quarta-feira, 6 de novembro de 2013

O Caminho É Difícil!

























Interessante como a presença de pilotos brasileiros na Fórmula 1 mexe com a
turma que acompanha o esporte pela Rede Globo.

A torcida existe e é enorme.

Bastou a notícia que Felipe Nasr deverá estar na Williams que todas as esperanças
de ver um piloto daqui brilhando num futuro próximo se renovaram.

É isso?

Acho que não.

Torci muito por Nelson Piquet, Ayrton Senna e Rubens Barrichello.

Hoje, eu admiro a Fórmula 1 como um todo.

Sua história, seus pilotos, equipes...

Não me deixo levar mais por aquele sentimento verde-amarelo.

Assim, quando vejo alguns exaltando que Felipe Massa na Williams vai ser isso
e aquilo e que o Nasr será campeão mundial da categoria, palavras inclusive de
um renomado comentarista, fico incomodado.

Por que?

Porque a realidade é outra.

Com muitas dificuldades.

E não é exclusividade dos brasileiros.

A Fórmula 1 possui 11 equipes atualmente em seu grid de largada.

Neste cenário, com 99% de probabilidade de acerto, o campeão ou os campeões
das próximas três temporadas sairá do quarteto formado por Red Bull, Mercedes,
Ferrari ou McLaren.

Os motivos são fáceis de serem entendidos.

Nesses times não costuma faltar dinheiro, boa estrutura e material técnico humano
para que os melhores carros sejam criados.

Mais.

Na Nova Era Turbo, que se inicia no ano que vem, os motores também serão de
extrema importância.

E as escuderias citadas são as principais para as fornecedoras, colocando aí a Honda 
como parceira de Woking a partir de 2015.

Pois bem, se um piloto não estiver ligado de uma forma ou de outra a uma dessas equipes
como poderá sonhar ser campeão?

Caímos dessa forma no problema das oportunidades.

Não apenas de estar na Fórmula 1, que por si só já é um feito, mas também de ter
condições para poder brigar continuamente por vitórias e, por consequência, pelo
título.

Repare no "continuamente".

A constância é que diferencia uma equipe grande de uma pequena.

A Mercedes parece fechada e estabilizada com a boa dupla formada por Lewis
Hamilton e Nico Rosberg.

Com algumas aquisições feitas neste ano, parece ter conseguido fechar brechas em
seu corpo técnico e a tendência é vir fortíssima no ano que vem.

A Ferrari seguiu uma receita semelhante.

Fez contratações pontuais como a do projetista James Allison (Lotus) e trouxe
de volta Rory Byrne para supervisionar o carro que poderá reacender a chama
das glórias para a Scuderia Italiana.

Além disso reatou com Kimi Raikkonen.

A mensagem é clara: quer títulos.

Tanto de pilotos, com Fernando Alonso, como o do Mundial de Construtores
para que a plaquinha com o feito volte a fazer parte dos carros de rua fabricados
em Maranello.

A Red Bull continua com Sebastian Vettel e Adrian Newey. Uma linha basta.

A McLaren vai passar um ano aguardando a chegada dos japoneses.

Nesse período inerte, Jenson Button e Sergio Perez são suficientes.

Então onde estão as possibilidades para os novos pilotos?

Como enfrentar Hamilton, Vettel e Alonso?

Difícil.

Repare que são três pilotos para quatro grandes equipes, o que acaba gerando
atrito entre elas.

Mercedes tirou Hamilton da McLaren, que por sua vez busca contar com Alonso,
Ferrari quer quebrar o vínculo de Vettel com a Red Bull e assim por diante.

Como encaixar uma nova promessa nesse carrossel?

Primeiro que não adianta nada chegar lá e se portar de forma submissa.

O piloto pode até construir uma carreira, ser mais um com números elevados de
participações, porém essa não é a escolha dos vitoriosos.

Se o objetivo for participar é só seguir os passos de Rubens Barrichello. Sem
desmerecer suas opções. Cada um sabe da sua vida.

Também não vale fazer loucuras, pois ninguém levará um cara desse muito a sério.

Não tem mistério. Óbvio que é preciso ser extremamente talentoso para poder se
destacar em meio a essa boa safra de motoristas.

Segundo, dedicação e trabalho duro. É preciso persistir.

Veja o exemplo de Nico Rosberg.

