segunda-feira, 3 de março de 2014

Jules Goux





























Tudo começou no início do século passado.

As corridas de automóvel ganhavam um destaque cada vez maior.

E a coisa virou febre quando o milionário dono do jornal New York Herald decidiu
promover uma prova especial.

A Gordon Bennet Cup trouxe a rivalidade entre os clubes de automóveis dos países
europeus.

Foi assim que as cores de corridas nacionais surgiram.

Branco para a Alemanha.

Vermelho para a Itália.

Azul para a França.

E o verde adotado pelos britânicos.

Quando assistiu uma dessas provas, o jovem Jules Goux foi tomado pelo vírus
da velocidade.

Esse engenheiro francês da Peugeot resolveu então se aventurar nas pistas.

Foi ganhando experiência e logo se deu bem.

Talentoso, faturou em 1908 a Copa da Catalunha em Sitges.

O feito chamou a atenção da empresa onde trabalhava.

Logo Goux entrou na equipe da Peugeot e se tornou piloto oficial da marca francesa.

Com o apoio as vitórias foram se sucedendo.

Coppa Florio na Itália.

O bicampeonato em Sitges, Ostende na Bélgica, Dijon...

Quando venceu em Le Mans a Peugeot decidiu que era hora de mandar seu time
atravessar o Atlântico.

Assim, em 1913, Jules e seus companheiros foram fazer história em Indianápolis.

Foi então que na terceira edição das 500 milhas Jules Goux se tornou o primeiro 
estrangeiro a vencer a lendária corrida americana.

Não só isso.

Ganhou com a maior diferença da história.

13 minutos e 8 segundos.

Boquiabertos, os americanos viram o piloto francês a cada parada durante a prova
saborear um pouco de Champagne.

Perguntado sobre isso, Goux respondeu de forma espirituosa aos jornalistas.

"Sem o bom vinho, eu não conseguiria terminar."

No ano seguinte a nefasta Primeira Guerra Mundial interrompeu sua trajetória
vitoriosa.

Seu último grande feito foi a conquista do primeiro GP da Itália, em Bréscia.

Goux faleceu em 1965.

Vítima de uma alergia.

Estava em casa.

Em Sochaux.

Tranquilo.

Seguro.

Pois estava perto das fronteiras da fábrica da Peugeot.

5 comentários:

Paulo Abreu disse...

Jules Goux foi um dos melhores pilotos de antes da Primeira Guerra Mundial, ao lado de Felice Nazzaro e Vincnzo Lancia que foram outros dois grandes mestres daqueles tempos.
Sobre a Taça Gordon Bennett, fiz um especial sobre essas provas no final de 2010 e as reescrevi no início deste ano. Segue o link: http://voltarpida.blogspot.com.br/search/label/Ta%C3%A7a%20Gordon%20Bennett

Ron Groo disse...

Não conhecia...
Mas estes carros não parecem tratores?

Anônimo disse...

Interessante a presença do mecânico sempre ao lado do piloto.

Robison Filippi

Anônimo disse...

Corradi,

bancando o "chato de plantão", dei uma pesquisada nos resultados de Jules Goux, e...

Em 1908, A 'Copa Catalunya', no Circuit Stiges, foi vencida por Giosué Guippone, a bordo de um 'Lion-Peugeot' (mesmo carro que Jules Goux usou no início de sua carreira).

A primeira vitória de Goux veio em 26 de abril de 1909, na 'Corsa Vetturette Madonie', no 'Circuito Madonie'. Aí sim, ele venceu, em 20 de maio, a 'Copa Catalunya', no 'Circuit Stiges'. Em ambas as provas, Jules Goux pilotou um Lion-Peugeot.

No ano seguinte, 1910, veio o 'bi' na 'Copa da Catalunya' (29 de maio), no Circuit Stiges. E, em 9 de outubro, venceu a 'Coupe de Normandie', em Caen... sempre num Lion-Peugeot...

Em 1911, venceu a 'Coupe d'Ostende' (em 3 de setembro ou novembro? Há muito pouca informação sobre essa prova...), também a bordo de um Lion-Peugeot, e quase mais nada...

Para 1912, foi contratado pela rival e quase homônima Peugeot. Venceu a 'Coupe de la Sarthe', no Circuit Le Mans (9 de setembro) pilotando um Peugeot L-76.

Em 1913, venceu a '500 Milhas de Indianapolis', em 30 de maio, num Peugeot EX3(?)

Contei entre 1906 e 1914, 22 grandes prêmios, sendo 7 vitórias, 4 segundos lugares, 4 terceiros e 3 quartos. Apenas 3 abandonos e 1 desqualificação (por ter reabastecido seu carro fora do pitlane).

Realmente uma bela carreira... e que foi retomada após a Primeira Guerra, mas com brilho menor...


um abraço,
Renato Breder

fernando disse...

esses pilotos, os primeiros vencedores da história do automobilismo, realizavam performances incríveis - as corridas duravam muitas horas, a quilometragem era muito maior do que a que foi adotada na F1 oficial, nos anos 50, até chegar aos 300 kms de distância (nos anos 70 e até hoje). também por causa da grande distância da prova havia a necessidade de levar o mecânico junto, embora eu acredite isso venha do formato inicial das corridas na Europa, não em circuitos fechados mas em estradas públicas de uma cidade a outra; isso era tão perigoso, havia tantos acidentes que acabou proibido (a tristemente famosa Paris-Madrid de 1906, que de tantas mortes acabou cancelada no meio do percurso, dentre estas a de Marcel Renault, genial piloto-construtor) e se passou a utilizar circuitos fechados - ainda baseados em estradas públicas, mas que eram interditadas.
já Sitges por exemplo, foi um dos primeiros circuitos construídos especialmente para abrigar corridas de carros.