segunda-feira, 6 de março de 2017

Piero Taruffi























Piero Taruffi era Romano.

A maioria dos que nasceram na antiga capital do mundo gostam de ser reconhecidos
assim.

A família não sofria com problemas financeiros.

Por isso o jovem conseguiu estudar em ótimas escolas.

Sempre se destacou como atleta no meio de seus amigos.

Entre outras coisas, dizem, era um ótimo tenista.

Quando estava cursando o doutorado em engenharia industrial descobriu
as pistas de corrida.

Primeiro sobre duas rodas.

Na louca década de 20.

Se tornou campeão nacional das 500cc.

Com apenas 22 anos de idade.

Nessa época já estava envolvido em algumas disputas de automóveis também.

Na década seguinte se dedicou a quebrar recordes de velocidade.

Usando inclusive seus conhecimentos para construir seus próprios bólidos.

É sempre importante estudar.

Quando dirigiu pela Bugatti, na lendária Mille Miglia, logo despertou o interesse
de Enzo Ferrari.

O fundador tinha bons olhos para escolher seus cordeiros.

Assim Piero pilotou por um tempo pela Scuderia Italiana.

Taruffi continuava a dividir seu tempo entre carros e motos.

E ainda achava brechas para competir em campeonatos de esqui.

De verdade.

Falo de Olimpíadas.

O Commendatore não suportava essa divisão.

A dedicação deveria ser exclusiva.

Sempre.

Por isso o piloto acabou se mudando para a Maserati.

Nesse período ele obteve vários resultados expressivos em provas conhecidas.

24 horas de Spa-Francorchamps, Coppa Ascoli, Coppa Acerbo...

Após a Segunda Guerra Mundial, Taruffi voltou a atividade na Fórmula 2 italiana.

Vieram as pazes.

Graças a suas seguidas vitórias recebeu novamente o convite da Ferrari.

No entanto sua estréia na Fórmula 1 se deu a bordo de uma Alfa-Romeo em 1950.

Já no ano seguinte, aí sim na equipe Maranello, ele teve a oportunidade de participar
praticamente de toda a temporada.

O Silver Fox (apelidado assim devido ao seus cabelos grisalhos) terminou em 6° na
classificação final.

Em 1952 aconteceu sua única vitória na categoria.

Justamente no GP da Suíça.

Que abria o campeonato daquele ano.

Apesar do excelente começo, terminou a temporada na terceira posição.

Ao todo foram 18 participações na categoria máxima do automobilismo.

Fora da Fórmula 1 o piloto romano continuou a faturar muitas vitórias significativas.

Volta da Sicília, Targa Florio e a Mille Miglia, a última no formato de competição.

De 1957.

A fatídica prova onde ocorreu o acidente de Alfonso de Portago.

Clique aqui.

O acontecimento destruiu Taruffi por dentro.

Tanto que prometeu a esposa que nunca mais iria correr novamente.

Ali morreu o piloto.

O homem se foi muito tempo depois, em 1988, com 82 anos.

Não devia ser fácil ver seus companheiros perderem a vida.

Talvez por isso Taruffi sempre esteve a frente de seu tempo quando nem se
falava em segurança.

Ele foi um dos pioneiros no uso de cintos e de capacetes rígidos.

Com essa preocupação conseguiu chegar até a velhice e acompanhou toda a
evolução do automobilismo.

E viu como a coisa se tornou um negócio gigantesco nas mãos de um ex-piloto
que brigou com ele por posições nas pistas da Inglaterra.

Sem o mesmo talento que Taruffi, é preciso dizer.

Mas que no final acabou sendo o grande vencedor desse jogo.

Um tal de Bernie Ecclestone.

4 comentários:

Ituano Voador disse...

Taruffi, um dos grandes nomes do pós-guerra, além de bom engenheiro. Tenho seu livro sobre técnicas de pilotagem, muito bom também (inclusive Jackie Stewart o menciona naquele documentário em Mônaco, filmado pelo Polanski).
Só um pequeno adendo, Corradi: Taruffi já tinha prometido que se vencesse a Mille Miglia abandonaria as pistas, e foi com esse argumento que Enzo Ferrari o convenceu a corrê-la com um carro seu em 57, pois a chance de vitória seria muito boa e ele poderia cumprir a promessa naquele ano mesmo, pois já estava com 50 anos.
Abs

Rui Amaral Jr disse...

Taruffi foi um gentleman, depois da vitória em Bremgarten encontrou um Ciccio em toda sua plena forma e praticamente imbatível nas pistas!
Expedito-Marazzi- baseou todo seu curso de pilotagem nos ensinamentos dele.
Um grande piloto!

Anônimo disse...

Em 1952, Alberto Ascari não participou da primeira etapa do Mundial, em Bremgarten, no dia 18 de maio. Ele estava nos EUA, no mês de preparação para as 500 Milhas de Indianápolis.

Pela performance de Ascari naquele ano, excetuando-se Indianapolis, acredito que se ele estivesse na Suiça, teria vencido também aquele GP...

Na Formula 1, depois da Ferrari, Piero Taruffi ainda disputou 2 GPs pela poderosa Mercedes (Grã-Bretanha e Itália, ambos em 1955), 1 pela Maserati (França, 1956) e 1 pela Vanwall (Itália, 1956). Resultados apenas pela Mercedes: 4o em Aintree e 2o em Monza. Nos outros 2 GPs, abandonos.


um abraço,
Renato Breder

RenatoS. disse...

Cliquei no link que indicou e li a outra história, relacionada a este texto...Confesso que senti um grande nó da garganta.

Belas histórias! Parabéns Corradi.