O filho de Keke passou por um duro aprendizado ao lado de Michael Schumacher.

Agora luta contra Hamilton.

Só pedreira.

Lewis é de uma qualidade espetacular, incrível como faz tudo parecer fácil.

Para enfrentá-lo Nico se desdobra na regularidade e não desanima.

Que piloto, candidato a estrela, suportaria tudo isso?

Frente as mesmas dificuldades outros não se deram bem.

Lembrando que Massa não passou de um escudeiro no final da carreira de
Schumacher na Ferrari e que o sangue de Fernando Alonso ferveu com as
performances de Hamilton no ano em que estiveram sob o mesmo teto.

Situações que Rosberg passou e vem passando com dignidade.

Mesmo assim a maioria ainda o subestima.

Isso sem entrar no caso de Nico Hulkenberg, desprezado por Ferrari e McLaren.

McLaren que talvez acabou se tornando a melhor opção para quem procura uma
porta aberta entre as melhores escuderias.

Sem confiar em Jenson Button e Sergio Perez para um contrato mais longo a equipe
trabalha com a possibilidade de Fernando Alonso assumir o lugar principal.

Cenário descrito ano passado aqui no Blog. Clique aqui para lembrar.

A oportunidade deverá cair no colo de Kevin Magnussen, um excelente piloto.

Estranho que o menino deixou de lado os testes da GP2. A McLaren deve estar
cuidando de seu futuro. Talvez um encaixe numa equipe menor.

Depois de tudo isso, de tantas dificuldades descritas para chegar ao topo, como
ficar otimista com um piloto como Felipe Nars? Qual trajetória seguiria? Estaria
preparado para escalar tantas montanhas?

Perguntas que somente ele poderá responder.

No entanto não se engane.

Sempre haverá espaço para os melhores. Não falo dos comuns ou simpáticos
falsos mitos, mas daqueles realmente acima da média.

Que, como malabaristas, equilibram talento, dedicação e força de vontade de
maneira perfeita

São os excelentes. Aqueles que, apesar das dificuldades, conseguem alcançar o
topo e brilhar no circo da Fórmula 1.

















10 comentários:

Anônimo disse...

Excelente texto!

Vejo boas qualidades em Felipe Nasr, tipo: sua determinação e regularidade, além da impressão de que sabe onde quer chegar.
Mas, por hora, sendo tão somente isso.

De qualquer forma, nunca é demais desejar-lhe boa sorte e vida longa e próspera na F1. Sendo brasileiro, ou não.

Anônimo disse...

Oba-oba verde amarelo eu deixo para os "teleguiados" do grosseiro Galvão e sua patética emissora...

Felipe Nars ficou devendo o título na GP2(por melhor que seja o piloto ele sempre vai ter que provar algo mais). Se Felipe conseguir o título da GP2, volta com mais moral, é um passo a mais para vaga de titular na Formula 1. Piloto reserva é igual a vice na política, só assume se o titular faltar. Testar pela Williams é um pequeno passo, mas é melhor que nada. Nico Hülkenberg e Valtteri Bottas com vários títulos em categorias de base estão sofrendo pra se firmar no mundial, imagina chegar lá com poucos títulos. Só fica na F-1 até a grana acabar...

Nico Hülkenberg
2005 - Campeão da Formula BMW ADAC
2006 - Campeão da A1 Grand Prix
2007 - Campeão da A1 Grand Prix
2007 - Vencedor do Masters of Formula 3
2008 - Campeão da Formula 3 Euro Series
2009 - Campeão da GP2 Series
http://en.wikipedia.org/wiki/Nico_H%C3%BClkenberg

Valtteri Bottas
2008 - Campeão da Formula Renault 2.0 Eurocup
2008 - Campeão da Formula Renault 2.0 NEC
2009 - Vencedor do Masters of Formula 3
2010 - Vencedor do Masters of Formula 3
2011 - Campeão da GP3 Series
http://en.wikipedia.org/wiki/Valtteri_Bottas

Felipe Nasr
2009 - Campeão da Formula BMW Europe
2011 - Campeão da British Formula Three
http://en.wikipedia.org/wiki/Felipe_Nasr

Pelo que mostraram nas categorias de base, Hülkenberg e Bottas estão longe de ser pilotos "pagantes"...

