira disse...

Suportar a pressão. esse é um dos requisitos fundamentais para ser um vencedor.

O Ivan Capelli prometia muito, principalmente das boas corridas que fez em 1988, 89 e 90.

Abraço

visitem: https://estrelasf1.blogspot.com/

Gustavo Siqueira disse...

Corrari, você tem opinião do porquê a Ferrari aparentemente não demonstra interesse em "desenvolver" um piloto italiano para ser campeão pela Ferrari? Os últimos que correram por lá foram Badoer e Fisichella em 2009, e olha que só pra substituir o Massa. Alguns italianos passaram pela Academia Ferrari nos últimos anos, mas parece não ter havido um projeto específico para torná-los titulares/ídolos...

Humberto Corradi disse...

Gustavo Siqueira

Realmente não há a ambição de ter um piloto italiano campeão. O que importa é a Ferrari. Independente do piloto que a conduza a vitória.

A Scuderia Italiana preza sim por seus campeões. E os valoriza. Vide Kimi.

Mas não faz questão de nacionalidade. O que importa é enxergar no piloto alguém que possa conduzir o time para as vitórias.

Valeu