Felipe foi convidado para integrar o programa de desenvolvimento de jovens pilotos da Red Bull, mas preferiu entregar a carreira nas mãos do inglês Steve Robertson, ainda em 2009, quando corria na F-BMW. O empresário, que não teve muito sucesso como piloto de automobilismo, tem uma carreira de destaque como agente. Foi ele quem guiou Jenson Button à elite e quem cuida de Kimi Raikkonen.

Pelo menos Banco do Brasil e SKY estão garantidos como apoiadores da carreira de Nasr, cerca de dez milhões de euros prontos para investir num lugar na F-1. Se Felipe não conseguir mais títulos, vai ter que arrumar mais patrocinadores, dez milhões de euros só garante vaga e time pequeno. Nars precisaria de um forte "cartucho" como Nicolas Todt...tá complicado!

Já tinha avisado, quando um país passa a ter pilotos "pagantes" como Bruno Senna e Luiz Razia, pode ter certeza, esta tudo acabado!!! Felipe Nars estar indo pelo mesmo caminho, é mais um que vai ter que pagar pra arrumar vaga no mundial.

Marcelo

Anônimo disse...

Ri muito aqui com o estilo do piloto da ponta direita, na primeira foto. Tá mais pra surfista...kk

Rafael Vieira disse...

Boa analise do Marcelo, mas vale lembrar que a categoria de base no Brasil não existe, ele teve que começar por caminhos tortuosos e cedo fora daqui, diferente dos outro europeus que nesse sentido a vida fica mais fácil.

Na verdade eu só vejo a salvação para algum piloto brasileiro quando a Globo e empresas brasileiras entrarem de verdade na brincadeira, colocando um patrocínio master e puxando a vaga para um Brazuca, algo feito para nossos amigos mexicanos, mas para time grande, não fim de pelotão. Uma oportunidade ótima estava sendo a Lotus, mas a Quantum pegou a vez e quer o piloto que eles acreditam ser competente lá.

Anônimo disse...

Legal, mas veja que Alonso foi contratado pra ser primeiro piloto, e do nada viu companheiro com mais mimos que o espanhol. Ron Dennis quis fazer do espanhol mais um 'wesley graves' e o Alonso também não é facil. Ross Brawn deixou bem claro no inicio do ano quem era primeiro piloto na Mercedes...

Marques disse...

Excelente texto Corradi. As coisas são assim mesmo.

Anônimo disse...

Falou TUDO corradi!

Abraço!

Mauro Santana
Curitiba-Pr

Paulo Heidenreich Jr disse...

Penso assim também Corradi e digo mais: aqui no Brasil nós queremos tudo pra ontem, vivendo num imediatismo sem tamanho. Nós não sabemos lidar muito bem com a queda. Por causa disso, o rubinho, por pressão de assumir o lugar deixado pelo Senna e Piquet, aceitou ir para a primeira grande equipe que apareceu, sabendo que seria uma capacho, mas que na cabeça dele, era a chance de ter um carro para ser campeão, não foi.

Felipe massa é um piloto regular, nada de extraordinário. Ganhou uma chance dada pela Ferrari e quase foi campeão, não foi e não será mais, a não ser que um milagre, tipo o do Ross Brown em 2009, aconteça de novo.

Acho cedo para falar do Felipe Nasr, mas não consigo vê-lo campeão, como deveria ter sido nesse ano na GP2, pra mostrar a todos o seu cartão de visita.

Fora isso estamos mal, não temos quase ninguém nas categorias de base, o automobilismo do país está jogado as traças, desorganizado, desacreditado por quem comanda. Se não houver uma mudança de mentalidade de quem comanda, aproveitando melhor a boa vontade dos patrocinadores que ainda acreditam no nosso mercado, vai ser difícil ter que aceitar que o nosso país, que tantas glórias no automobilismo comemorou, vai ficar na amargura nos próximos anos.

Ron Groo disse...

Sei não.
Amo a Williams, mas tirando o Piquet, nenhum brasileiro se deu bem por lá.
Senna que o diga. (ou não)

Anônimo disse...

Curto e grosso:
Esse Nasr vai ser "só mais um". . .
Aliás sua temporada na GP2 foi o ó do borogodó.
E nas entrevistas para a "Grobo", era aquela cara-de-bunda e a mesma ladainha de sempre. . .
Em resumo. . .
Patético o Brasil de ontem haver sido reduzido a isso (pilotos pagantes e/ou de teste)!
Falasério!

Zé Maria